Já respondi ao comentário do leitor, mas como minha opinião parece não ter ficado clara no texto, tentarei aqui elucidar alguns pontos.
Em nenhum momento tentei afirmar que há algo errado em se exportar. Muito pelo contrário, acho que todo comércio consensual é glorioso; quase tanto quanto enriquecer – não é mestre Deng?
Disse sim que acredito que a importação tende a favorecer mais à população enquanto as exportações às classes dirigentes.
Como ponto de defesa da minha tese, peço que se comparem os índices de exportação e os índices de Gini dos diversos países do mundo. Desconfio que haverá uma importante correlação positiva entre os dois; mas é apenas uma desconfiança, nunca fiz a comparação.
Também peço que se examine a história das relações comerciais e verifique se as regiões que mais se desenvolveram foram as tomadoras líquidas de recursos ou as que cederam estes recursos. Também desconfio que haverá forte correlação entre os níveis altos de superávit comerciais e subdesenvolvimento econômico.
Portanto quero que se extraia do texto a idéia de que não há porque se endeusar a balança comercial positiva e se satanizar a negativa. Quero crer que um fluxo comercial tem duas vias e que este deve ser equilibrado ou, no mínimo, que não forcem desequilíbrios por práticas de comércio desleal (dumping, manipulação cambial, venda casada, etc).
Não quero que imaginem com isso que sou contrário à empresa nacional ou aos produtos destas – já fui inclusive acusado de nacionalista bocó pelas minhas posições em defesa destas -, só não quero que uma parcela grande da população, eu inclusive, arque com os incentivos para a incorporação de vantagens aos exportadores alem das que as demais empresas e indivíduos da população em geral têm; não é mais patriótico vender para um estrangeiro do que o é vender para um local.
Os incentivos à produção não podem ser destinados a uma determinada parcela de empresas escolhidas a dedo. É legitimo incentivar setores estratégicos da economia, mas a escolhe destes deve levar em conta mais do que se eles trazem ou não divisas para o país. Mesmo porque neste exato momento o Brasil está com excesso de moeda forte.
Se um determinado incentivo não-específico fortalecer as empresas locais e possibilitar que estas se tornem exportadoras, tanto melhor. Todos saem ganhando; a empresa pelo aumento de mercados e os consumidores locais e estrangeiros por ter acesso a um produto de qualidade internacional.
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