sexta-feira, 7 de julho de 2006

Tecnologia natimorta

Com a chegada às lojas dos primeiros títulos gravados em discos Blu-ray, começa uma sangrenta batalha para a definição do padrão que dominará a gravação comercial de audiovisual pelos próximos anos. O concorrente é o Hd-dvd.
Mas não importa quem saia vencedor, será uma vitória de Pirro. A tecnologia já nasce natimorta para o uso em grande escala, sobrará o seu uso para a gravação de documentos que precisam de grande confiabilidade e que devam ser menos sujeitos à fraude.
Com as melhorias em confiabilidade, custo e velocidade dos meios de transmissão de dados digitais e também dos de gravações domésticas (principalmente discos-rígidos de alto-desempenho) o resultado já está decidido a médio-prazo.
O consumidor comprará uma licença de uso e baixará do material quando quiser assisti-lo ou simplesmente o guardará em disco-rígido, como os usuários de tocadores de mp3 já fazem.
Serão pouquíssimos os que manterão espaço físico reservado para os numerosos discos, até mesmo pela falta de praticidade, e este deverão formar um nicho de mercado caro e exclusivo – como é o de colecionadores de LPs, por exemplo.
Até os maiores incentivadores do uso destas novas mídias de gravação acabarão por preferir a transmissão de dados digitais. Se no momento o Blu-ray e o Hd-dvd são as esperanças por parte dos estúdios de Hollywood e dos grandes distribuidores (Majors) de conter a pirataria, em pouco tempo serão também alvos desta.
A única forma que as Majors terão para diminuir a incidência de produtos piratas será através da fórmula que salvou a indústria de softwares: estreitamento do relacionamento com o cliente final, melhoria contínua do produto e campanhas de conscientização.
A estratégia da industria de informática teve resultados diferentes em contextos culturais variados, mas de um modo geral incentivou a venda das tais licenças mundo afora.
Caso sejam bem-sucedidas as grandes distribuidoras da indústria cinematográfica terão fortalecido seu negócio, com distribuição mais ampla e barata. Se não, serão mais outra lembrança saudosa nos museus do futuro.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gian,

Talvez a natimorta tecnologia tenha uma sobrevida.
Devemos lembrar que hoje estamos em um momento de mudançcas e que o MP3 só é viável devido ao aumento de banda de internet entre os consumidores e indústria para consumo destes produtos. A tal popularização do formato ocorreu em mais de 7 anos, quando as primeiras músicas levavam horas, senão dias, para serem baixadas.
Com o advento da TV digital uma programação de 2 horas ocupará aproximadamente o conteúdo de 6 a 10 DVDs tradicionais o que aumentará em muito o tempo de transmissão via internet. O problema neste caso talvez não seja o armazenamento pois já existem tecnologias prontas para solucionar a questão, seja disco rígido ou memória flash, como dizem os entusiastas. Hoje, para baixar 30 Gb de dados, tamanho de um HD-DVD ou Blue-Ray, com uma internet ultra veloz (eu tenho 4Mbits) levamos alguns dias. Talvez não queiramos esperar.

Gian disse...

Bem, Maurício.
Concordo com o que você disse a respeito de a tecnologia não estar madura para que a gravação ótica seja substituida já, mas acredito que a médio-prazo ela será praticamente descartada pelo grande público.
Porém sempre haverá que a prefira às demais, como hoje há quem prefira os bolachões e sua tecnologia puramente mecânica.