terça-feira, 14 de abril de 2009

Queimando tudo


Existem muitas medidas para tentar estimar o grau de riqueza de uma sociedade. As preferidas de cada grupo dependerão dos recursos mais abundantes, se forem do lado dos governos, ou escassos, se do lado da oposição, em cada região.
As ditaduras comunistas gostavam de apresentar valores geopolíticos como referência. Era perfeitamente natural; não conseguindo competir economicamente, apontavam sua capacidade de influenciar outras nações como sua maior riqueza.
As nações ocidentais capitalistas "avançadas" apegaram-se aos números dos Produtos Internos e Produtos Nacionais, tanto Líquidos quanto Brutos, pois estes avaliam a pujança econômica, ponto forte delas.
Os países "emergentes" costumam louvar a variação positiva daqueles números das ocidentais "avançadas". Estando atrasados em relação ao Produto per capita, costumam ter variações muito maiores, daí serem estes números os mais queridos quando da divulgação das estatísticas econômicas.
As correntes mais voltadas à ecologia tentaram fazer um paralelo entre riqueza e emissões de gás carbônico. Estudos preliminares indicavam que havia forte correlação entre os dois, mas a ascensão da China e sua incrível ineficiência na relação emissão de gases-estufa x unidade de produto demonstraram que não há relação clara.
As medidas alternativas apresentadas vão desde o Índice de Desenvolvimento Humano da ONU até um Índice de Felicidade Humana, proposto pelo diminuto Butão. Eu, particularmente, acredito que a riqueza de um país deve ser medida da mesma forma que a de um indivíduo, pelo seu patrimônio acumulado, e que de alguma forma o fluxo de energia necessário para gerar essa riqueza deve ser medido também.
Como patrimônio não quero me ater apenas no construído pelo Homem. Nossas florestas e cursos d'água são importantes riquezas, e preservá-las seria demonstração de inteligência. Sua preservação consistirá de um esforço em que fique claro o balanço energético e patrimonial de cada atividade.
O Brasil é um bom exemplo do que não deve ser feito, as atividades responsáveis por mais de 80% de nossas emissões, desmatamento ilegal e queimadas, contribuem com uma parcela ínfima da economia e nada deixam para a posteridade. Na verdade, se descontadas as externalidades com elas relacionadas, devem ser anti-econômicas, trazendo mais prejuízos à sociedade do que benefícios.
Vender a preço de banana pode parecer um grande negócio no curto prazo, mas a expressão queima de estoque deve ter alguma razão de ser. Exportar tem a função de capacitar-nos à importação, não de permitir superávits comerciais a qualquer custo. Vendemos o almoço para pagar a janta, e ainda damos troco, queimando o nosso futuro no processo.
Algo deve ser feito para deter essa loucura.

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