quinta-feira, 14 de maio de 2009

Economia do Kindle DX


Pensemos um pouco; como é possível, em uma sociedade cada vez mais letrada e na qual a informação é essencial, os jornais estarem passando por uma crise financeira nunca vista?
A resposta está na inadequação da mídia à proposta do veículo, ser um meio de informação.
Há muito, os jornais deixaram de ser fonte primária de informação. Eles são utilizados, atualmente, como passatempo dos anciãos e como suporte de colunistas opinativos. Ao grande público, todas as notícias "frescas" chegam por meios eletrônicos.
Neste cenário, não é de admirar-se que as receitas estejam declinando e o número de assinantes, cadentes. A maioria dos jovens não conseguem encontrar valor nos jornais.
É aí que entra o Kindle DX, anunciado para o terceiro trimestre, que une as vantagens da velocidade de transmissão de informações da mídia eletrônica com a comodidade de leitura do papel eletrônico (explicação de como funciona, em inglês), em uma tela de 9,7 polegadas. Podendo agradar aos jovens e aos anciãos, no lado do consumidor.
Para os produtores de conteúdo, abrem-se uma enorme oportunidade. Jornais têm um monopólio natural, daí a pouco quantidade de empresas que cada localidade pode conter, devido ao gigantesco custo de entrada. O maquinário é investimentos pesadíssimo, e os lucros, quando vêm, demoram anos para chegar. E os custos de manutenção do parque fabril e da distribuição do produto final também são muito altos.
É visando se livrar desse último que três dos principais jornais dos Estados Unidos oferecerão, segundo Kenneth Li, do Financial Times (em reportagem reproduzida pelo Valor Econômico), com desconto, os leitores eletrônicos como parte da estratégia para ampliar as receitas digitais.
The New York Times, Boston Globe e The Washington Post utilizarão, em escala experimental, o Kindle DX em regiões onde a entrega em domicílio está indisponível. Podendo ampliar a base de clientes, sem ampliar os custos de distribuição na mesma proporção, pois ela é feita através das redes operadas pelas empresas de telecomunicações que já suprem de serviços a Amazon, distribuidora do aparelho.
Este pode ser o último sopro de esperança para os grandes grupos de mídia, hoje, baseados na impressão de tinta em papel. Se funcionar, beneficiará a muitos, se não, muitos outros blogs estarão concorrendo com o meu em um futuro não tão distante.
Veremos o que ocorrerá.

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