segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Opção por não ensinar

Não sei como são as aulas de geografia hoje, mas quando recebi as primeiras lições de geral o forte era entupir os estudantes com dados que mostravam o quanto o Brasil era grande, bonito, cheiroso e qualquer outro adjetivo positivo que você puder escolher. Daí passávamos para os continentes. A cereja do bolo era informar que existiam apenas dois países transcontinentais: União Soviética e Turquia.
Naquela época eu gostava bastante de geografia. Era um tempo em que nem sonhava que existia marxismo, e que professores dessa matéria o professavam, e acreditava no que falavam.
Foi uma época perdida em matéria de informação e aprendizado. Se eles erravam em questões tão tranqüilas quanto apontar no mapa e dizer qual continente é, que dizer daquelas nas quais há controvérsias.
Hoje não existe mais União Soviética, o número de países transcontinentais cresceu bastante na minha consciência. Há a Rússia, que continua quase a mesma, apesar do desmembramento que sofreu a extinta liderança do mundo socialista, Turquia, França, Inglaterra, Dinamarca, Espanha, Egito, e esses me vêem de cabeça, correndo o risco de haver mais.
Só posso imaginar os motivos que levaram o ensino de geografia a cometer tal deslize. Minha hipótese mais plausível é que houve uma opção política por "esquecer" as antigas possessões coloniais incorporadas aos Estados europeus. Outra é incompetência.
Em qualquer das duas possibilidades os interesses dos alunos, entre os quais eu, foram deixadas de lado. Conhecimento deixou de ser construído por falta de acesso a informações. Como disse no começo do texto, não sei como são as aulas de geografia hoje, mas duvido que os alunos estejam melhor servidos, já que o ensino universitário da matéria segue com as mesmas diretrizes.

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