Apesar de ter adquirido, ainda não tive tempo de ler a duologia Manual do perfeito idiota latino-americano e O regresso do idiota, apesar de eles estarem no alto da minha lista de prioridades, mas ao ler o texto de Mauro Chaves, no Estadão, percebi que os autores deveriam retirar o latino do título do primeiro, ou substitui-lo pelo prefixo pan, e transformar a série em uma trilogia. Venderia milhões.
Tendo ideologias opostas, embora todos tendem a impô-las ao restante da população, os perfeitos idiotas dos dois dois primeiros e o do, possível, terceiro tomos isolam seus países, empobrecem seus comandados e criam divisões mais ou menos radicais em seus países.
A ignorância citada por Chaves, o Mauro, é no hemisfério norte. A que causa azia hepática (???) após leitura de periódicos, no sul. Ambas fazem mal aos seus países, o só olhar e ver. O grande problema, para nós, é que a de lá já passou para a história, a daqui ainda tem dois anos pela frente, com o fantasma de outros mais.
Clamemos então pela iluminação, pela ilustração, pelo saber. Quem sabem eles nos ouçam, e o Brasil tenha um próximo ciclo presidencial mais afortunado.
Apenas alguns pensamentos sobre as coisas que acho que sei ou sobre as quais não tenho a mínima idéia
sábado, 31 de janeiro de 2009
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Internacionalismo Pop revisitado
O, agora, laureado com o Nobel de economia, Paul Krugman, lançou, em 1996, um livro voltado para leigos com a intenção de combater ao Codebufê - Country desolating bullshit festival - (versão americana do Febeapá) que imperava à época. A maior das besteiras era a repulsa ao comércio internacional, acusado de ser a raíz de todos os males.
Desconfio que ele precisará escrever outro, pois a versão 2009 do festival não assolará o país, mas o mundo. Pequena mostra foi o episódio licença prévia "só-para-efeito-de-estatística" que o o Brasil tentou impetrar. Maiores foram as diminuições repentinas nas compras de commodities por parte dos países autocráticos orientais, nos quais estou incluindo a Rússia. Imensos serão os pedidos de fechamento das fronteiras das nações ocidentais ricas.
A crença infundada de que em uma transação apenas o vendedor sai ganhando é generalizada quando se trata de comércio internacional, o que é bastante estranho, pois as mesmas pessoas que assim pensam, fazem comércio diariamente sem sentirem-se exploradas. Para elas, quando são países os contratantes, as vantagens intrínsecas vão apenas para um lado; quando pessoas, não.
A regra geral do comércio é que ele beneficia ambas as pontas. Divide as vantagens comparativas das partes e aumenta as possibilidades de consumo. Claro que pode, certas vezes, gerar ganhos desproporcionais para um dos lados, mas, diria, é maior a possibilidade de o comprador ser o escolhido para gozá-los em um ambiente de ampla concorrência.
Restrições às trocas internacionais foram responsáveis por recessões prolongadas ao longo da história. Deixar que isso ocorra novamente baseado em falsas premissas e preconceitos seria apenas mais uma evidência da inviabilidade da espécie. Estupidez humana em seu estado da arte.
Desconfio que ele precisará escrever outro, pois a versão 2009 do festival não assolará o país, mas o mundo. Pequena mostra foi o episódio licença prévia "só-para-efeito-de-estatística" que o o Brasil tentou impetrar. Maiores foram as diminuições repentinas nas compras de commodities por parte dos países autocráticos orientais, nos quais estou incluindo a Rússia. Imensos serão os pedidos de fechamento das fronteiras das nações ocidentais ricas.
A crença infundada de que em uma transação apenas o vendedor sai ganhando é generalizada quando se trata de comércio internacional, o que é bastante estranho, pois as mesmas pessoas que assim pensam, fazem comércio diariamente sem sentirem-se exploradas. Para elas, quando são países os contratantes, as vantagens intrínsecas vão apenas para um lado; quando pessoas, não.
A regra geral do comércio é que ele beneficia ambas as pontas. Divide as vantagens comparativas das partes e aumenta as possibilidades de consumo. Claro que pode, certas vezes, gerar ganhos desproporcionais para um dos lados, mas, diria, é maior a possibilidade de o comprador ser o escolhido para gozá-los em um ambiente de ampla concorrência.
Restrições às trocas internacionais foram responsáveis por recessões prolongadas ao longo da história. Deixar que isso ocorra novamente baseado em falsas premissas e preconceitos seria apenas mais uma evidência da inviabilidade da espécie. Estupidez humana em seu estado da arte.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Bruxa solta
Achei ontem um anuário agrícola, de 1988, editado pela Abril, que gostava de ler quando criança. Nele havia o seguinte trecho."Mas em princípio, recomenda-se nunca levar para a Bahia os ramos, as folhas, os frutos ou sementes de cacau e cupuaçu (da família do cacau) da Amazônia, pois com o material poderão ir também germes de doenças, como a vassoura-de-bruxa, o que resultaria em graves prejuízos para o país."
Em 1989 foram identificadas os primeiros focos do fungo no sudeste baiano e, em 2006, a revista Veja lançou a denúncia de que a doença foi espalhada voluntariamente, e, o pior, por pessoas pagas para evitar que isso ocorresse, incluindo um testemunho, reproduzido aqui*, de um dos criminosos.
Para todos os critérios, excetuando-se o criminal, não importa muito se verdadeira ou não a denúncia trazida pela Veja. Milhares foram arruinados, e o padrão de vida da região diminuiu bastante, pela ocorrência de uma praga totalmente evitável. Para premiar a incompetência, ou coisa pior, em impedir a disseminação, os funcionários do Ceplac foram alçados a cargos de confiança nas administrações petistas posteriores.
Com critérios assim para promover, não me admira que os erros relatados ontem ocorram. Decisões na calada da noite, descaso pelas conseqüências e ascensão política resultante das duas anteriores parecem um padrão antigo de administrações do partido.
Até quando teremos que conviver com isso?
*Retirado da internet e digno de suspeita da autenticidade
Em 1989 foram identificadas os primeiros focos do fungo no sudeste baiano e, em 2006, a revista Veja lançou a denúncia de que a doença foi espalhada voluntariamente, e, o pior, por pessoas pagas para evitar que isso ocorresse, incluindo um testemunho, reproduzido aqui*, de um dos criminosos.
Para todos os critérios, excetuando-se o criminal, não importa muito se verdadeira ou não a denúncia trazida pela Veja. Milhares foram arruinados, e o padrão de vida da região diminuiu bastante, pela ocorrência de uma praga totalmente evitável. Para premiar a incompetência, ou coisa pior, em impedir a disseminação, os funcionários do Ceplac foram alçados a cargos de confiança nas administrações petistas posteriores.
Com critérios assim para promover, não me admira que os erros relatados ontem ocorram. Decisões na calada da noite, descaso pelas conseqüências e ascensão política resultante das duas anteriores parecem um padrão antigo de administrações do partido.
Até quando teremos que conviver com isso?
*Retirado da internet e digno de suspeita da autenticidade
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Barbeiragem não, vergonha
É uma vergonha como o governo trata seus erros, ao menos publicamente. Basta ver os resultados das duas últimas besteiras que chegaram ao conhecimento do grande público, o refúgio a Battisti e a recriação de grande parte das licenças de importação.
O italiano foi abraçado pela esquerda brasileira, e pelo ministro da Justiça, apesar das evidências de que a pena fora bem aplicada e seguindo todos os trâmites legais, como um perseguido de um regime autoritário. Órgão especializado na concessão de asilo, o Conare, que é subordinado ao Ministério da Justiça, foi contra, também o Ministério Público, mas o ministro, dono, de certo, de um conhecimento superior, foi a favor. E nisso foi apoiado por intelectuais das mais diversas formações, com amplo destaque no site do ministério em questão, que congratula a decisão do chefe como mostra de democracia. Pergunto-me então, os membros do Conare, estes incompetentes sem conhecimento sobre o assunto em que deliberam foram destituídos?
No mesmo site, é informado que o refúgio segue a seguinte diretriz: "
Em seu art. 1º, a Convenção de 1951 define refugiado como toda pessoa que como resultado de acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951 e devido a fundados temores de ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, por pertencer a determinado grupo social e por suas opiniões políticas, se encontre fora do país de sua nacionalidade e não possa ou, por causa dos ditos temores, não queira recorrer a proteção de tal país; ou que, carecendo de nacionalidade e estando, em conseqüência de tais acontecimentos, fora do país onde tivera sua residência habitual, não possa ou, por causa dos ditos temores, não queira regressar a ele." Modificada por protocolo de de 1967, no qual a referência temporal foi subtraída, ela garantiria, então, o caso do italiano. Onde, entretanto, pergunto eu, está a referência a assassinatos? Até onde sei, Battisti, seria extraditado por homicídio, não por sua raça, majoritária na Itália seja qual corte queira se dar, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas. Ele não quer regressar ao seu país simplesmente pelo fato que é um foragido da justiça comum e sairá do avião direto para o cárcere, no qual poderá exercitar sua nova atividade com memórias ao estilo de Ramos ou seu conterrâneo Gramsci. Não se enquadrando em nenhuma das categorias de refugiado, como esse senhor conseguiu o status de?
Só posso fazer conjecturas, mas não as colocarei aqui, pois não importam mais as razões, mesmo porque simplesmente lendo o texto fornecido pelo próprio Ministério fica evidente o absurdo da questão. O substantivo no momento é que agora há uma disputa entre Estados motivado por erro ou capricho de um ministro.
Já o processo de exigência das licenças prévias, ou, dependendo do prócere governista consultado, automáticas, começou na tarde de segunda e trouxe dor de cabeça para importadores, desmentidos e explicações desencontradas de órgãos públicos e tratamento diferenciado para indústrias poderosas, resumindo, problemas para a economia. Caso continue a ser aplicado, só intensificará o impacto da crise na economia brasileira, que estava mostrando sinais de que seria resiliente, após o baque inicial da escassez de crédito interno e externo.
Descabidas e, como é moda no noticiário econômico, intempestivas, essas duas decisões administrativas demonstram o retorno de práticas da ditadura, na qual altos burocratas podiam, sem nenhuma discussão com a sociedade, definir atos que interferiam na vida de grande parcela da mesma.
Lula já havia demonstrado nostalgia dos tempos dos generais diversas vezes, seu governo parece querer matar as saudades do líder, transportando-nos para aquela era, e dizendo que tudo está sobre controle, e que os erros vergonhosos têm, no máximo, embutidos pequenas barbeiragens.
O italiano foi abraçado pela esquerda brasileira, e pelo ministro da Justiça, apesar das evidências de que a pena fora bem aplicada e seguindo todos os trâmites legais, como um perseguido de um regime autoritário. Órgão especializado na concessão de asilo, o Conare, que é subordinado ao Ministério da Justiça, foi contra, também o Ministério Público, mas o ministro, dono, de certo, de um conhecimento superior, foi a favor. E nisso foi apoiado por intelectuais das mais diversas formações, com amplo destaque no site do ministério em questão, que congratula a decisão do chefe como mostra de democracia. Pergunto-me então, os membros do Conare, estes incompetentes sem conhecimento sobre o assunto em que deliberam foram destituídos?
No mesmo site, é informado que o refúgio segue a seguinte diretriz: "
Em seu art. 1º, a Convenção de 1951 define refugiado como toda pessoa que como resultado de acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951 e devido a fundados temores de ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, por pertencer a determinado grupo social e por suas opiniões políticas, se encontre fora do país de sua nacionalidade e não possa ou, por causa dos ditos temores, não queira recorrer a proteção de tal país; ou que, carecendo de nacionalidade e estando, em conseqüência de tais acontecimentos, fora do país onde tivera sua residência habitual, não possa ou, por causa dos ditos temores, não queira regressar a ele." Modificada por protocolo de de 1967, no qual a referência temporal foi subtraída, ela garantiria, então, o caso do italiano. Onde, entretanto, pergunto eu, está a referência a assassinatos? Até onde sei, Battisti, seria extraditado por homicídio, não por sua raça, majoritária na Itália seja qual corte queira se dar, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas. Ele não quer regressar ao seu país simplesmente pelo fato que é um foragido da justiça comum e sairá do avião direto para o cárcere, no qual poderá exercitar sua nova atividade com memórias ao estilo de Ramos ou seu conterrâneo Gramsci. Não se enquadrando em nenhuma das categorias de refugiado, como esse senhor conseguiu o status de?
Só posso fazer conjecturas, mas não as colocarei aqui, pois não importam mais as razões, mesmo porque simplesmente lendo o texto fornecido pelo próprio Ministério fica evidente o absurdo da questão. O substantivo no momento é que agora há uma disputa entre Estados motivado por erro ou capricho de um ministro.
Já o processo de exigência das licenças prévias, ou, dependendo do prócere governista consultado, automáticas, começou na tarde de segunda e trouxe dor de cabeça para importadores, desmentidos e explicações desencontradas de órgãos públicos e tratamento diferenciado para indústrias poderosas, resumindo, problemas para a economia. Caso continue a ser aplicado, só intensificará o impacto da crise na economia brasileira, que estava mostrando sinais de que seria resiliente, após o baque inicial da escassez de crédito interno e externo.
Descabidas e, como é moda no noticiário econômico, intempestivas, essas duas decisões administrativas demonstram o retorno de práticas da ditadura, na qual altos burocratas podiam, sem nenhuma discussão com a sociedade, definir atos que interferiam na vida de grande parcela da mesma.
Lula já havia demonstrado nostalgia dos tempos dos generais diversas vezes, seu governo parece querer matar as saudades do líder, transportando-nos para aquela era, e dizendo que tudo está sobre controle, e que os erros vergonhosos têm, no máximo, embutidos pequenas barbeiragens.
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Péssimo sinal
Ia falar bem do déficit na balança comercial, que, apesar de indicar um PIB matematicamente menor, indica que as empresas brasileiras continuam trabalhando em ritmo melhor do que as externas, mas fui surpreendido pela notícia ridícula da volta das licenças de importação.
Nosso governo supostamente democrático irá nos mostrar o que é bom e o que é ruim na nossa cesta de compras agora? Serão escolhidos os itens essenciais que não poderemos ficar sem? E a palavra empenhada no G-20 de que não ampliaríamos barreiras?
É, estamos céleres imitando Marty McFly, cada vez mais a frente, no passado.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Energia solar no Brasil
O Estadão de ontem trouxe uma reportagem sobre o potencial energético solar do Brasil. Comenta que o que impede a ampla utilização dela é o alto custo de captação da mesma. Que há um custo maior de captação é inegável, mas que isso seja um empecilho para a utilização desta forma de energia, abundante no Brasil, é discutível.
Quando entramos na seara de matriz energética, devemos analisar vários aspectos, não apenas a geração. E o custo não é apenas financeiro, mas de várias matizes. Se o custo de captação solar é alto, outros são minimizados, como a distribuição e transmissão.
Os gigawatts provenientes do rio Madeira precisarão atravessar milhares de quilômetros enquanto células fotovoltáicas podem ser instaladas nos telhados das residências que utilizarão a carga. Essa lógica já é utilizada no programa "Luz para todos" do governo federal, que é refratário a utilização dessa forma de energia em larga escala, como pode ser observado no vídeo abaixo.
Essa peculiaridade torna o argumento de falta de economicidade do processo fotovoltáico bastante fraco. Computados os preços realmente pagos pelo consumidor final residencial, a solar já é mais barata do que a fornecida pelas distribuidoras de energia elétrica da grande maioria das regiões metropolitanas. O custo de implantação, porém, é um fator importante, pois, devido aos altos juros praticados no país, a amortização do investimento inicial é bastante demorada. O mesmo vale para a substituição de aquecedores elétricos por solares. A falta de poupança das famílias brasileiras responde, então, pela pouca aderência às tecnologias.
Políticas públicas podem ser eficientes em reverter a tendência de preferência por grandes obras que, a primeira vista, parecem melhores para a economia do país. Descentralização da geração elétrica é uma forma eficaz e inteligente de proteger estrategicamente o país. Um simples míssil pode destruir 20% da capacidade hidrelétrica brasileira, personificada em Itaipú, mas seriam necessárias milhares, na forma de ataques a toda uma população civil, se cada telhado brasileiro tivesse sua célula fotovoltáica instalada.
Além da evidente melhoria da segurança, a qualidade ecológica da geração também seria melhorada. Os gases estufa das termoelétricas seriam evitadas, restando essas usinas como última instância, ao contrário do que ocorre hoje. Os períodos de estiagem não comprometeriam tanto os reservatórios do sistema, por aumento da insolação e, conseqüente, geração solar.
Custos financeiros, como vemos, não é a única forma de avaliar-se um empreendimento. Muitas vezes não é nem mesmo o melhor. Parece-me que este é o caso aqui. O Brasil têm uma obrigação quase religiosa de aproveitar a potencialidade que a natureza nos oferece. Se dizem que Deus é brasileiro, o Sol deve nos aparecer todos os dias por uma razão maior do que bronzear as garotas de Ipanema.
Quando entramos na seara de matriz energética, devemos analisar vários aspectos, não apenas a geração. E o custo não é apenas financeiro, mas de várias matizes. Se o custo de captação solar é alto, outros são minimizados, como a distribuição e transmissão.
Os gigawatts provenientes do rio Madeira precisarão atravessar milhares de quilômetros enquanto células fotovoltáicas podem ser instaladas nos telhados das residências que utilizarão a carga. Essa lógica já é utilizada no programa "Luz para todos" do governo federal, que é refratário a utilização dessa forma de energia em larga escala, como pode ser observado no vídeo abaixo.
Essa peculiaridade torna o argumento de falta de economicidade do processo fotovoltáico bastante fraco. Computados os preços realmente pagos pelo consumidor final residencial, a solar já é mais barata do que a fornecida pelas distribuidoras de energia elétrica da grande maioria das regiões metropolitanas. O custo de implantação, porém, é um fator importante, pois, devido aos altos juros praticados no país, a amortização do investimento inicial é bastante demorada. O mesmo vale para a substituição de aquecedores elétricos por solares. A falta de poupança das famílias brasileiras responde, então, pela pouca aderência às tecnologias.
Políticas públicas podem ser eficientes em reverter a tendência de preferência por grandes obras que, a primeira vista, parecem melhores para a economia do país. Descentralização da geração elétrica é uma forma eficaz e inteligente de proteger estrategicamente o país. Um simples míssil pode destruir 20% da capacidade hidrelétrica brasileira, personificada em Itaipú, mas seriam necessárias milhares, na forma de ataques a toda uma população civil, se cada telhado brasileiro tivesse sua célula fotovoltáica instalada.
Além da evidente melhoria da segurança, a qualidade ecológica da geração também seria melhorada. Os gases estufa das termoelétricas seriam evitadas, restando essas usinas como última instância, ao contrário do que ocorre hoje. Os períodos de estiagem não comprometeriam tanto os reservatórios do sistema, por aumento da insolação e, conseqüente, geração solar.
Custos financeiros, como vemos, não é a única forma de avaliar-se um empreendimento. Muitas vezes não é nem mesmo o melhor. Parece-me que este é o caso aqui. O Brasil têm uma obrigação quase religiosa de aproveitar a potencialidade que a natureza nos oferece. Se dizem que Deus é brasileiro, o Sol deve nos aparecer todos os dias por uma razão maior do que bronzear as garotas de Ipanema.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
A revelia
Dizem que um dos grandes problemas para a extradição de Cesare Battisti é o fato de ele ter sido julgado a revelia. Mas como seria diferente se era um foragido.
Caso não tivesse sido julgado, extraditar-lo-íamos?
Ganharam os italianos, livraram-se de um suposto homicida e do ônus de mantê-lo na cadeia, logo, logo estaremos pagando-lhe pensão ou um salário em um ministério qualquer.
Caso não tivesse sido julgado, extraditar-lo-íamos?
Ganharam os italianos, livraram-se de um suposto homicida e do ônus de mantê-lo na cadeia, logo, logo estaremos pagando-lhe pensão ou um salário em um ministério qualquer.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Excepcionalismo?
Fiquei muito feliz com o fim do governo Bush, mas fiquei com uma pulga atrás da orelha com os discursos do Obama.
O triunfalismo e sentimento de que governa um país completamente diferente dos outros continuam o mesmo. Como confiar no julgamento de quem pensa ser especial, um iluminado?
Nem dizer que a sua história pessoal qualifica os Estados Unidos como um outro mundo possível, Obama pode. Sarkozí é filho de imigrantes; Brown é escocês, assim como Blair; Hitler, austríaco; Stálin, georgiano. Tanto em ditaduras, como em democracias, é comum que representantes de minorias cheguem ao poder.
Se é motivo de júbilo que um negro (melhor dizendo, um mulato) chegue à presidência naquele país, isso diz mais contra do que a favor dele.
Melhor faria Obama ao colocar sua nação como mais uma no mundo, com problemas e vantagens como todas as outras, disposta a integrar-se ao concerto das nações. Requereria humildade, mas seria mais producente.
O triunfalismo e sentimento de que governa um país completamente diferente dos outros continuam o mesmo. Como confiar no julgamento de quem pensa ser especial, um iluminado?
Nem dizer que a sua história pessoal qualifica os Estados Unidos como um outro mundo possível, Obama pode. Sarkozí é filho de imigrantes; Brown é escocês, assim como Blair; Hitler, austríaco; Stálin, georgiano. Tanto em ditaduras, como em democracias, é comum que representantes de minorias cheguem ao poder.
Se é motivo de júbilo que um negro (melhor dizendo, um mulato) chegue à presidência naquele país, isso diz mais contra do que a favor dele.
Melhor faria Obama ao colocar sua nação como mais uma no mundo, com problemas e vantagens como todas as outras, disposta a integrar-se ao concerto das nações. Requereria humildade, mas seria mais producente.
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Sim, dinheiro dá em árvore
Quem diz que dinheiro não dá em árvore, não conhece o Brasil. Nunca ouviu falar dos ciclos do pau-brasil, do café e da borracha. Nunca leu sobre como o algodão arbóreo construiu São Luís, no Maranhão, e o cacau, Ilhéus, na Bahia. Nunca passou pelo interior de São Paulo e suas laranjeiras.
São igual desconhecimento da realidade, porém, os planos de se assentar a população excluída urbana que vez ou outra pipocam por aí. Pensar na agricultura como depositária de mão-de-obra desqualificada é acreditar em coelhinho da páscoa.
Apesar de ele estar lá, ganhar dinheiro no campo é para profissionais, principalmente quando estamos falando de pequenas propriedades. Exige trabalho duro, capital e, essencialmente, conhecimento. Levar pessoas sem esse conjunto de fatores para uma propriedade rural é o equivalente a condená-las ao ostracismo.
Foi exatamente o que fez Robert Mugabe quando implementou uma "reforma agrária" com intuito de corrigir as falhas históricas do colonialismo, em 2000. Quase nove anos depois, há no Zimbabwe mais famintos e menos renda agrícola.
Melhor faria o MST se virasse um partido político e vendesse sonhos de comunismo institucionalizado que vendendo ilusões de prosperidade rural aos excluídos urbanos.
São igual desconhecimento da realidade, porém, os planos de se assentar a população excluída urbana que vez ou outra pipocam por aí. Pensar na agricultura como depositária de mão-de-obra desqualificada é acreditar em coelhinho da páscoa.
Apesar de ele estar lá, ganhar dinheiro no campo é para profissionais, principalmente quando estamos falando de pequenas propriedades. Exige trabalho duro, capital e, essencialmente, conhecimento. Levar pessoas sem esse conjunto de fatores para uma propriedade rural é o equivalente a condená-las ao ostracismo.
Foi exatamente o que fez Robert Mugabe quando implementou uma "reforma agrária" com intuito de corrigir as falhas históricas do colonialismo, em 2000. Quase nove anos depois, há no Zimbabwe mais famintos e menos renda agrícola.
Melhor faria o MST se virasse um partido político e vendesse sonhos de comunismo institucionalizado que vendendo ilusões de prosperidade rural aos excluídos urbanos.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Pacaembú é de todos, mas quem pode usar?
O editorial do Estadão de alguns dias atrás defendeu que a prefeitura de São Paulo não deve entregar o Pacaembú para o uso exclusivo do Sport Club Corinthians Paulista. Com isso, posso afirmar peremptoriamente, eu discordo mesmo.
Estádios de futebol servem, creio, para abrigar partidas de futebol. Qualquer outra atividade é acessória. O museu instalado dentro das dependências do Paulo Machado de Carvalho não deve ser um impeditivo para que o estádio exerça a sua função primeira ou, o que poderia ser uma benfeitoria, transforma-se em um ônus. Não podemos permitir que todo o estádio vire um museu.
Tratar a concessão onerosa como um erro por caracterizar perda ao patrimônio simbólico do município é, este sim, um erro. Primeiramente, porque a cessão já ocorre na prática. O Pacaembú é a casa extra-oficial do, assim chamado por sua torcida, Timão. Sendo a única equipe que manda suas partidas ali, há na prática uma situação de perde-perde entre a prefeitura e o clube. Este não consegue produzir toda a receita com marketing que o controle do estádio permitiria e aquela não repassa os reais custos de manutenção da estrutura nos aluguéis eventuais.
Outro fator é a utilização do equipamento. Conforme tratado anteriormente, consiste enorme desperdício a não utilização de um fundo de serviços, e qualquer administrador deve procurar fazer o uso mais intensivo possível dele. Estádios esportivos são, em todo mundo, dos equipamentos urbanos mais ociosos. Não é por outro motivo que, mesmo nos países desenvolvidos, há compartilhamento entre equipes e modalidades para garantir uso mais constante dos mesmos. Caso célebre é o Giuseppe Meazza, ou San Ciro, em Milão.
São Paulo possui estádios em excesso, todos subutilizados. Que diretorias anteriores do Corinthians não tenham conseguido construir um estádio próprio, como fizeram seus rivais, é realmente um sinal de incompetência, mas daí a este fato ser um impeditivo para a parceria e um fator para a construção de mais arenas é uma distância enorme. Para evitar que haja mais um elefante branco, cabe ao poder público suprir a massa corintiana com um estádio para chamar de seu que já está prontinho e com história. Como bônus, a prefeitura poderia utilizar seus parcos recursos no fomento de atividades físicas, muito mais carente que o futebol profissional, totalmente capaz de gerar receita por si mesmo.
Em muitas cidades dos Estados Unidos da América são construídos estádios pelas administrações locais com o intuito de atrais as franquias dos esportes profissionais, e o faturamento que as acompanha. Oficiar a relação Pacaembú-Corinthians e gerar receitas para serem aplicadas em outras áreas seria um sinal de amadurecimento da administração pública, não algo a lastimar
Estádios de futebol servem, creio, para abrigar partidas de futebol. Qualquer outra atividade é acessória. O museu instalado dentro das dependências do Paulo Machado de Carvalho não deve ser um impeditivo para que o estádio exerça a sua função primeira ou, o que poderia ser uma benfeitoria, transforma-se em um ônus. Não podemos permitir que todo o estádio vire um museu.
Tratar a concessão onerosa como um erro por caracterizar perda ao patrimônio simbólico do município é, este sim, um erro. Primeiramente, porque a cessão já ocorre na prática. O Pacaembú é a casa extra-oficial do, assim chamado por sua torcida, Timão. Sendo a única equipe que manda suas partidas ali, há na prática uma situação de perde-perde entre a prefeitura e o clube. Este não consegue produzir toda a receita com marketing que o controle do estádio permitiria e aquela não repassa os reais custos de manutenção da estrutura nos aluguéis eventuais.
Outro fator é a utilização do equipamento. Conforme tratado anteriormente, consiste enorme desperdício a não utilização de um fundo de serviços, e qualquer administrador deve procurar fazer o uso mais intensivo possível dele. Estádios esportivos são, em todo mundo, dos equipamentos urbanos mais ociosos. Não é por outro motivo que, mesmo nos países desenvolvidos, há compartilhamento entre equipes e modalidades para garantir uso mais constante dos mesmos. Caso célebre é o Giuseppe Meazza, ou San Ciro, em Milão.
São Paulo possui estádios em excesso, todos subutilizados. Que diretorias anteriores do Corinthians não tenham conseguido construir um estádio próprio, como fizeram seus rivais, é realmente um sinal de incompetência, mas daí a este fato ser um impeditivo para a parceria e um fator para a construção de mais arenas é uma distância enorme. Para evitar que haja mais um elefante branco, cabe ao poder público suprir a massa corintiana com um estádio para chamar de seu que já está prontinho e com história. Como bônus, a prefeitura poderia utilizar seus parcos recursos no fomento de atividades físicas, muito mais carente que o futebol profissional, totalmente capaz de gerar receita por si mesmo.
Em muitas cidades dos Estados Unidos da América são construídos estádios pelas administrações locais com o intuito de atrais as franquias dos esportes profissionais, e o faturamento que as acompanha. Oficiar a relação Pacaembú-Corinthians e gerar receitas para serem aplicadas em outras áreas seria um sinal de amadurecimento da administração pública, não algo a lastimar
sábado, 17 de janeiro de 2009
Será que há marcianos?
A Nasa está em dúvidas devido à descoberta de gás metano.
Talvez esta seja a oportunidade para nosso, ou noço, líder fazer politicagem.
Mas é bom tomar cuidado, apesar de Lula já ter provado que sabe proteger os seus (aqui e aqui), ser o pai dos pobres ao estilo Tom Cruise pode ser mais difícil, alguns sairão machucados.
Talvez esta seja a oportunidade para nosso, ou noço, líder fazer politicagem.
Mas é bom tomar cuidado, apesar de Lula já ter provado que sabe proteger os seus (aqui e aqui), ser o pai dos pobres ao estilo Tom Cruise pode ser mais difícil, alguns sairão machucados.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Prova provada
A reportagem aí de cima é a prova das virtudes do câmbio flutuante.
Concedo que é besteira dizer que o consumidor tem ciência de todos os fatos econômicos e pode decidir racionalmente em todas as ocasiões, como dizem os economistas neoclássicos, mas é evidente que ele consegue captar variações grandes de preços relativos.
O fato é, por mais que me doa admitir isso, que estou com o governo quanto o diagnóstico da crise, até o momento. Nossa demanda interna foi afetada não pela súbita mudança de humor dos consumidores, mas pela mudança de comportamento dos fornecedores, principalmente de crédito. E o medo destes está contaminado aqueles, receosos por seus empregos.
O brasileiro continua sendo um indivíduo as voltascom o subconsumo, na média, pronto para sustentar a demanda interna. É só deixar que ele faça a parte dele.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Ouça antes de comprar
Essa é semelhante a uma conta que li em alguma revista, três ou quatro anos atrás. Mostra o quão caro é possuir um carro no Brasil. Para comprar, graças aos impostos, e, principalmente, para manter, devido aos inúmeros custos inerentes ao Brasil (seguro alto pela insegurança, estacionamento pago pelo mesmo motivo, taxas sem fim, etc, etc, etc).
Melhorando o sistema de transporte coletivo, incluindo-se aí os taxistas e seus possantes, nossos governantes fariam muito para melhorar nossa vida. Não só por fazer as cidades fluírem melhor em sua circulação de pessoas e bens, mas liberando renda para que aproveitemos melhor o tempo, até, para quem gosta disso, lidando com os carros.
Tenho certeza que, nestes tempos de marola, o país sairia ganhando.
Prestem atenção no detalhe, um trem estava parado desde 2001 por falta de uma peça? Será que eles estavam esperando essa peça nascer, crescer e desenvolver-se?
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Comentário ligeiro
O ministro do Trabalho está esperneando, mas as empresas que estão dispensando os temporários estão certíssimas.
Mantê-los agora significa não ter respaldo para demití-los depois, quando, talvez, estejam mais necessitadas.
Coisas de nossa legislação, a destruidora de empregos formais.
Mantê-los agora significa não ter respaldo para demití-los depois, quando, talvez, estejam mais necessitadas.
Coisas de nossa legislação, a destruidora de empregos formais.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Queriam abortá-lo, mas
Apesar de tudo, ele está vivo até hoje: o câmbio flutuante.
Segue comentário da jornalista Leitão sobre o assunto.
Na minha opinião, é sempre o melhor a ser feito, deixar que as coisas sigam seu rumo naturalmente, sem tentar forçar um valor arbitrário.
Segue comentário da jornalista Leitão sobre o assunto.
Na minha opinião, é sempre o melhor a ser feito, deixar que as coisas sigam seu rumo naturalmente, sem tentar forçar um valor arbitrário.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Credibilidade, você não encontra aqui
A OCDE concorda comigo que Não teremos uma desaceleração econômica muito forte.
O problema é que ninguem está acreditando muito em mim, talvez pela má companhia. O governo está comigo.
Segundo as pesquisas, a atual administração tem mais de 75% de aprovação, mas as pessoas, principalmente as bem informadas, não querem apostar seu dinheiro em um bom manejo da marola, por que será?
Talvez seja porque credibilidade não se adquire com falatório e promessas vazias, as especialidades dos donos do poder.
O problema é que ninguem está acreditando muito em mim, talvez pela má companhia. O governo está comigo.
Segundo as pesquisas, a atual administração tem mais de 75% de aprovação, mas as pessoas, principalmente as bem informadas, não querem apostar seu dinheiro em um bom manejo da marola, por que será?
Talvez seja porque credibilidade não se adquire com falatório e promessas vazias, as especialidades dos donos do poder.
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Patrimônio da Humanidade
Ouvi dizer que o Fantástico está com uma série na qual mostra os patrimônios da humanidade na opinião da Unesco. A série traz-nos a oportunidade de discutir sobre o estado do mundo em matéria de patrimônio.
Temos que definir o que é esse tal de patrimônio primeiro. Diz o bom,velho e desatualizado, com relações ortografia, dicionário Houaiss que ele é:
1 herança familiar,
2 conjunto dos bens familiares,
3 grande abundância (figurado),
4 bem ou conjunto de bens naturais ou culturais de importância reconhecida (que é como o usa a Unesco) e
5 conjunto de bens, direitos e obrigações economicamente apreciáveis, pertencentes a uma pessoa jurídica, estatal ou privada, ou física (jurídico).
Se formos nos ater a definição utilizada pela Unesco, veremos que a situação não anda muito boa. A perda de diversidade cultural e biológica, e seus respectivos sítios significativos, é pública e notória. Mas se formos adotar o significado jurídico é que a coisa fica preta.
Acreditando-se em medidas como o PIB para avaliar, temos a impressão de que o patrimônio do conjunto das pessoas está crescendo; infelizmente não é verdade. Pode ser que não seja o mais correto eticamente, porém é a realidade apreciável, mas a Humanidade encara que tudo existente sobre a Terra, produzido pelo Homem ou não, faz parte de sua propriedade. Até aquilo que os antigos chamavam de obra de Deus. Os pássaros, os rios, os mares e as vezes até outras pessoas; tudo enfim. Não é atoa que existem tratados internacionais para orientar a exploração dos recursos naturais.
Lavoisier, entretanto, já dizia que, na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma. Enquanto Barbosa acreditava que a máxima valia também para a arte.
A ser verdade a Lei de Conservação da Massa acima em negrito, e nada mostrou que não seja até agora, fica demonstrado que a cada ser humano a mais no mundo, menor o patrimônio per capta resultante. Não adianta o auto-engano das identidades monetárias e do desenvolvimento sustentável eterno, estamos ficando mais pobres.
Então, se você preocupa-se com a riqueza do Homem, esqueçais aquela conversa de crescei-vos e multiplicai-vos.
Reproduza-se com parcimônia.
Temos que definir o que é esse tal de patrimônio primeiro. Diz o bom,velho e desatualizado, com relações ortografia, dicionário Houaiss que ele é:
1 herança familiar,
2 conjunto dos bens familiares,
3 grande abundância (figurado),
4 bem ou conjunto de bens naturais ou culturais de importância reconhecida (que é como o usa a Unesco) e
5 conjunto de bens, direitos e obrigações economicamente apreciáveis, pertencentes a uma pessoa jurídica, estatal ou privada, ou física (jurídico).
Se formos nos ater a definição utilizada pela Unesco, veremos que a situação não anda muito boa. A perda de diversidade cultural e biológica, e seus respectivos sítios significativos, é pública e notória. Mas se formos adotar o significado jurídico é que a coisa fica preta.
Acreditando-se em medidas como o PIB para avaliar, temos a impressão de que o patrimônio do conjunto das pessoas está crescendo; infelizmente não é verdade. Pode ser que não seja o mais correto eticamente, porém é a realidade apreciável, mas a Humanidade encara que tudo existente sobre a Terra, produzido pelo Homem ou não, faz parte de sua propriedade. Até aquilo que os antigos chamavam de obra de Deus. Os pássaros, os rios, os mares e as vezes até outras pessoas; tudo enfim. Não é atoa que existem tratados internacionais para orientar a exploração dos recursos naturais.
Lavoisier, entretanto, já dizia que, na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma. Enquanto Barbosa acreditava que a máxima valia também para a arte.
A ser verdade a Lei de Conservação da Massa acima em negrito, e nada mostrou que não seja até agora, fica demonstrado que a cada ser humano a mais no mundo, menor o patrimônio per capta resultante. Não adianta o auto-engano das identidades monetárias e do desenvolvimento sustentável eterno, estamos ficando mais pobres.
Então, se você preocupa-se com a riqueza do Homem, esqueçais aquela conversa de crescei-vos e multiplicai-vos.
Reproduza-se com parcimônia.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Perspectiva para a Bolsa
Não gosto, muito, de ficar metendo-me a guru, vidente ou qualquer coisas do gênero, mas vou dar aqui um palpite.
Pegue todo o dinheiro que você tem sobrando e coloque na bolsa, antes que seja tarde.
Já escrevi neste blog que a economia brasileira sairá desta crise relativamente bem, comparando a de outros países por aí. E quando a economia vai bem, a Bolsa segue.
Se você não acredita em mim, acredite nos profissionais. Daniele Camba, articulista do Valor Econômico, apontou, em sua coluna do dia 06 de janeiro, que as consultorias econômicas trabalham com previsões para o fechamento do Ibovespa no final do ano que variam de 49 a 90 mil pontos.
Está certo que eles não são muito confiáveis, mas não têm como estar errados sempre.
É só olhar em quantos pontos está o Ibovespa hoje para ver que a coisa tende só a melhorar.
Pegue todo o dinheiro que você tem sobrando e coloque na bolsa, antes que seja tarde.
Já escrevi neste blog que a economia brasileira sairá desta crise relativamente bem, comparando a de outros países por aí. E quando a economia vai bem, a Bolsa segue.
Se você não acredita em mim, acredite nos profissionais. Daniele Camba, articulista do Valor Econômico, apontou, em sua coluna do dia 06 de janeiro, que as consultorias econômicas trabalham com previsões para o fechamento do Ibovespa no final do ano que variam de 49 a 90 mil pontos.
Está certo que eles não são muito confiáveis, mas não têm como estar errados sempre.
É só olhar em quantos pontos está o Ibovespa hoje para ver que a coisa tende só a melhorar.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Que os vizinhos apressem-se
Vai faltar ativo para que os vizinhos tunguem, então é melhor que sejam rápidos. Se até quem não faz fronteira conosco já está colocando suas manguinhas de fora, como o Equador, imaginem os que estão aí do lado.
O Paraguai já escolheu seu quinhão. Quer levar Itaipu de presente. Ou melhor, quer levar o resto de Itaipu de presente.
Itaipu Binacional é, como o próprio nome diz, uma empresa partilhada entre os acionistas, Brasil e Paraguai, em partes iguais. Mais do que para a segurança energética do Brasil, foi concebida, por brasileiros, para cessar com quaisquer problemas de fronteira e selar uma parceria estratégica. O capital para iniciar a empresa foi 100% brasileiro (emprestamos o capital inicial que eles não tinham) e o resto foi financiado, com a parte de maior credibilidade creditícia sendo o Brasil. O Paraguai entrou com sua parte em água e apoio moral.
Por ser estratégica, a empresa não visa o lucro e toda a energia produzida deve ser comprada e dividida em partes iguais entre, e deve ser consumida pelos, países acionistas, mas o excedente não-consumido pode ser comprado pelo outro. As tarifas da energia são para cobrir os custos, de produção e de amortização da dívida.
Devido a falta de demanda paraguaia, o Brasil acaba utilizando 95% da energia produzida pela usina. A parte efetivamente consumida pelo Brasil é responsável por aproximadamente 20% da nossa matriz elétrica, enquanto os 5% que o Paraguai utiliza respondem por 95% da matriz deles. Como a segurança energética é desprezada por essas bandas como tema de debate, a desproporção reflete a importância que é dada à usina na política interna de cada país. Irrisória no Brasil, imensa no Paraguai.
A revisão do acordo de criação de da empresa binacional ou, no mínimo, das tarifas pagas pelo Brasil, e conseqüente ganhos nos royalties recebidos pelo Paraguai, foi uma das mais poderosas plataformas da campanha que levou Fernado Lugo ao poder. A proposta apresentada ao Brasil para uma renegociação oscila entre a sandice e a desrespeito ao direito internacional.
A falta de respeito seria entre o acordo firmado para que toda a energia seja utilizada pelos sócios. Ela é baseada em uma situação conjuntural. A Argentina, que foi historicamente um exportador líquido, tornou-se importador de energia e o Paraguai vê aí uma oportunidade de fazer caixa. A insanidade na proposta de que, baseado em seu histórico de utilização da produção, o Brasil assuma 95% da dívida da empresa. Equivalente a espetar na conta do cliente a dívida da loja.
As lideranças esquerdistas que chegaram ao poder na América Latina têm tentado fazer revisões contratuais alegando que os acordos assinados pelos governos anteriores são incorretos: a)politicamente; b)economicamente; c)juricamente, e d)todos os anteriores. Itaipu Binacional foi uma benção para o Paraguai economicamente falando; juridicamente foi assinado por partes soberanas e aptas a tal, sem o uso de força. Politicamente tudo é contestável, pois mutáveis são, por definição, os governos em que há confrontação política e os "interesses nacionais" que defendem. Mas mesmo aí fica difícil defender a revisão, já que o acordo serviu de veículo para dirimir conflitos históricos entre as partes.
Pelas resoluções anteriores dos contenciosos Brasil-resto da América do Sul, fica difícil acreditar que passaremos ilesos da reivindicação paraguaia. Espero que a ferida não seja muito funda, afinal há Peru, Chile, Guiana, Suriname e França na fila.
O Paraguai já escolheu seu quinhão. Quer levar Itaipu de presente. Ou melhor, quer levar o resto de Itaipu de presente.
Itaipu Binacional é, como o próprio nome diz, uma empresa partilhada entre os acionistas, Brasil e Paraguai, em partes iguais. Mais do que para a segurança energética do Brasil, foi concebida, por brasileiros, para cessar com quaisquer problemas de fronteira e selar uma parceria estratégica. O capital para iniciar a empresa foi 100% brasileiro (emprestamos o capital inicial que eles não tinham) e o resto foi financiado, com a parte de maior credibilidade creditícia sendo o Brasil. O Paraguai entrou com sua parte em água e apoio moral.
Por ser estratégica, a empresa não visa o lucro e toda a energia produzida deve ser comprada e dividida em partes iguais entre, e deve ser consumida pelos, países acionistas, mas o excedente não-consumido pode ser comprado pelo outro. As tarifas da energia são para cobrir os custos, de produção e de amortização da dívida.
Devido a falta de demanda paraguaia, o Brasil acaba utilizando 95% da energia produzida pela usina. A parte efetivamente consumida pelo Brasil é responsável por aproximadamente 20% da nossa matriz elétrica, enquanto os 5% que o Paraguai utiliza respondem por 95% da matriz deles. Como a segurança energética é desprezada por essas bandas como tema de debate, a desproporção reflete a importância que é dada à usina na política interna de cada país. Irrisória no Brasil, imensa no Paraguai.
A revisão do acordo de criação de da empresa binacional ou, no mínimo, das tarifas pagas pelo Brasil, e conseqüente ganhos nos royalties recebidos pelo Paraguai, foi uma das mais poderosas plataformas da campanha que levou Fernado Lugo ao poder. A proposta apresentada ao Brasil para uma renegociação oscila entre a sandice e a desrespeito ao direito internacional.
A falta de respeito seria entre o acordo firmado para que toda a energia seja utilizada pelos sócios. Ela é baseada em uma situação conjuntural. A Argentina, que foi historicamente um exportador líquido, tornou-se importador de energia e o Paraguai vê aí uma oportunidade de fazer caixa. A insanidade na proposta de que, baseado em seu histórico de utilização da produção, o Brasil assuma 95% da dívida da empresa. Equivalente a espetar na conta do cliente a dívida da loja.
As lideranças esquerdistas que chegaram ao poder na América Latina têm tentado fazer revisões contratuais alegando que os acordos assinados pelos governos anteriores são incorretos: a)politicamente; b)economicamente; c)juricamente, e d)todos os anteriores. Itaipu Binacional foi uma benção para o Paraguai economicamente falando; juridicamente foi assinado por partes soberanas e aptas a tal, sem o uso de força. Politicamente tudo é contestável, pois mutáveis são, por definição, os governos em que há confrontação política e os "interesses nacionais" que defendem. Mas mesmo aí fica difícil defender a revisão, já que o acordo serviu de veículo para dirimir conflitos históricos entre as partes.
Pelas resoluções anteriores dos contenciosos Brasil-resto da América do Sul, fica difícil acreditar que passaremos ilesos da reivindicação paraguaia. Espero que a ferida não seja muito funda, afinal há Peru, Chile, Guiana, Suriname e França na fila.
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Desperdiçando desenvolvimento II
Já defendi nesta página que o Brasil pode não ter alcançado um grau maior de desenvolvimento social devido à abundância relativa de mão-de-obra, que teria causado uma cultura de desvaloração do trabalho, agravada, mesmo após o seu fim, pela escravatura. O, atualmente, deputado Paulo Renato de Souza defendeu, em sua tese de doutorado, que a grande massa de migrantes do meio rural para os centros urbanos em processo de industrialização foi o fator que permitiu a compressão salarial, na terminologia cara aos sindicalistas.
É claro, entretanto, que a escassez não é um garantia de desenvolvimento. Caso isso fosse verdadeiro, os países localizados no Saara seriam os mais desenvolvidos do mundo. O encarecimento relativo aos outros preços da economia, no entanto, leva a um melhor aproveitamento de qualquer recurso e, freqüentemente, a avanços tecnológicos poupadores do mesmo. De certa forma, estamos, no Brasil, sendo vítimas dessa poupança.
Tecnologias vindas dos países desenvolvidos, nos quais há escassez estrutural de mão-de-obra, são adotadas aqui onde há falta de empregos para a população jovem que entra na população economicamente ativa a cada ano. O pior é que contribuímos para isso com uma lei trabalhista que torna um empregado um investimento maior do que um equipamento. Enquanto uma máquina custa o valor que se paga por ela e mais manutenção, um humano custa para ser encontrado, mantido e dispensado, com um adicional de risco judicial enorme.
Deve-se, portanto, neste momento de reflexão sobre o futuro, que caracteriza os primeiros dias do ano, pensar uma maneira de impedir que nosso capital humano fique ocioso. A reforma trabalhista é, mais do que qualquer outra, a essencial agora. Como ela não é de interesse dos sindicatos organizados que mandam no governo, continuaremos desperdiçando nosso fundo de serviços.
É claro, entretanto, que a escassez não é um garantia de desenvolvimento. Caso isso fosse verdadeiro, os países localizados no Saara seriam os mais desenvolvidos do mundo. O encarecimento relativo aos outros preços da economia, no entanto, leva a um melhor aproveitamento de qualquer recurso e, freqüentemente, a avanços tecnológicos poupadores do mesmo. De certa forma, estamos, no Brasil, sendo vítimas dessa poupança.
Tecnologias vindas dos países desenvolvidos, nos quais há escassez estrutural de mão-de-obra, são adotadas aqui onde há falta de empregos para a população jovem que entra na população economicamente ativa a cada ano. O pior é que contribuímos para isso com uma lei trabalhista que torna um empregado um investimento maior do que um equipamento. Enquanto uma máquina custa o valor que se paga por ela e mais manutenção, um humano custa para ser encontrado, mantido e dispensado, com um adicional de risco judicial enorme.
Deve-se, portanto, neste momento de reflexão sobre o futuro, que caracteriza os primeiros dias do ano, pensar uma maneira de impedir que nosso capital humano fique ocioso. A reforma trabalhista é, mais do que qualquer outra, a essencial agora. Como ela não é de interesse dos sindicatos organizados que mandam no governo, continuaremos desperdiçando nosso fundo de serviços.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Alguma coisa está muito errada
Descobrimos que há algo muito errado com nossas fontes de informação quando se leva mais de uma semana para descobrir que ocorreu a morte de Samuel P. Huntington e apenas poucas horas que partiu dessa para uma melhor o Bandido, que, ao que consta, era mal, pegava um, pegava geral.
Nem é que eu concordasse com as teorias do estudioso, mas acho que ele era mais útil ao mundo do que o touro. Só que do bovino já há 6 clones, do humano teremos só os livros, o que pode não ser pouca coisa, porém não evoluem mais.
É, talvez não sejam apenas minhas fontes que estão erradas, mas o mundo inteiro.
Nem é que eu concordasse com as teorias do estudioso, mas acho que ele era mais útil ao mundo do que o touro. Só que do bovino já há 6 clones, do humano teremos só os livros, o que pode não ser pouca coisa, porém não evoluem mais.
É, talvez não sejam apenas minhas fontes que estão erradas, mas o mundo inteiro.
domingo, 4 de janeiro de 2009
Incursão terrestre
Devo admitir que a incursão terrestre das tropas israelenses à Gaza surpreendeu-me. É a típica situação em que se tem pouco a ganhar e muito a perder.
Os foguetes lançados de Gaza são uma ameaça muito maior à moral do que à existência do Estado de Israel. Parece-me que eles mataram 4 pessoas desde que começaram a ser lançados. Os combates no campo inimigo será provavelmente mais mortal para os militares de Israel.
Acontece que cada vítima dessa guerra será um troféu para o Hamas. Uma israelense, exibida como prova do poderio das milícias por ele comandadas.Uma palestina, como um mártir, se combatente, ou um inocente assassinado pelas forças ocupantes, se não. Para as tropas israelenses o efeito será quase diametralmente inverso. Toda e qualquer vítima será um ônus da ação vista como desproporcional. E já vimos este filme. Ocorreu o mesmo com relação ao Hezbollah.
O fato é que o Hamas atraiu os israelenses para Gaza deliberadamente. Fez isso para fortalecer-se no imaginário palestino como sua contraparte libanesa. Mas o que levou o governo israelense a agir? Creio que a fraqueza política provocada pelo escândalo em que o primeiro-ministro Olmert viu-se envolvido a mais de um ano, resultando em antecipação das eleições. O Kadima precisa mostrar que é viável para a votação marcada para fevereiro, e o faz por meio das armas. É uma estratégia arriscada pois pressupõe que não ocorrerão muitas baixas nas tropas e que a missão será curta. Qualquer outro cenário será usado pela oposição como sinal de que o governo atual é incompetente para lidar com as questões de segurança.
Espero que o menor número possível de civis seja afetado, embora saiba que milhares serão.
Os foguetes lançados de Gaza são uma ameaça muito maior à moral do que à existência do Estado de Israel. Parece-me que eles mataram 4 pessoas desde que começaram a ser lançados. Os combates no campo inimigo será provavelmente mais mortal para os militares de Israel.
Acontece que cada vítima dessa guerra será um troféu para o Hamas. Uma israelense, exibida como prova do poderio das milícias por ele comandadas.Uma palestina, como um mártir, se combatente, ou um inocente assassinado pelas forças ocupantes, se não. Para as tropas israelenses o efeito será quase diametralmente inverso. Toda e qualquer vítima será um ônus da ação vista como desproporcional. E já vimos este filme. Ocorreu o mesmo com relação ao Hezbollah.
O fato é que o Hamas atraiu os israelenses para Gaza deliberadamente. Fez isso para fortalecer-se no imaginário palestino como sua contraparte libanesa. Mas o que levou o governo israelense a agir? Creio que a fraqueza política provocada pelo escândalo em que o primeiro-ministro Olmert viu-se envolvido a mais de um ano, resultando em antecipação das eleições. O Kadima precisa mostrar que é viável para a votação marcada para fevereiro, e o faz por meio das armas. É uma estratégia arriscada pois pressupõe que não ocorrerão muitas baixas nas tropas e que a missão será curta. Qualquer outro cenário será usado pela oposição como sinal de que o governo atual é incompetente para lidar com as questões de segurança.
Espero que o menor número possível de civis seja afetado, embora saiba que milhares serão.
sábado, 3 de janeiro de 2009
Sensatez, não pessimismo
Os personagens desta reportagem, pelo que parece, são apontados como pessimistas, mas são, no máximo, sensatos ao falar o que qualquer um pode ver e não tem coragem de dizer.
Apostar contra os Estados Unidos, uma potência militar, é considerado loucura desde o colapso da União Soviética. Livros como O fim da História e o último homem, de Fukuyama, propagaram a idéia de que o capitalismo de viés norte-americano havia triunfado e congelaria o poder mundial, mantendo-o com os países ricos ocidentais. Alguns aplicadores começaram a achar que não havia risco na revogação da lógica que passou a imperar na economia estadunidense.
Lendo meu blog, vocês perceberam que apóio a tese de que a nobreza está em consumir, gerando bem-estar à população, e que a produção serve apenas para dar suporte para a sociedade fazê-lo. Há também, porém, uma versão, que considero inversão de valores, que leva economistas a pensar que se deve sempre aumentar a produção, pois ela cria o consumo e o bem-estar. Esta tese é baseada na chamada "Lei de Say".
Nos Estados Unidos a tese invertida parece não ter encontrado solo onde se enraizar. Em compensação, criou-se uma radicalização da sociedade de consumo. Pensou-se que se poderia consumir sem produzir. Que um país com déficits externos imensos, e crescentes, poderia manter-se consumindo eternamente mais do que produz, e que as demais nações permitiriam isso indefinidamente, financiando-o ad eternum. Um arranjo impossível, mas que os analistas consideravam desejável e, portanto, procuravam justificar sua manutenção.
Os três analistas da reportagem saíram da manada. E estão certos em fazê-lo. O que dizem é puro bom senso e fatos históricos. O último país a cair em uma armadilha semelhante àquela em que os Estados Unidos entraram, o Japão, ainda se debate com o baixo crescimento, permeado por períodos de recessão prolongada. Os investidores que fugiram para o dólar não demorarão a perceber que, se no curto foi uma boa escolha, o diferencial o crescimento mundial e o (des)crescimento estadunidense derrubarão o valor da moeda, o que, somado aos baixos juros pagos pelo Tesouro daquele país, redundará em prejuízos. Pelo mesmo motivo as ações das empresas dos países chamados emergentes serão as mais lucrativas do período.
Vemos, então, que esses analistas estão rindo agora e permanecerão com sorrisos por um bom tempo.
Apostar contra os Estados Unidos, uma potência militar, é considerado loucura desde o colapso da União Soviética. Livros como O fim da História e o último homem, de Fukuyama, propagaram a idéia de que o capitalismo de viés norte-americano havia triunfado e congelaria o poder mundial, mantendo-o com os países ricos ocidentais. Alguns aplicadores começaram a achar que não havia risco na revogação da lógica que passou a imperar na economia estadunidense.
Lendo meu blog, vocês perceberam que apóio a tese de que a nobreza está em consumir, gerando bem-estar à população, e que a produção serve apenas para dar suporte para a sociedade fazê-lo. Há também, porém, uma versão, que considero inversão de valores, que leva economistas a pensar que se deve sempre aumentar a produção, pois ela cria o consumo e o bem-estar. Esta tese é baseada na chamada "Lei de Say".
Nos Estados Unidos a tese invertida parece não ter encontrado solo onde se enraizar. Em compensação, criou-se uma radicalização da sociedade de consumo. Pensou-se que se poderia consumir sem produzir. Que um país com déficits externos imensos, e crescentes, poderia manter-se consumindo eternamente mais do que produz, e que as demais nações permitiriam isso indefinidamente, financiando-o ad eternum. Um arranjo impossível, mas que os analistas consideravam desejável e, portanto, procuravam justificar sua manutenção.
Os três analistas da reportagem saíram da manada. E estão certos em fazê-lo. O que dizem é puro bom senso e fatos históricos. O último país a cair em uma armadilha semelhante àquela em que os Estados Unidos entraram, o Japão, ainda se debate com o baixo crescimento, permeado por períodos de recessão prolongada. Os investidores que fugiram para o dólar não demorarão a perceber que, se no curto foi uma boa escolha, o diferencial o crescimento mundial e o (des)crescimento estadunidense derrubarão o valor da moeda, o que, somado aos baixos juros pagos pelo Tesouro daquele país, redundará em prejuízos. Pelo mesmo motivo as ações das empresas dos países chamados emergentes serão as mais lucrativas do período.
Vemos, então, que esses analistas estão rindo agora e permanecerão com sorrisos por um bom tempo.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Desperdiçando desenvolvimento
Em artigo sobre a busca de novas formas de contabilização da riqueza que não o PIB, Washington Novaes (íntegra aqui) relata que, a respeito do transporte, "o paulistano consome em média duas horas diárias para isso; multiplicadas por 5 milhões de pessoas, serão 10 milhões de horas por dia, que, multiplicadas pelo número de dias no ano e pelo valor médio da hora de trabalho, produzirão um valor fantástico - que, se pudesse ser transposto para investimento em transportes públicos (ampliação da rede do metrô, por exemplo), em poucos anos melhoraria extraordinariamente a qualidade de vida dos cidadãos."
Capital é, classicamente, definido como o fator socialmente produzido utilizado, no sistema capitalista, na produção de bens e serviços destinados à venda (as mercadorias). Georgescu-Roegen o divide em dois: os fundos de serviço e os estoques. Os primeiros são formados por máquinas, prédios e equivalentes, e o segundos por matérios-primas, produtos acabados e peças de reposição. Estes podem ser armazenados enquanto aqueles constituem desperdício quando não utilizados.
Para entender como ocorre o desperdício devemos nos atentar para a natureza destes fundos de serviço. Como o próprio nome indica, eles têm como função prestar algum serviço econômico durante o processo de produção de um bem ou serviço sem incorporar-se ao produto final. É, portanto, um capital do qual se frui o tempo efetivamente usado e apenas ele. Como o tempo não pode ser estocado, por mais que esse seja o sonho de quase todos, deixar de utilizar um fundo de serviço equivale a desperdiçar tempo e, como sabemos a relação entre eles, dinheiro. A idéia proposta por Georgescu-Roegen é, como vimos, facilmente demonstrável. Se não é mais utilizada na análise econômica neoclássica é porque seu cálculo agrega uma complexidade que poucos querem enfrentar.
O conceito de capital humano segue as mesmas linhas gerais, e é todo do tipo fundo de serviços. Apesar das questões éticas envolvidas - alguns recusam-se a considerar pessoas, e não o ente abstrato trabalho, como parte da engrenagem da produção capitalista -, a não utilização plena desse tipo de capital tem implicações para o país além das sociais, que podem ser mitigadas com ações distributivas, como o Bolsa-família. Essa falha econômica resulta no empobrecimento geral da nação, pelo não aproveitamento de potencialidades que não podem ser estocadas.
A plena utilização do nosso capital humano, seja diminuindo a taxa de desemprego, seja melhorando a eficiência do transporte coletivo para que ele não fique represado em congestionamentos constantes, como os paulistanos, deve ser a busca de todos os governantes deste país. Qualquer coisa diferente disso é contraproducente para o desenvolvimento.
Capital é, classicamente, definido como o fator socialmente produzido utilizado, no sistema capitalista, na produção de bens e serviços destinados à venda (as mercadorias). Georgescu-Roegen o divide em dois: os fundos de serviço e os estoques. Os primeiros são formados por máquinas, prédios e equivalentes, e o segundos por matérios-primas, produtos acabados e peças de reposição. Estes podem ser armazenados enquanto aqueles constituem desperdício quando não utilizados.
Para entender como ocorre o desperdício devemos nos atentar para a natureza destes fundos de serviço. Como o próprio nome indica, eles têm como função prestar algum serviço econômico durante o processo de produção de um bem ou serviço sem incorporar-se ao produto final. É, portanto, um capital do qual se frui o tempo efetivamente usado e apenas ele. Como o tempo não pode ser estocado, por mais que esse seja o sonho de quase todos, deixar de utilizar um fundo de serviço equivale a desperdiçar tempo e, como sabemos a relação entre eles, dinheiro. A idéia proposta por Georgescu-Roegen é, como vimos, facilmente demonstrável. Se não é mais utilizada na análise econômica neoclássica é porque seu cálculo agrega uma complexidade que poucos querem enfrentar.
O conceito de capital humano segue as mesmas linhas gerais, e é todo do tipo fundo de serviços. Apesar das questões éticas envolvidas - alguns recusam-se a considerar pessoas, e não o ente abstrato trabalho, como parte da engrenagem da produção capitalista -, a não utilização plena desse tipo de capital tem implicações para o país além das sociais, que podem ser mitigadas com ações distributivas, como o Bolsa-família. Essa falha econômica resulta no empobrecimento geral da nação, pelo não aproveitamento de potencialidades que não podem ser estocadas.
A plena utilização do nosso capital humano, seja diminuindo a taxa de desemprego, seja melhorando a eficiência do transporte coletivo para que ele não fique represado em congestionamentos constantes, como os paulistanos, deve ser a busca de todos os governantes deste país. Qualquer coisa diferente disso é contraproducente para o desenvolvimento.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
50 anos depois
Hoje completam-se 50 anos de um golpe que transformou um tirano em símbolo do socialismo latino-americano e um louco em ícone da resistência popular ao capitalismo. Respectivamente, Fidel Castro e Esnesto "Che" Guevara.
O editorial do Estadão faz uma retrospectiva sobre o efeito do ato nesse meio século. Eu quero falar sobre algo mais prosaico. A aura que estas figuras ainda têm para a esquerda brasileira.
Há cerca de 5 anos, uma amiga voltou de Cuba, de uma viagem de férias, e falou-me entusiasmada de como eram mentirosas as afirmações de que não existe liberdade de imprensa na ilha, citando as pilhas de livros criticando Castro que havia visto nas livrarias que visitara. Com entusiasmo ainda maior, relatou o quão esperto era o ditador por ter criado duas moedas, uma para turistas e outras para os residentes.
Não tenho como contestar a primeira fala, já que nunca estive em Cuba, o que lamento. Quanto à esperteza das duas moedas, faz-me rir.
Só mesmo a esquerda que vê o povo como uma abstração pode achar que um Estado em que circulam moedas diferentes para as diversas classes de consumidor uma boa idéia (exercerei meu direito legal de usar este acento por algum tempo). Essa e outras medidas econômicas do ditadura cubana só servem para transformar uma outrora próspera, mas desigual, ilha em uma pedinte internacional usada, desde muito, como uma arma moral contra os Estados Unidos da América.
O fato de existir mais de uma moeda corrente é o maior indício da falência de um Estado. O que só é confirmado pelo mercado negro e o abandono de funções do médio escalão da burocracia estatal pela população para assumir postos na indústria do turismo para ter acesso a moeda estrangeira e, assim, melhorar os rendimentos.
O regime cubano está moribundo como seu ex-líder. Se ainda não caiu, deve dar graças aos estadunidenses, que, devido à ações impensadas, deu munição ideológica ao castrismo como pobres revolucionários contra o império. Segue massacrando, porém, a população de uma ilha que é visitada por milhares de turistas anualmente por suas belezas naturais e suas características de museu do esquerdismo de características comunistas.
Que uma geração de pessoas estudadas e bem-intencionadas em países democráticos ainda nutram admiração por pessoas que cometeram uma infinidade de assassinatos deliberados, à bala, ou não - por fome, doença e perseguições - é um mistério para mim. Que os vejam como símbolo e ícone positivos, lastimável.
O editorial do Estadão faz uma retrospectiva sobre o efeito do ato nesse meio século. Eu quero falar sobre algo mais prosaico. A aura que estas figuras ainda têm para a esquerda brasileira.
Há cerca de 5 anos, uma amiga voltou de Cuba, de uma viagem de férias, e falou-me entusiasmada de como eram mentirosas as afirmações de que não existe liberdade de imprensa na ilha, citando as pilhas de livros criticando Castro que havia visto nas livrarias que visitara. Com entusiasmo ainda maior, relatou o quão esperto era o ditador por ter criado duas moedas, uma para turistas e outras para os residentes.
Não tenho como contestar a primeira fala, já que nunca estive em Cuba, o que lamento. Quanto à esperteza das duas moedas, faz-me rir.
Só mesmo a esquerda que vê o povo como uma abstração pode achar que um Estado em que circulam moedas diferentes para as diversas classes de consumidor uma boa idéia (exercerei meu direito legal de usar este acento por algum tempo). Essa e outras medidas econômicas do ditadura cubana só servem para transformar uma outrora próspera, mas desigual, ilha em uma pedinte internacional usada, desde muito, como uma arma moral contra os Estados Unidos da América.
O fato de existir mais de uma moeda corrente é o maior indício da falência de um Estado. O que só é confirmado pelo mercado negro e o abandono de funções do médio escalão da burocracia estatal pela população para assumir postos na indústria do turismo para ter acesso a moeda estrangeira e, assim, melhorar os rendimentos.
O regime cubano está moribundo como seu ex-líder. Se ainda não caiu, deve dar graças aos estadunidenses, que, devido à ações impensadas, deu munição ideológica ao castrismo como pobres revolucionários contra o império. Segue massacrando, porém, a população de uma ilha que é visitada por milhares de turistas anualmente por suas belezas naturais e suas características de museu do esquerdismo de características comunistas.
Que uma geração de pessoas estudadas e bem-intencionadas em países democráticos ainda nutram admiração por pessoas que cometeram uma infinidade de assassinatos deliberados, à bala, ou não - por fome, doença e perseguições - é um mistério para mim. Que os vejam como símbolo e ícone positivos, lastimável.
Feliz Ano Novo
O ano que passou não foi dos melhores, mas trouxe novidades interessantes.
Espero que este que agora começa traga novidades e deixe para trás as coisas deploráveis do passado.
Uma que ficará nos livros de história é a presidência de George Walker Bush, e eu creio que pior do que com ele não ficará.
Então vamos comemorar.
Espero que este que agora começa traga novidades e deixe para trás as coisas deploráveis do passado.
Uma que ficará nos livros de história é a presidência de George Walker Bush, e eu creio que pior do que com ele não ficará.
Então vamos comemorar.
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