quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Não apenas eu

O bom será acordar amanhã e saber que não apenas eu, mas todos, não saberão escrever em língua portuguesa.
As justificativas para a unificação ortográfica, chamada reforma, são que as economias das nações que falam português sairão fortalecidas, principalmente, é claro, no quesito editorial, e que nossa língua ganhará peso diplomático maior.
Elas me parecem risíveis. Nosso mercado editorial não é pequeno por diversidade na forma de escrever, mas por falta de leitores. O mercado editorial brasileiro vende apenas um pouco mais do que o de Portugal, com uma população 19 vezes menor. Para que haja uma melhora nas vendas é necessário que se aumente o número de leitores no Brasil. A ortografia não interfere nas vendas, como Paulo Coelho e Saramago provaram ao vender no mundo afora com suas distintas formas de grafar.
Também não influirá na geopolítica a reforma. Nenhum país de língua portuguesa como oficial ganhará um pingo de importância. A despeito do que foi dito, a língua franca atual, o inglês, também tem diferentes grafias. A diferença é que não se tentou fazer uma imposição política de uma correta. Aceitam-se as variantes britânica e norte-americana como oficiais, ficando ao gosto do escritor escolher a que mais lhe agradar. Força internacional os países ganham atuando, não mudança sua escrita.
De todo modo, não adianta reclamar. O mal está feito e nos resta reaprender.
Até o ano que vem.

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