Malandro é malandro e mané é mané, já dizia Bezerra da Silva, mas além de nascer de bigode o bom malandro sabe que não é em todo lugar que pode exercitar seus, assim digamos, dotes malandristícos. Para isso tem hora e lugar.
Meu amigo, o China, enunciou a Teoria da queda no bambu. Não há nenhuma conotação sexual aí, ele só demonstrou que a presunção, a inocência ou a ignorância – e certamente uma combinação delas – sempre leva ao desastre. O nome da teoria vem da experiência norte-americana na Guerra do Vietnã, na qual soldados equipados com o que de melhor havia na época (o que levava à presunção de vitória) e não-adaptados às condições da mata (inocência ou ignorância do que podiam encontrar) acabaram derrotados pelos nativos. É verdade que os nativos tinham um certo apoio logístico e de fornecimento de armas leves dos soviéticos, mas o que conta é que a nação norte-americana caiu no bambu, e alguns soldados também.
Voltando a malandragem, quanto mais malandra a pessoa - ou país - se acha, mais próxima está de cair no bambu. Vejamos, os países ricos criaram a OMC (Organização Mundial do Comércio) para regular o mundo, acreditando que por ter uma experiência maior em comércio exterior seria sempre vitoriosa dos contenciosos. Isso foi verdade por muito tempo, mas agora o jogo está começando a virar.
Ocorreu o contencioso do algodão. Estados Unidos contra uma série de países sub-desenvolvidos. Pela lógica os americanos iriam ganhar fácil. Não foi o que aconteceu, já perderam em última instância. Baaaammmmbu.
Daí veio o do açúcar. União Européia contra os grandes produtores mundiais que não utilizam o subsídio como forma de incrementar exportações (Brasil, Índia e Austrália principalmente). Europeus confiantes na vitória, mas... Outro baaaaaammmmbu.
Por que eu estou falando a respeito disso, você pode estar se perguntando? Bem, O Brasil está querendo por a as asinhas pra fora. Este governo está a cada momento tentando ser um protagonista maior da geopolítica internacional.
É a intervenção no Haiti, é a formação do grupo dos 20, é a organização do encontro de Cúpula Árabe-latino-ameircana, é, é, é ... é a tentativa de repentinamente abraçar o mundo.
Não que ser um protagonista seja ruim. Na maioria das vezes é muito bom. Todos os holofotes sobre você. É consultado sobre tudo. Tem mordomias. Mas, e há sempre os mas, tem também as responsabilidades, a diminuição da margem de erro, ser chamado a resolver os problemas alheios mesmo não tendo feito nada para criá-los.
É o se preocupar se também a política do Equador, como se a nossa já não fosse preocupante o suficiente.
E a cada momento estamos mais perto de ocupar a tão sonhada cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU (apesar de ainda estarmos bem distante). Já é hora de pensarmos o que faremos depois de sentar nela. Temos um plano para o depois? Será que estamos apenas correndo o mais rápido possível para tropeçar e acabarmos empalados em uma fossa com bambus?
Está na hora de provar que somos malandros e não manés.
Um comentário:
Queda no Bambu. Fato corriqueiro para nossos políticos, já que todos estão querendo ser malandros. Está na moda.
Penso se, realmente, conseguiremos provar internacionalmente aquilo que não conseguimos provar nacionalmente.
É possível enganar alguns durante muito tempo. É possível enganar muitos por pouco tempo. É impossível enganar a todos o tempo todo.
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