No artigo anterior escrevi que o Brasil está longe de uma crise de custos de energia. Neste tentarei esclarecer os motivos que me fazem pensar desta forma.
O primeiro é relativo aos custos provenientes do transporte. Há muito somos auto-suficientes em gasolina (exportadores na realidade) e nossos preços só seguem os internacionais por motivações políticas. O governo anterior atrelou os preços da Petrobrás àqueles para que houvesse incentivo a que empresas estrangeiras entrassem no mercado de refino e prospecção sem medo do competidor nacional, monopolista de direito à época e de fato hoje.
No diesel somos ainda dependentes das importações, mas projetos de utilização de biomassa e aumento da capacidade de refino do petróleo pesado nacional. O projeto do biodiesel está envolto nas amarras populistas dos moldes em que foi planejado, porém continua muito promissor se for encarado como um mecanismo de controle de preços das oleaginosas nacionais, uma forma de diminuir e aumentar o valor da produção sem espetar a conta no contribuinte.
Na parte de geração elétrica o processo de encarecimento parece ser um pouco mais inexorável, mas não o é. A geração ainda é majoritariamente estatal e hídrica e os custos são muito menores do que os das usinas térmicas.
O preço de venda da energia gerada pelas estatais é mantido artificialmente elevado para aumentar a competitividade de usinas privadas, havendo subsídio destas últimas.
Apreende-se disto que da mesma maneira que há uma determinação política para se manter os preços abertos a competição pode ocorrer um controle maior da variação de preços do mercado - em um ato que não defendo, porém que não duvido que a maioria dos governos se prontificaria a apoiar (e como a Petrobrás está efetivamente fazendo agora com relação aos preços da gasolina).
Há também a ação individual dos consumidores. A experiência da crise energética (de oferta) do início da década mostrou o quanto se desperdício existe no consumo de energia no país.
Aumentos acentuados de tarifa seriam um grande incentivo à economia energética e a adoção de novas tecnologias que mudem a matriz energética.
Os grandes consumidores já estão por lei livres para negociar caso a caso, e conseguem descontos expressivos, enquanto os médios e pequenos ainda estão atrelados às tarifas impostas via Anel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Porém no consumo residencial ainda a muito a ser feito para conter os custos de energia. Cerca de 50% do uso de eletricidade é para controle térmico, com maior uso da refrigeração ou do aquecimento dependendo da região do país em que se encontra. Para ambas as alternativas existem possibilidades de se usar a tecnologia solar para diminuir ou zerar a utilização de energia elétrica.
Para o aquecimento já há tecnologia consagrada e barata, e outras ainda mais eficientes estão sendo testadas.
No caso do resfriamento existem tecnologias muito promissoras, apesar de ainda não estarem em comercialização.
Nos dois casos a utilização em larga escala é barrada pela necessidade de se investir uma soma inicial relativamente alta em comparação com as feitas para a tecnologia elétrica, mas que é diluída pelo baixo custo operacional e pela longevidade das soluções "alternativas".
Vale ressaltar também, como já fiz no artigo anterior, a possibilidade de se utilizar as energias eólicas e solar para a conversão em elétrica como uma forma de se ter margem de segurança nos mesmos moldes do que já é feito com as usinas térmicas.
Para um país como para um indivíduo, quanto mais variadas as formas de "nutrição" maior a segurança à qual ele está sujeito. É isto que devemos buscar no campo energético.
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