quarta-feira, 22 de abril de 2009

Retroceder, nunca; render-se, jamais

Esta área que você vê em amarelo, no mapa ao lado, foi entregue ao domínio talibã, há pouco, como parte de um acordo para pacificar a "fronteira noroeste" e as zonas tribais do Paquistão.
Desde a morte de Benazir Bhutto, aquele país entrou, definitivamente, na zona de preocupação das nações ocidentais. A revista The Economist decretou, logo após o assassinato da ex-primeira ministra, que se tratava do país mais perigoso do mundo, graças a combinação de pobreza extrema, fundamentalismo religioso, líderes milicianos locais e arsenal nuclear.
Não bastasse os elementos apontados acima, o ditador, ao menos nominalmente, pró-ocidental foi defenestrado do poder, e nenhuma força conseguiu se colocar indiscutivelmente no lugar. Um país criado artificialmente em claro processo de desintegração, esse é o resumo da situação atual.
Como em muitos outros que se fragmentaram com o declínio do poder central (o Império Soviético é nosso exemplo recente mais vistoso), pouco pode ser feito para conter o desastre. O que é mantido pela força, necessitará sempre dela para ficar estável. Localizado no subcontinente indiano, unificado administrativamente pelo Império Britânico, que outrora o dominou, o Paquistão é resultado de secessões sucessivas. Primeiro se separou da Índia, logo após a independência. Na década de 70 do século passado, viu a seguir Bangladesh ganhar soberania. Agora assiste as zonas montanhosas do norte ganharem cada vez mais autonomia.
O erro, neste momento, é negociar com quem não acredita em acordos. Os radicais islâmicos crêem que estão imbuidos de uma missão divina: tornar todos os humanos praticantes de sua forma particular de religiosidade. Para isso, não admitem conceder em nada. Estando do lado de deus, como poderiam se submeter às leis dos homens? Sem nenhum poder militar a coibi-los, tentarão eles ser a potência soberana na região.
Winston Churchill disse, certa vez, que, entre a guerra e a desonra, Grã-Bretanha e França escolheram a desonra, e teriam a guerra. O Paquistão fez escolha semelhante ao abrir mão do monopólio da lei no Vale Swat. A desonra chegou rápido, a guerra quase tanto quanto.
Que falta fazem as aulas de história mundial aos dirigentes desse nosso planeta.

2 comentários:

Danilo Balu disse...

A pérola de Churchill foi para s meninas francesas que acharam que negociando com Hitler não seriam massacrados.
Abrax

Gian disse...

A frase era válida para o Reino Unido também, que estava sob o governo de Chamberlain, http://en.wikipedia.org/wiki/Neville_Chamberlain , quando da assinatura do Tratado de Munique