Já defendi nesta página que o Brasil pode não ter alcançado um grau maior de desenvolvimento social devido à abundância relativa de mão-de-obra, que teria causado uma cultura de desvaloração do trabalho, agravada, mesmo após o seu fim, pela escravatura. O, atualmente, deputado Paulo Renato de Souza defendeu, em sua tese de doutorado, que a grande massa de migrantes do meio rural para os centros urbanos em processo de industrialização foi o fator que permitiu a compressão salarial, na terminologia cara aos sindicalistas.
É claro, entretanto, que a escassez não é um garantia de desenvolvimento. Caso isso fosse verdadeiro, os países localizados no Saara seriam os mais desenvolvidos do mundo. O encarecimento relativo aos outros preços da economia, no entanto, leva a um melhor aproveitamento de qualquer recurso e, freqüentemente, a avanços tecnológicos poupadores do mesmo. De certa forma, estamos, no Brasil, sendo vítimas dessa poupança.
Tecnologias vindas dos países desenvolvidos, nos quais há escassez estrutural de mão-de-obra, são adotadas aqui onde há falta de empregos para a população jovem que entra na população economicamente ativa a cada ano. O pior é que contribuímos para isso com uma lei trabalhista que torna um empregado um investimento maior do que um equipamento. Enquanto uma máquina custa o valor que se paga por ela e mais manutenção, um humano custa para ser encontrado, mantido e dispensado, com um adicional de risco judicial enorme.
Deve-se, portanto, neste momento de reflexão sobre o futuro, que caracteriza os primeiros dias do ano, pensar uma maneira de impedir que nosso capital humano fique ocioso. A reforma trabalhista é, mais do que qualquer outra, a essencial agora. Como ela não é de interesse dos sindicatos organizados que mandam no governo, continuaremos desperdiçando nosso fundo de serviços.
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