segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Pacaembú é de todos, mas quem pode usar?

O editorial do Estadão de alguns dias atrás defendeu que a prefeitura de São Paulo não deve entregar o Pacaembú para o uso exclusivo do Sport Club Corinthians Paulista. Com isso, posso afirmar peremptoriamente, eu discordo mesmo.
Estádios de futebol servem, creio, para abrigar partidas de futebol. Qualquer outra atividade é acessória. O museu instalado dentro das dependências do Paulo Machado de Carvalho não deve ser um impeditivo para que o estádio exerça a sua função primeira ou, o que poderia ser uma benfeitoria, transforma-se em um ônus. Não podemos permitir que todo o estádio vire um museu.
Tratar a concessão onerosa como um erro por caracterizar perda ao patrimônio simbólico do município é, este sim, um erro. Primeiramente, porque a cessão já ocorre na prática. O Pacaembú é a casa extra-oficial do, assim chamado por sua torcida, Timão. Sendo a única equipe que manda suas partidas ali, há na prática uma situação de perde-perde entre a prefeitura e o clube. Este não consegue produzir toda a receita com marketing que o controle do estádio permitiria e aquela não repassa os reais custos de manutenção da estrutura nos aluguéis eventuais.
Outro fator é a utilização do equipamento. Conforme tratado anteriormente, consiste enorme desperdício a não utilização de um fundo de serviços, e qualquer administrador deve procurar fazer o uso mais intensivo possível dele. Estádios esportivos são, em todo mundo, dos equipamentos urbanos mais ociosos. Não é por outro motivo que, mesmo nos países desenvolvidos, há compartilhamento entre equipes e modalidades para garantir uso mais constante dos mesmos. Caso célebre é o Giuseppe Meazza, ou San Ciro, em Milão.
São Paulo possui estádios em excesso, todos subutilizados. Que diretorias anteriores do Corinthians não tenham conseguido construir um estádio próprio, como fizeram seus rivais, é realmente um sinal de incompetência, mas daí a este fato ser um impeditivo para a parceria e um fator para a construção de mais arenas é uma distância enorme. Para evitar que haja mais um elefante branco, cabe ao poder público suprir a massa corintiana com um estádio para chamar de seu que já está prontinho e com história. Como bônus, a prefeitura poderia utilizar seus parcos recursos no fomento de atividades físicas, muito mais carente que o futebol profissional, totalmente capaz de gerar receita por si mesmo.
Em muitas cidades dos Estados Unidos da América são construídos estádios pelas administrações locais com o intuito de atrais as franquias dos esportes profissionais, e o faturamento que as acompanha. Oficiar a relação Pacaembú-Corinthians e gerar receitas para serem aplicadas em outras áreas seria um sinal de amadurecimento da administração pública, não algo a lastimar

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