quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Esgoto também é patrimônio

Retomando um velho assunto tratado em 2006, há este vídeo sobre a energia a partir do esgoto.



A reportagem mostra a luta entre os sistemas de aumento do PIB como meta e o de maior apreço pela valorização do Patrimônio Nacional Líquido. No Brasil, dá-se pouca atenção ao quanto determinada obra vai durar ou mesmo à sua utilidade prática. O mais importante é que tenha muitos zeros. Bom administrador é o que constrói mais. Não por acaso, foi um lema, atribuído à Washington Luís, "governar é construir estradas".
Se prestarmos devida atenção à reportagem, veremos que as soluções geradoras dos maiores desembolsos financeiros, e, conseqüentemente, do maior PIB, estão longe de ser as melhores. É clássica a afirmação de que cada real aplicado em saneamento básico equivale a quatro poupados em tratamento de doentes. O vídeo mostra, entretanto, que a conta pode ser ainda mais favorável, pois os resíduos dos esgotos podem gerar renda, conquanto amortizada ao longo de anos.
Os investimentos necessários não são proibitivos, pela simples razão de que a grande parte deles são obrigatórios, sejam utilizados os subprodutos ou não. O tratamento de efluentes é dever dos consumidores, caracterizando crime ambiental a poluição de cursos d'águas. Sendo assim, os custos são apenas incrementais. Em todas as unidades de tratamento de água servida (esgoto doméstico) há tanques de decantação. Pelo que pude entender, também eles são obrigatórios nas granjas de suinocultura. São necessárias, então, só pequenas melhorias para coletar os gases e os sólidos resultantes da biodigestão.
Não sei quanto foi o investimento na granja suína, mas ao se crer nos números, ele foi bastante lucrativo, pois uma lona e um gerador elétrico serem responsáveis por economias da ordem de 2750 reais mensais, apenas em energia elétrica, devem fazer o empreendimento bastante mais lucrativo para o pecuarista. O mesmo não pode ser dito dos diversos níveis de governo, que perdem arrecadação de impostos, pois os chamados serviços básicos (energia, telefonia, água e esgoto) são pesadamente tributados no Brasil.
Todos os casos apresentados na reportagem são poupadores de recursos e, portanto, influem negativamente nos cálculos do PIB. Contribuem, entretanto, muito para a melhoria das condições de vida da população e preservação do ambiente. Qual fator deveria pesar mais?

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