sexta-feira, 17 de abril de 2009

Um dilema na energia




Um dos maiores desafios para combater o aquecimento global é mudar a matriz energética sem diminuir o bem-estar da civilização, ou, de preferência, aumentando-o. Isso requererá manter o atual padrão de uso de energia, entendido não só como a quantidade quilowatts por habitantes, mas também agregando os quesitos de constância e qualidade de fornecimento.
Quase toda a tecnologia de utilização de energia, principalmente a elétrica, é pautada por uma certo grau de previsibilidade que as chamadas fontes alternativas, de modo geral, não alcançaram. De que adianta o potencial de geração eólica do nordeste brasileiro ultrapassar o consumo de todo o país se pode ficar um dia inteiro sem ventar e o leite estragar na geladeira. O mesmo vale para os Estados Unidos, onde, segundo o World Watch Institute(original aqui), apenas os ventos de três estados poderiam suprir toda a nação.
O fato de serem facilmente estocáveis, aliado à facilidade do transporte, fez a diferença para que nossa era virasse a dos combustíveis fósseis. O mundo é, hoje, petrodependente, mas, ao contrário do que aparenta a ubiquidade das fontes de fumaça, este vício não ocorre graças à falta de poder das demais fontes.
As pirâmides egípcias foram construídas milênios antes da invenção do motor a combustão; a Holanda conquistada ao mar séculos, assim como as grandes travessias marítimas que gestaram a sociedade atual. Deste modo, há provas de que os combustíveis fósseis nem são essenciais para grandes feitos. O dispêndio de grande quantidade de energia, entretanto, é.
O Brasil é um exemplo de boa utilização de fontes renováveis, transformando a instabilidade do sol e da chuva na presibilidade dos reservatórios das hidrelétricas e tanques de álcool e biodiesel, mas a capacidade de fazê-lo está prestes a esgotar-se.
Para ampliar o uso de renováveis no matriz energética, existem dois caminhos a seguir:
  1. Construir capacidade maior do que a necessária, ampliando a redundância a um ponto em que é estatisticamente improvável que todas as fontes parem de gerar ao mesmo tempo, desabastecendo o sistema.
  2. Aproveita-se as fontes não-renováveis tradicionais para os momentos de pico de consumo.
O primeiro é apontado como o correto pelos ecologistas, temerosos do aquecimento climático antropófito ter-se tornado já irreversível. A segunda opção é a usada pelo atual modelo energético brasileiro, com as térmicas sendo ligadas em em determinadas circunstâncias.
Uma via híbrida, entretanto, pode estar surgindo com o avanço tecnológico. Aliando os picos de energia características das tecnologias renováveis com a capacidade ociosa das geradoras térmicas de suporte.
O caminho é apontado pela The Economist (artigo original aqui). Poderíamos deslocar o excesso de energia das renováveis (eles citam especificamente "fazendas de vento", mas o raciocínio é válido para as demais) para sistemas de captura de carbono do ar. O dióxido de carbono poderia ser transformado em combustíveis líquidos, como o metanol (exemplo aqui), e utilizado nas termoelétricas tradicionais. Melhoraríamos nossa segurança energética a custo climático próximo de zero.
O custo econômico ainda precisa ser calculado, acredito, contudo, que sociedades que constroem usinas para serem usadas eventualmente podem arcar com ele.

3 comentários:

Danilo Balu disse...

Compricado... acho que faz tudo mto sentido. Mas ainda me pergunto se é possível deixar apenas que o livre-mercado regule tudo. Vc não acha que há um consumo absurdamente exagerado de energia que pode ser combatido? Hj com exceção do discurso dos ecochatos, deixamos os recursos naturais irem acabando e os preços vão lentamene subindo freados pelo aumento da eficiência que impedem que explodam por redução de insumos básicos.
Eu sou liberal na veia, mas e se houvesse taxação de formas mais poluentes de energia baseado no custo dela sob o meio-ambiente? É possível? É! É fácil? Ninguém disse que seria!
Eu não consigo entender como haja ainda tamanho uso de certos materiais como plástico ou mesmo petróleo em qitdes mto "evitáveis". Isso resvolveria o problema de energia no futuro? NÃO MESMO! NEM DE LONGE! Mas não acha que ignorá-lo 100% não é burrice?
Abrax

Danilo Balu disse...

Já que o tema é esse... dê uma olhada nesse vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=tYFPIx6oX8g&eurl=http%3A%2F%2Frodolfo.typepad.com%2Fno_posso_evitar%2Fgeneralidades%2Fpage%2F2%2F&feature=player_embedded

Abrax

Gian disse...

Bom vídeo, Balu, esse pessoal da publicidade sabe mesmo colocar idéias complexas em um modo simples, por vezes até caricatural demais.
Quando aos questionamentos? São muitos, e comentarei em uma postagem, por lá haver mais espaço.