Neste 13 de maio, celebraram-se, e se celebrarão ainda, de muitas e variadas formas o término oficial da escravatura no Brasil. Há exatos 117 anos a Lei Áurea era assinada.
Muito já se falou, explicou, intuiu a respeito da motivação que levou a assinatura da lei, o mesmo valendo para as conseqüências dela. O fato é que hoje, 2005, vivemos em um dos países mais desiguais do mundo.
E muitos creditam ao preconceito racial esta desigualdade e pedem ações afirmativas para corrigir isto. Sou, a princípio, contrário a toda e qualquer ação afirmativa no Brasil, principalmente nos meios de admissão aos postos de serviço e de educação públicos ( ver o texto sobre política de cotas em http://eudiscordomesmo.blogspot.com/2005/04/poltica-de-cotas-raciais.html ).
Não acredito que a discriminação é um bom caminho para combater a discriminação. Acho até que ela é uma forma de acentuá-la. E quem aponta os Estados Unidos, berço das ações afirmativas, como exemplo deve verificar que os únicos locais onde os negros e latinos, as minorias discriminadas de lá, estão sobre-representadas são na prisão e no exército. Será que este negócio realmente funciona mesmo?
Isto não significa, porém que nada deve ser feito. A luta por mais justiça social deve ser de toda a sociedade, desde o mais rico até o mais pobre. É um dos paradoxos do capitalismo que ele funcione melhor em sociedade com grande equilíbrio social e de renda (aí quanto mais alta melhor), mas que tenda a concentrar a renda. É um sistema que tende ao desequilíbrio social e econômico intrinsecamente.
Mas, já que não se encontrou nada melhor para ser aplicado ainda, é com este sistema que vamos, e devemos tentar encontrar meios de deter esta tendência. Todos sairão ganhando, pois em casos de maior equidade há reflexos positivos no mercado de trabalho e menor tensões sociais.
E os melhores meios para deter, e às vezes reverter, esta tendência de concentração de renda parecem ser a educação e a democracia. Artigos que faltam no Brasil, senão na quantidade, na qualidade.
Então, espero que nos futuros 13 de maio se pense menos nas diferenças de cor de pele e mais em políticas de melhoria das escolas públicas e de captação para o voto e a função pública.
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