Devo admitir que a incursão terrestre das tropas israelenses à Gaza surpreendeu-me. É a típica situação em que se tem pouco a ganhar e muito a perder.
Os foguetes lançados de Gaza são uma ameaça muito maior à moral do que à existência do Estado de Israel. Parece-me que eles mataram 4 pessoas desde que começaram a ser lançados. Os combates no campo inimigo será provavelmente mais mortal para os militares de Israel.
Acontece que cada vítima dessa guerra será um troféu para o Hamas. Uma israelense, exibida como prova do poderio das milícias por ele comandadas.Uma palestina, como um mártir, se combatente, ou um inocente assassinado pelas forças ocupantes, se não. Para as tropas israelenses o efeito será quase diametralmente inverso. Toda e qualquer vítima será um ônus da ação vista como desproporcional. E já vimos este filme. Ocorreu o mesmo com relação ao Hezbollah.
O fato é que o Hamas atraiu os israelenses para Gaza deliberadamente. Fez isso para fortalecer-se no imaginário palestino como sua contraparte libanesa. Mas o que levou o governo israelense a agir? Creio que a fraqueza política provocada pelo escândalo em que o primeiro-ministro Olmert viu-se envolvido a mais de um ano, resultando em antecipação das eleições. O Kadima precisa mostrar que é viável para a votação marcada para fevereiro, e o faz por meio das armas. É uma estratégia arriscada pois pressupõe que não ocorrerão muitas baixas nas tropas e que a missão será curta. Qualquer outro cenário será usado pela oposição como sinal de que o governo atual é incompetente para lidar com as questões de segurança.
Espero que o menor número possível de civis seja afetado, embora saiba que milhares serão.
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