terça-feira, 25 de abril de 2006

Ou sou burro ou estou errado

Dizia o famoso dramaturgo que toda a unanimidade é burra. Digo eu mesmo que a administração petista é burra.
Estou em uma encruzilhada, talvez até um entroncamento, no qual só perco. Não sei se sou burro, estou errado ou os dois.
O tema é o câmbio, sempre ele.
Mais e mais, os analistas econômicos estão nos alertando que a taxa está distorcida, são unânimes nisto.
Eu e administração petista achamos que não; se é de livre flutuação, que flutue livremente.
Se mudar de lado, passarei ao da unanimidade, burrice. Se continuar do lado, permanecerei do lado da incompetência, erro, e, persistindo, burrice.
Eu tenho dificuldade de assumir-me burro, como todo o restante da humanidade, e passarei a ficar em cima do muro, do jeito que cabe a um bom tucano que me acusam de ser.
Só pedirei que alguém me explique ou, melhor, me convença da sobrevalorização do Real.
É claro que não aceitarei que uma câmara setorial qualquer, amparada na, digamos, cadeia de produção da bolinha de gude, diga que deveríamos ter um câmbio por volta dos sete reais por dólar para que possamos ter uma indústria competitiva. Para cada caso específico altista haverá outro que suporta mais desvalorização.
O câmbio é sistêmico e deve-se levar em conta a balança de pagamentos quando se está as voltas com o livre mercado.
Note-se que há tempos a balança de pagamentos está azulada, apesar de intervenções maciças do governo tentando mandar dólares para o exterior através da antecipação da quitação de dúvidas, mas isso é só um detalhe para sábios de plantão.
Apontar a perda de competitividade de setores inteiros neófitos em exportação como uma prova inquestionável é o que se pode chamar de auto-engano. Este setores não estão deixando de ser competitivos, apenas estão voltando ao normal depois do “doping” causado pelo repique cambial da crise de (des)confiança no petismo-lulismo.
Competitividade sustentável ganha-se resolvendo os problemas internos como infra-estrutura deficiente, leis anacrônicas e mão-de-obra desqualificada; a muleta do câmbio é apenas exploração disfarçada do trabalhador.
Bem; quem viver verá se sou burro, estou errado ou os dois. Como tive a chance a chance de viver no Brasil desde o advento do plano Real, vi os que advogavam o câmbio livre se converterem nos pregadores da intervenção.
Já que acham que o câmbio está distorcido que alguém intervenha nele, e rápido. Esta é a visão dos livre-mercadistas à brasileira.

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