quinta-feira, 26 de maio de 2005

Fiquem Robinho e outros mais

Como já escrevi em um texto anterior, não acredito que o êxodo de jogadores de futebol leve necessariamente ao enfraquecimento do nosso esporte, já que obriga a uma renovação constante de jogadores. Mas existe um porém.
Em um momento que o fenômeno esportivo move multidões e fortunas, ter pessoas com empatia com o público (possíveis consumidores) é uma mina de ouro, e é nisto que os clubes devem pensar antes de simplesmente vender, vender e vender.
Quando um time estrangeiro vem ao Brasil contratar uma de nossas promessas por milhares de dólares, não o faz por caridade, mas esperando obter lucro com a transação. Também não é por generosidade que jogadores dos times de ponta do futebol figuram entre os atletas mais bem pagos do mundo. Se estão nesta lista invejável é por que dão retorno financeiro, além do esportivo.
Foi amplamente noticiado que as contratações “galácticas” anuais do Real Madrid (Figo, Zidane, Ronaldinho, etc) deram retorno financeiro antes mesmo de pisarem no gramado, simplesmente com a venda de camiseta com o seu nome. Então, se o Real Madrid pode contratar estrelas anualmente e ainda obter retorno com isso, por que os times brasileiros não conseguem ao menos manter as que têm no elenco?
Será que único lugar onde o marketing funciona no mundo do futebol é o continente europeu? E de modo generalizado, para países como Ucrânia e Bélgica terem mais poder de atração para jogadores que o Brasil?
Mesmo levando-se em conta as desigualdades, nosso país tem uma economia muito maior do que estes dois, por exemplo ( como pode ser observado na seguinte página, http://www.nationmaster.com/graph-T/eco_gdp_ppp ).
Se não consegue segurar os jogadores, é muito mais uma questão de mal-gerenciamento do que falta de recursos. Senão, como explicar que jogadores que são ídolos aqui mias apenas desconhecidos lá, podem ter maior valor para os clubes europeus do que para os brasileiros?
Como entender que Robinho valha mais para o Real Madrid, que fica em uma cidade onde ninguém o conhece, do que para o Santos, situado em um estado no qual o movimento “Fica Robinho” já tomou as ruas?
Na verdade não vejo explicação. Muito do apelo que os times estrangeiros têm para nossos atletas é pelo deslumbramento do povo brasileiro por tudo que está lá (fora do Brasil), mas ninguém, ou quase ninguém, deixaria um local onde está adaptado e é ídolo, para ganhar menos em uma aventura no estrangeiro.
Se não conseguimos ao menos igualar as ofertas para que Robinho e companhia fiquem, não temos que culpar a situação geral do país, e sim a inoperância de nossos dirigentes esportivos que, perante o vasto arsenal de possibilidade de capitalizar os clubes com a imagem dos atletas, prefere usar apenas uma forma, a venda dos mesmos.

Nenhum comentário: