quinta-feira, 7 de maio de 2009

Golpe a caminho


“Estou me lixando para a opinião pública. Até porque parte da opinião pública não acredita no que vocês escrevem. Vocês batem, mas a gente se reelege".
Sérgio Moraes (PTB-RS)


Guardem a face deste homem aí de cima. Ele é o autor da frase em negrito, na qual diz que não liga a mínima para nós.
Não verdade, ninguém tem a obrigação de ligar para nossa opinião, a não ser nossos funcionários, como é o caso dele. Recebe muito bem, para fazer a nossa opinião ser transformada em leis e para impedir que o Executivo e o Judiciário cometam desmandos com os recursos públicos, nossos então.
E o pior é que o rapaz aí, contra quem pesam sérias acusações na Justiça, era o presidente do Conselho de Ética da Câmara até o ano passado. Continua membro do Conselho, e acha que o deputado do castelo não fez nada demais. Relatou pela inocência do homem.

Isso tudo, porém, é fichinha perto do que ocorrerá caso o novo golpe urdido pela cúpula partidária no Congresso conseguir o seu intento de aprovar a reforma política que eles pretendem.
Querem enfiar goela abaixo do eleitor o voto em lista fechada e financiamento público de campanha. Em outras palavras, congelar o status quo atual para a eternidade como a representação política dos brasileiros.

Se hoje, tendo que disputar o voto dos brasileiros, o "nobre" deputado, em cuja casa moças de família não deveriam passar nem perto, age com tal desprezo pela opinião pública, imaginem quando estiver blindado da disputa eleitoral, devendo buscar, apenas, um lugar favorável nas listas no interior de seu partido.

E os partidos não terão sequer o trabalho de buscar financiamento externo. Bastará que esperem os recursos públicos pingarem nas suas contas, com o detalhe de que a maior parte dos recursos será destinado aos que já são representados no Parlamento.

Se, agora, temos a voz rouca das ruas, caso esta estrovenga passe, não teremos nada. Farão o que bem entenderem sem prestar contas a ninguém. O que já está ruim, piorará muito.

E o pior é que eles não precisam se preocupar, afinal eles reelegem-se.

4 comentários:

felipe Bauru disse...

Só tenho uma dúvida
Se hoje o voto é partidário e o povo nem sabe disso (para quem não sabe ou está esquecido, nem sempre são os mais votados os eleitos e muitas vezes políticos com quantidades ínfimas de votos estão lá na camara), não seria melhor fazer isso de forma aberta com o voto em legenda????? Podendo acabar também com os suplentes ridículos.
Acredito que dessa forma obrigariamos as pessoas a pensar um pouco mais e não cometer barbaridades de por exemplo votar no lula para presidente e no ACM neto para deputado sem nem saber o que o partido dele defende e que ele irá votar contra tudo que o lula fizer (ou vice e versa) pois para quem também não sabe, as bancadas sempre votam juntas.
Isso seria uma forma de obrigar as pessoas a conhecer a ideologia dos partidos (se é que eles ainda tem alguma).

Gian disse...

Bem, Bauru, o sistema de votação hoje já é, de um certo modo, em lista, como você bem colocou, mas a diferença principal é que trata-se de uma lista aberta, na qual o eleitor pode influir.
Nada impede que alguém vote em legendas pelo sistema atual, que é, no meu modo de ver, obscuro pois não sabemos quais são todos os candidatos da lista. O ideal, então, é que seja jogada luz nesta obscuridade, não que se tire de vez a voz do eleitor no momento de decidir-se a ordem dos que ocuparão as vagas da legenda.
No voto em lista fechada, todos os candidatos chegariam à Câmara sem votos, sendo massa de manobra da cúpula partidária, ao contrário do que acontece hoje, em que todos, por menos votados que sejam, têm votos, mesmo os suplentes.
Já o caso do Senado é diferente, mas não há voto em lista, de qualquer forma, sendo uma eleição majoritária, quem tem mais votos, leva. Os suplentes sem voto, acredito que são 18 atualmente, são uma excrescência, mas não é necessário mudar tudo para resolver este problema.
O sistema hoje já nos obriga a pensar, quem não o faz, omite-se por desejo, preguiça ou qualquer outra razão. Mudando o sistema, só mudará a desculpa.

felipe Bauru disse...

Gian
Acredito que hoje fica muito dificil pensar. Nas campanhas não da mais para saber quem é socialista, liberal, centro etc... pois todos tem o discurso parecido e mesmo muito dos candidatos não sabem o que são (ideologicamente) e muitas vezes qual a função de um deputado, ja vi muitos falando como executivos. E acaba que muitas pessoas que votam no zézinho da esquina porque conhecem ele acabam elegendo um safado sem gostarem dele porque nem sonhavam com partido.
As listas fechadas dos partidos terão os nomes bem claros pra todo mundo ver. E ainda deve ser regulada com obrigação de prévias nos partidos regionais.
Acredito que dessa forma os partidos terão que se expor mais apresentando suas verdadeiras bandeiras e as pessoas podem chacar mais facilmente como cada bancada se posiciona na camara, independente de nomes individuais.
Candidatos sozinhos nada podem fazer, nem mesmo os executivos (por isso eu defendo o parlamentarismo).

Gian disse...

Temos visões diametralmente opostas sobre como ficariam as coisas com a lista fechada.
Você faz suposições de que, mudado o sistema, mudariam os eleitores. Não acredito nisso.
A lista completa dos candidatos de cada partido está nas zonas eleitorais, quando da eleição, e não é consultada. Nada indica que seria depois da mudança.
As prévias dentro do partido, que você está supondo que ocorreriam, estaria sujeita a todos as mazelas para impedir a renovação. Nada poderia impedir os chefes do partido de colocarem quem eles bem entenderem para disputar a eleição.
Repito o que disse no corpo do artigo. As mudanças planejadas congelariam o status quo político da forma como ele está hoje. Com todas as mazelas a que assistimos diariamente.
Quanto ao parlamentarismo, também sou favorável. Mas a maior parte dos brasileiros não é, não adianta chorarmos, temos que lidar com o sistema que temos, e melhorá-lo.