Hoje completam-se 50 anos de um golpe que transformou um tirano em símbolo do socialismo latino-americano e um louco em ícone da resistência popular ao capitalismo. Respectivamente, Fidel Castro e Esnesto "Che" Guevara.
O editorial do Estadão faz uma retrospectiva sobre o efeito do ato nesse meio século. Eu quero falar sobre algo mais prosaico. A aura que estas figuras ainda têm para a esquerda brasileira.
Há cerca de 5 anos, uma amiga voltou de Cuba, de uma viagem de férias, e falou-me entusiasmada de como eram mentirosas as afirmações de que não existe liberdade de imprensa na ilha, citando as pilhas de livros criticando Castro que havia visto nas livrarias que visitara. Com entusiasmo ainda maior, relatou o quão esperto era o ditador por ter criado duas moedas, uma para turistas e outras para os residentes.
Não tenho como contestar a primeira fala, já que nunca estive em Cuba, o que lamento. Quanto à esperteza das duas moedas, faz-me rir.
Só mesmo a esquerda que vê o povo como uma abstração pode achar que um Estado em que circulam moedas diferentes para as diversas classes de consumidor uma boa idéia (exercerei meu direito legal de usar este acento por algum tempo). Essa e outras medidas econômicas do ditadura cubana só servem para transformar uma outrora próspera, mas desigual, ilha em uma pedinte internacional usada, desde muito, como uma arma moral contra os Estados Unidos da América.
O fato de existir mais de uma moeda corrente é o maior indício da falência de um Estado. O que só é confirmado pelo mercado negro e o abandono de funções do médio escalão da burocracia estatal pela população para assumir postos na indústria do turismo para ter acesso a moeda estrangeira e, assim, melhorar os rendimentos.
O regime cubano está moribundo como seu ex-líder. Se ainda não caiu, deve dar graças aos estadunidenses, que, devido à ações impensadas, deu munição ideológica ao castrismo como pobres revolucionários contra o império. Segue massacrando, porém, a população de uma ilha que é visitada por milhares de turistas anualmente por suas belezas naturais e suas características de museu do esquerdismo de características comunistas.
Que uma geração de pessoas estudadas e bem-intencionadas em países democráticos ainda nutram admiração por pessoas que cometeram uma infinidade de assassinatos deliberados, à bala, ou não - por fome, doença e perseguições - é um mistério para mim. Que os vejam como símbolo e ícone positivos, lastimável.
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