segunda-feira, 16 de maio de 2005

Nostalgia do que não vivi

Na semana daquele que será o maior lançamento cinematográfico do ano - o sexto (ou terceiro, depende de como se encara) “Guerra nas Estrelas”: “A vingança dos Sith” - assisti a um filme na tv que me fez refletir sobre o cinema ao qual temos acesso hoje.
Este filme foi “Ensina-me a viver” (Harold and Maude, 1971), rodado antes mesmo do meu nascimento. Uma certa nostalgia do que não vivi se passou porque o filme se baseia simplesmente na história; ao contrário das superproduções de hoje, que são mais veículos para mostrar as inovações tecnológicas da indústria do entretenimento e nos quais as histórias são quase acessórias.
Não que eu tenha gostado particularmente do filme. Os personagens não são simpáticos e não fiquei fascinado com a atuação de nenhum ator, mas chega a surpreender que um filme mais antigo do que eu ainda provoque em mim algum tipo de sentimento, mesmo estando completamente fora do contexto no qual foi filmado.
Isto se deve principalmente ao fato que o que realmente importa no filme é a temática universal. Trata de amor, relações familiares, conflito entre gerações, sentimento de pertinência, etc. Tudo tendo como pano de fundo a paixão de uma idosa pela vida e o fascínio de um jovem rapaz pela morte, que ao final da trama parecem se inverter.
Apenas o fato deste filme ter sido rodado já mostra o quanto o cinema mudou nestas pouco mais de três décadas que separam “Ensina-me a viver” de “A vingança dos Sith”. O primeiro só tinha a boa história a impulsioná-lo; nem a muleta definitiva para os chamados filmes sérios há, pois os atores do filme não são particularmente bonitos ou mesmo famosos. O segundo tem como principal atrativo os cerca de 90 minutos de efeitos especiais, além de elenco particularmente bonito e personagens muito, muito conhecidos.
Vivi durante toda a minha vida uma certa ditadura cinematográfica dos filmes para adolescentes, e não posso dizer que não aproveitei a fase quando era um (tendo inclusive Guerra nas Estrelas como um dos meus ícones), porém toda a ditadura cansa algum dia e não sei se é acaso minha saudade de filmes centrados na história, com os quais tive muito pouco contato.

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