sexta-feira, 12 de agosto de 2005

Os elementais

No universo dos quadrinhos de heróis há uma grande gama de tipos: os justiceiros (Batman é o mais famoso desta classe); os alienígenas (Superman); os mutantes (X-man); os mitológicos (Thor); os místicos (John Constantine) e etc. Muitas vezes estas classes se mesclam em uma única personagem.
Uma classe não muito explorada é a dos chamados elementais. Estes seriam personagens que personificam os elementos da natureza e a eles controlam. Como exemplos poderíamos citar Ororo Tempestade dos X-man e Monstro do Pântano, de cujas histórias retirei esta denominação de elemental. São sempre, nos quadrinhos, seres extremamente poderosos e, no mais das vezes, torturados justamente por este excesso de poder, que os afasta dos humanos, como a deuses de seus devotos.
Mas algo que foi pouco explorado é o de que hoje, no ano da graça de 2005, somos todos parte de uma grande entidade elemental, a raça humana. Estamos manipulando a natureza em ritmo de cataclismo e colherá as conseqüências, boas e ruins.
Para todos os lados que se olham há sinais da mão humana. Há na mudança de características fenotípicas de espécies animais, como relata a revista Veja desta semana ou em características geográficas como na seguinte reportagem da Folha Online, no link a seguir: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u13576.shtml .
O certo é que não há como negar o chamado Efeito Borboleta.
Esta denominação, retirada de um conto de ficção científica de H. G. Wells - se não me engano -, significaria que qualquer ato, por mais insignificante que pareça, tem repercussões que podem vir a ser desastrosas.
Dito todo este prelúdio, onde quero chegar?
Bem, talvez a abordagem dos preservacionistas não seja a mais adequada. As espécies (animais, vegetais ou quais mais houverem) se modificam continuamente e a sua capacidade de se adaptar é diretamente proporcional a velocidade com que se reproduz.
Portanto pretender manter os habitats intocadas é verdadeiramente antinatural. Espécies morrem e nascem todos os dias. Não há como manter redomas entre estas espécies, seus habitats e o mundo habitado pelos humanos.
A força das espécies consiste em conseguir se adaptar aos desastres e cataclismos naturais. O homem (como espécie) é um cataclismo que está se desenhando nos últimos milhares de anos e não há como reverter o que já fizemos.
É verdade que simplesmente devastar áreas sem pensar nas conseqüências é uma atitude burra, mas tentar mantê-las intocadas não é a contrapartida inteligente.
A proibição de acesso e exploração econômica de uma área muitas vezes faz com que o processo de degradação se acelere
Talvez alguma espécie de primata pereça, ou talvez um belo pássaro canoro. Não serão os primeiros pecados humanos e não serão os últimos.
Pode parecer fatalismo – eu chamo de realismo – mas a maioria das espécies ameaçadas de extinção está fadada a isto. Não será salvando uma pequena faixa de terra que as salvaremos.
Serão no máximo fantasmas confinados em imensos zoológicos.
A chave agora é mais tentar salvar o conjunto, mesmo que empobrecido, mudando nossa forma de inserção no meio.
Acredito sinceramente que estamos chegando ao ponto de inflexão e nossa capacidade de não lesar o meio-ambiente vai crescer exponencialmente a partir de agora.
Espero estar correto.

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