segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Grandes empresas, péssimos negócios

O Hopi Hari é tudo que poderíamos querer de uma empresa. Está localizado em um mercado de mais de vinte milhões de pessoas, gera milhares de empregos, produz pouca poluição ambiental e trouxe novas tecnologias, já consagradas no exterior, para aplacar a carência de brasileiros por parques de diversões modernos.
Em dez anos de atividades, atraiu quinze milhões de visitantes, o que lhe garante uma margem operacional folgada, de cerca de 20%. Esses atributos deveriam fazer feliz qualquer proprietário, entretanto, como informa Vanessa Adachi, no Valor Econômico de hoje, os fundadores de parque - GP Investimentos e os fundos de pensão Previ, Funcef, Petros e Atlântico - estão se desfazendo do negócio, passados às mãos da consultoria Íntegra, sem receber um centavo em troca.
Essa aparente contradição acontece porque o Brasil é campeão mundial indiscutível de juros reais. Sendo operacionalmente compensador, o Hopi Hari foi sempre um sorvedouro de recursos no front financeiro, acumulando, da sua criação até setembro do ano passado, 654 milhões de reais em prejuízos.
Tal desastre empresarial é emblemático das condições nacionais para a manutenção e criação de negócios saudáveis. Qualquer empreendedor que queira aplicar capital próprio deve ter sua sanidade mental investigada, pois há poucos negócios capazes de remunerar melhor do que a Selic, e quem pedir empréstimo para abrir uma empresa deve ser internado na psiquiatria sumariamente.
Mudar esse quadro deveria ser a missão precípua de todos os governantes brasileiros. Os passados e, sobretudo, os atuais, no entanto, preferem se concentrar em aumentar os gastos, solapando a queda da dívida pública e, consequentemente, dos juros. Não há milagre que desenvolva um país assim. Mesmo porque já tivemos o nosso, e os santos e sua obra mostraram-se do pau oco.

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