quinta-feira, 30 de abril de 2009

Velhice e riqueza

Já escrevi aqui, não passa de uma falácia a história de que os países avançados terão crises econômicas, com perda de riqueza, devido ao envelhecimento da população.
As pessoas acumulam patrimônio com o decorrer da vida, que pode ser usado na velhice para manter a roda da fortuna girando.
Há um porém. Estados ineficientes impedindo o acúmulo de capital pelos cidadãos podem trazer a ruína. E Estado ineficiente é um pleonasmo vicioso.
Logo, logo, os Estados do Bem-estar Social mostrarão a que vieram. Os do Mal-estar também. E o pior que a geração pagadora será a minha, primeiro, e da dos filhos da minha, depois. Justo aquela que acredita em um outro mundo possível.
Justiça poética, mas eu pagarei de bocó.


Foto: http://blogvivermais.wordpress.com

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Flamengo, nossa GM



Lá, o governo vai assumir grande parte da GM. Aqui, cedo ou tarde, o governo confessará que é o dono do Flamengo.
Como a indústria automobilística norte-americana, o futebol é a nosso representante máximo. E está falido.
Leonardo, dirigente do Milan, já decretou que os clubes devem ser vendidos. Eles já foram. As dívidas trabalhistas são muitas vezes maior do que o patrimônio das equipes. Quem dirá as outras dívidas.
É ruim, politicamente, enfrentar as massas. Por isso os clubes continuam existindo, apesar da falta de viabilidade econômica. Algum dia, entretanto, a corda estoura.
Creio que será mais cedo do pensamos.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Tenologia natimorta III

Pobrezinha,mais uma para a lista.
Para que armazenar tanta informação em casa se podemos dispor dela pela internet.
Repito o que disse a respeito do Blu-Ray e do HD-DVD. Pode até servir para alguns usos muito restritos, mas não mudará um pingo na forma como assistiremos vídeo no futuro próximo.

É um sapo...

Todo mundo se engana, é apenas Gian, o bacana*.
Transformaram meu aniversário no dia do "Salvem o Sapo". Antes tinha a honra de ser o nome do aeroporto de Bagdá. Dividia a data de nascimento com Sadam.
Sapo ou Sadam, qual será melhor?

*Referência ao Vira-lata (Underdog)

segunda-feira, 27 de abril de 2009

O princípio do fim de um sonho

Estava marcado para o dia 29 o início das inspeções de campo no Rio de Janeiro, mas como a comissão já chegou, podemos decretar: está valendo. Precederam-no as cidade de Chicago e Tóquio e o seguirá Madri. Qualquer uma que seja bem feita verificará que, infelizmente, o Rio não tem nenhuma condição de receber os Jogos Olímpicos.
Na verdade, nenhuma cidade da América do Sul tem. Mas sonhar não custa nada, para o COB. Para nós a conta é de 100 milhões, só para fazer o caderninho de encargos.
Qualquer um irresponsável ao ponto de, dadas as carências da cidade, jogar tanto dinheiro fora, deveria ser cassado. Não será, entretanto; dinheiro público, aqui, é para ser torrado.
Quando mais glamorosa for a fogueira, melhor.

<a href="http://www.joost.com/135bb9j/t/Eurythmics-Sweet-Dreams-Are-Made-Of-This-Video">Eurythmics - Sweet Dreams (Are Made Of This) (Video)</a>

domingo, 26 de abril de 2009

Cascalho

A partida mais injusta dos últimos tempos.
Teremos que reverter no Pacaembú.

sábado, 25 de abril de 2009

Fato político, sim

Discordo do Reinaldo Azevedo sobre a não-exploração política do linfoma de Dilma Rousseff.
É fato que uma doença não diminui ninguém, moralmente, mas afeta, e muito, sua capacidade de trabalho. Temos como exemplo o vice-presidente, em toda a duração do governo Lula até aqui, só se falou de duas coisas sobre ele, sua propensão a execrar a política de juros do Banco Central e suas idas e vindas aos hospitais, para tratar tumores abdominais.
Linfomas, até onde sei, costumam ser muito agressivos. Afortunadamente, Dilma parece tê-lo descoberto em um fase inicial, mas a batalha deverá fragilizá-la. A saúde de uma pessoa, mesmo pública, é do âmbito privado, mas em um candidato à presidência, isso se torna de foro público.
Já tivemos muitos casos em que o mandato foi exercido em grande parte pelo vice. O mais célebre, o governo Sarney, padeceu de uma falta de representatividade que, na minha opinião, semeou grande parte dos males políticos que enfrentamos hoje.
A saúde das pessoas que se candidatarão ao mandato que inicia em 2011 é sim um dado importante. Ignorá-la pode nos trazer problemas no futuro.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Não quer ver?

Joaquim Barbosa, o homem das ruas, anda, anda e não enxerga o que vê. Tanto é assim que costumava bater uma bolinha na mansão do Agaciel e não estranhava nada o estilo de vida do amigo.
Agora vem tenta passar uma descompostura no Gilmar Mendes, que estaria sonegando informação. Será que as informações também não estavam bem embaixo de seu nariz neste caso também?

Telemarketing eleitoral

Raul Jungmann soltou essa pérola no programa político de seu partido, ontem: "O governo vai mexer na poupança, como fez o governo Collor. E o PPS vai estar lutando para que isso não aconteça".
Então, se vai mudar, e parece ser definitivo pela afirmação do deputado, basta nos informar, não há como o PPS fazer nada.
Das duas uma, ou a língua portuguesa perdeu suas relações de causa efeito na última reforma ou o parlamentar anda estudando pelos manuais de telemarketing.
Vamos estar analisando as possibilidades

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Não custa perguntar

Como a imprensa repercute uma informação passada por um órgão que revê em três meses o aumento do Pib de um país de 1,8% positivo para um 1,3% negativo.
Já mostra que é puro chute. E palpite por palpite sou mais o meu.
Tenha santa paciência.

Fazendo o errado da melhor maneira possível

Já que há o limão e a sede, que façamos o suco com carinho.
Os estadunidenses têm uma visão errada de sua própria economia. Acreditam que o Estado participa pouco, que estão em uma ilha de liberalismo em um mar de socialistas. Esquecem-se que seu maior complexo industrial é o militar, bancado basicamente com recursos públicos, e que de lá saem a maioria das inovações tecnológicas. O custo, porém, é gigantesco. Eles gastam com o aparato bélico mais do que todas as outras nações em conjunto, e não estão garantindo seus objetivos.
Como vivem iludidos, o keynesianismo surge, ao que parece, como a solução para crise. As tentativas para salvar a economia de lá descambarão para intervencionismo estatal generalizado. E nada leva a crer em melhores resultados serão alcançados. Os Estados são intrinsicamente ineficientes. Toneladas de dólares foram despejados nos bancos, e ... nada. Bilhões para as montadoras, e ... adiadas as concordatas, que, certamente, virão.
Neste quadro de intervenção, o melhor a fazer é carrear os recursos para as novas tecnologias. A idéia de Obama de usar os fatores de produção excedentes neste momento de recessão para ter energia elétrica sobrando na retomada é o melhor que se pode fazer.
Serão quilowatts a custo de ouro, mas é melhor isso a abrir buracos para tapá-los mais tarde. Nossos luláticos querem apenas aumentar os gastos correntes. Quem parece ter mais razão?

E não abre

E a Hillary concorda comigo.
Transigir com os intransigentes não levará a nada de bom.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Retroceder, nunca; render-se, jamais

Esta área que você vê em amarelo, no mapa ao lado, foi entregue ao domínio talibã, há pouco, como parte de um acordo para pacificar a "fronteira noroeste" e as zonas tribais do Paquistão.
Desde a morte de Benazir Bhutto, aquele país entrou, definitivamente, na zona de preocupação das nações ocidentais. A revista The Economist decretou, logo após o assassinato da ex-primeira ministra, que se tratava do país mais perigoso do mundo, graças a combinação de pobreza extrema, fundamentalismo religioso, líderes milicianos locais e arsenal nuclear.
Não bastasse os elementos apontados acima, o ditador, ao menos nominalmente, pró-ocidental foi defenestrado do poder, e nenhuma força conseguiu se colocar indiscutivelmente no lugar. Um país criado artificialmente em claro processo de desintegração, esse é o resumo da situação atual.
Como em muitos outros que se fragmentaram com o declínio do poder central (o Império Soviético é nosso exemplo recente mais vistoso), pouco pode ser feito para conter o desastre. O que é mantido pela força, necessitará sempre dela para ficar estável. Localizado no subcontinente indiano, unificado administrativamente pelo Império Britânico, que outrora o dominou, o Paquistão é resultado de secessões sucessivas. Primeiro se separou da Índia, logo após a independência. Na década de 70 do século passado, viu a seguir Bangladesh ganhar soberania. Agora assiste as zonas montanhosas do norte ganharem cada vez mais autonomia.
O erro, neste momento, é negociar com quem não acredita em acordos. Os radicais islâmicos crêem que estão imbuidos de uma missão divina: tornar todos os humanos praticantes de sua forma particular de religiosidade. Para isso, não admitem conceder em nada. Estando do lado de deus, como poderiam se submeter às leis dos homens? Sem nenhum poder militar a coibi-los, tentarão eles ser a potência soberana na região.
Winston Churchill disse, certa vez, que, entre a guerra e a desonra, Grã-Bretanha e França escolheram a desonra, e teriam a guerra. O Paquistão fez escolha semelhante ao abrir mão do monopólio da lei no Vale Swat. A desonra chegou rápido, a guerra quase tanto quanto.
Que falta fazem as aulas de história mundial aos dirigentes desse nosso planeta.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Lugo é contra os preservativos


Com um filho atrás do outro aparecendo, está provado que o bispo Lugo era bastante seletivo quanto aos dogmas da igreja católica.
Se ignorava o celibato dos sacerdotes, concordava com o Papa na não utilização dos preservativos. Resta ainda saber qual era seu posicionamento quanto ao sexo com motivos não procriatórios.
Ao primeiro sinal de que sua máscara estava rachando, o Fernandinho de lá fez uma reforma ministerial. À segunda, prometeu endurecer a questão Itaipu. O hipócrita age tergiversando.
Tenho a impressão que os filhos de Lugo sairão caros para ao Brasil. Mas até aí nenhuma novidade, viramos o cordeiro dos idiotas latino-americanos. Ao menor sinal de problemas, espiamos seus pecados.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Manual do perfeito idiota panamericano

Vai ser o caos a Bíblia do idiota é best-seller novamente.
Só que agora tem alcance maior do que os esquerdistas do subcontinente. Será que os esquerdistas ao norte do Rio Grande mexicano irão começar a gritar: Ianques, vão para casa?
Se sim, Nova Iorque não vai suportar...

domingo, 19 de abril de 2009

Leitura sugerida

Sugiro a leitura do seguinte texto.
Mostra de onde surgem as crises inerentes ao capitalismo como conhecemos.

sábado, 18 de abril de 2009

Obama ganhou a Bíblia do idiota


Vindo de Chávez, não poderia ser um presente melhor escolhido.
Para marcar uma reaproximação entre suas nações, o presidente da Venezuela deu um livro a Barack Obama. Nada mais, nada menos do que As veias abertas da América Latina, de Eduardo Galeano.
Espero que o homem tenha o corpo fechado, só nos falta um presidente da nação mais endividada do mundo contaminado com as idéias que mantém nosso subcontinente em permanente estado de subdesenvolvimento e conflagração social.
Se já não tivéssemos problemas demais.

Quanto ao comentário da postagem de ontem

O leitor Danilo Balu fez o seguinte comentário sobre a postagem de ontem:
"Compricado... acho que faz tudo mto sentido. Mas ainda me pergunto se é possível deixar apenas que o livre-mercado regule tudo. Vc não acha que há um consumo absurdamente exagerado de energia que pode ser combatido? Hj com exceção do discurso dos ecochatos, deixamos os recursos naturais irem acabando e os preços vão lentamene subindo freados pelo aumento da eficiência que impedem que explodam por redução de insumos básicos.
Eu sou liberal na veia, mas e se houvesse taxação de formas mais poluentes de energia baseado no custo dela sob o meio-ambiente? É possível? É! É fácil? Ninguém disse que seria!
Eu não consigo entender como haja ainda tamanho uso de certos materiais como plástico ou mesmo petróleo em qitdes mto "evitáveis". Isso resvolveria o problema de energia no futuro? NÃO MESMO! NEM DE LONGE! Mas não acha que ignorá-lo 100% não é burrice?
Abrax
"

É um comentário que levanta muitos questionamentos que não apenas o Danilo (clique aqui para ver seu blog) deveria fazer, mas todos nós. Estamos fazendo as escolhas certas no tocante à nossa preservação?
Escrevi muitas vezes neste blog sobre assuntos que tangenciam esta questão central. E tomarei a liberdade de indicar dois livros: Desenvolvimento Sustentável: O desafio do Século XXI, de José Eli da Veiga, e Os economistas e as relações entre o sistema econômico e o meio ambiente, de Charles C. Mueller. São daqueles que deveriam constar da bibliografia básica de todos os cursos e mostram a visão de dois estudiosos do assunto.
Agora vamos a minha opinião sobre algumas perguntas que o Danilo deixou no ar. Há um consumo exagerado de energia? Não creio. Energia é a chave para o bem-estar da população, e não é um fator limitante quanto percebemos a quantidade que recebemos do sol diariamente. Há, porém, um desequilíbrio na utilização, tanto de concentração, quanto nas formas preferenciais de seu uso. Enquanto um americano, por exemplo, sofre pelo excesso de energia de que dispõe (criando facilidades que confluem para a obesidade), um darfuri morre com a falta dela impedindo que usufrua de saneamento básico e água tratada.
Tendo a acreditar que o livre-mercado faz milagres, mas a sua existência não implica necessariamente, e nem é desejável que assim seja, em ação das empresas sem nenhum controle social. Uma das premissas básicas do mercado perfeito (a de que todos os participantes tem acesso a todas as informações) é falsa, causando a impossibilidade da melhor escolha das partes. Daí a porta para a ação estatal, que também não nos livra de todo, pois o Estado é composto de humanos como nós, tão passíveis de falha quanto. Externalidades negativas devem ser coibidas pela sociedade, devemos, entretanto, ter cuidado para não fazer o mesmo com as positivas.
Os recursos naturais inanimados são finitos, é fato, mas são passíveis de reuso e reciclagem. O perigoso maior é causar um colapso dos recursos vivos, que não podem ser repostos, a não ser que haja um grande avanço na genética, e interagem de modos que não compreendemos completamente. Cabe lembrar que ta,bém somos vivos e podemos ser pegos por essa interação.
Os Estados Unidos da Ámerica deram um importante passo, ontem, para taxar a poluição do ar. Colocando o dióxido de carbono como prejudicial à saúde humana, há a obrigação legal, moral e política de tentar evitar a emissão do gás, vejamos como será feito isso. Tenho certeza que diminuir a queima de derivados de petróleo responderá por grande parte do esquema, se ele for implantado.
Estou bastante otimista com as nossas chances, apesar de estar contrariando Georgescu-Roegen, o Homem não é 100% burro, conseguiremos sair desta.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Um dilema na energia




Um dos maiores desafios para combater o aquecimento global é mudar a matriz energética sem diminuir o bem-estar da civilização, ou, de preferência, aumentando-o. Isso requererá manter o atual padrão de uso de energia, entendido não só como a quantidade quilowatts por habitantes, mas também agregando os quesitos de constância e qualidade de fornecimento.
Quase toda a tecnologia de utilização de energia, principalmente a elétrica, é pautada por uma certo grau de previsibilidade que as chamadas fontes alternativas, de modo geral, não alcançaram. De que adianta o potencial de geração eólica do nordeste brasileiro ultrapassar o consumo de todo o país se pode ficar um dia inteiro sem ventar e o leite estragar na geladeira. O mesmo vale para os Estados Unidos, onde, segundo o World Watch Institute(original aqui), apenas os ventos de três estados poderiam suprir toda a nação.
O fato de serem facilmente estocáveis, aliado à facilidade do transporte, fez a diferença para que nossa era virasse a dos combustíveis fósseis. O mundo é, hoje, petrodependente, mas, ao contrário do que aparenta a ubiquidade das fontes de fumaça, este vício não ocorre graças à falta de poder das demais fontes.
As pirâmides egípcias foram construídas milênios antes da invenção do motor a combustão; a Holanda conquistada ao mar séculos, assim como as grandes travessias marítimas que gestaram a sociedade atual. Deste modo, há provas de que os combustíveis fósseis nem são essenciais para grandes feitos. O dispêndio de grande quantidade de energia, entretanto, é.
O Brasil é um exemplo de boa utilização de fontes renováveis, transformando a instabilidade do sol e da chuva na presibilidade dos reservatórios das hidrelétricas e tanques de álcool e biodiesel, mas a capacidade de fazê-lo está prestes a esgotar-se.
Para ampliar o uso de renováveis no matriz energética, existem dois caminhos a seguir:
  1. Construir capacidade maior do que a necessária, ampliando a redundância a um ponto em que é estatisticamente improvável que todas as fontes parem de gerar ao mesmo tempo, desabastecendo o sistema.
  2. Aproveita-se as fontes não-renováveis tradicionais para os momentos de pico de consumo.
O primeiro é apontado como o correto pelos ecologistas, temerosos do aquecimento climático antropófito ter-se tornado já irreversível. A segunda opção é a usada pelo atual modelo energético brasileiro, com as térmicas sendo ligadas em em determinadas circunstâncias.
Uma via híbrida, entretanto, pode estar surgindo com o avanço tecnológico. Aliando os picos de energia características das tecnologias renováveis com a capacidade ociosa das geradoras térmicas de suporte.
O caminho é apontado pela The Economist (artigo original aqui). Poderíamos deslocar o excesso de energia das renováveis (eles citam especificamente "fazendas de vento", mas o raciocínio é válido para as demais) para sistemas de captura de carbono do ar. O dióxido de carbono poderia ser transformado em combustíveis líquidos, como o metanol (exemplo aqui), e utilizado nas termoelétricas tradicionais. Melhoraríamos nossa segurança energética a custo climático próximo de zero.
O custo econômico ainda precisa ser calculado, acredito, contudo, que sociedades que constroem usinas para serem usadas eventualmente podem arcar com ele.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

O monstro


Quando o contratualista Hobbes resolveu usar uma figura bíblica monstruosa para descrever o Estado, o Leviatã, deveria saber do que estava falando. Para ele o estado de natureza era de eterno conflito, guerra de todos contra todos, que apenas seria apaziguado caso um contrato entre eles fosse celebrado. Só que haveria um detalhe, teriam que ceder parte de sua liberdade para a soberania do monstro, o Estado, que a ninguém era obrigado a ceder nada.
Segundo Renato Janine Ribeiro, as idéias do pensador inglês implicam que: "se ele [o príncipe] sofrer alguma limitação, se o governo tiver que respeitar tal ou qual obrigação (por exemplo, tiver que ser justo) - então quem irá julgar se ele está sendo ou não justo? Quem julgar terá também o poder de julgar se o príncipe continua príncipe ou não - e portanto será, ele que julga, a autoridade suprema. Não há alternativa: ou o poder é absoluto, ou continuamos na condição de guerra, entre poderes que se enfrentam."
Com o passar dos tempos, percebemos que Hobbes estava errado ao pregar o absolutismo. Os regimes em que o poder do Estado é podado são os que, normalmente, melhor atendem ao povo. Neste canto do mundo, entretanto, neo-hobbesianos estão a todo momento querendo aumentar sua fatia de poder. Alguns fazem até chantagem para isso. E o Príncipe vai conseguindo o que quer.
O pacto "republicano" que os quatro representantes dos três poderes (fui só eu que achei isso muito estranho) assinaram pode parecer uma coisa boa à primeira vista, mas interromper as disputas, ao contrário do que escreveu Hobbes, beneficia apenas os que estão aboletados no poder. Nenhum acordo precisaria ser feito, o simples cumprimento da lei existente resolveria qualquer problema.
Do jeito que as coisas andam, precisamos começar a pensar em um jeito de suprimir o poder do Leviatã, que anda querendo colocar suas manguinhas de fora. Nossa sorte é que quem o nomeou, também decretou que o monstro é passível de destruição.
Evelyne Pisier relata que, segundo Hobbes, o Leviatã é mortal. O caso mais comum de seu desaparecimento é sua destruição por um outro poder soberano, mas também morre se, a despeito dos comandos que impõe e da coerção que exerce, for incapaz de cumprir a missão para qual ele foi instituído, que é garantir a segurança de seus dependentes, seu direito à vida, que é inalienável e suas liberdades individuais como foram definidas pelos direitos civis.
A ignorância venceu o medo nas duas últimas eleições à presidência; a esperança, dizem, nunca morre. As coisas ainda podem mudar.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Entrevista de Milton Friedman

Nestes tempos em que, principalmente no Brasil, o caminho da servidão está tão iluminado, é sempre bom dar tomar uma vacina contra os males do estatismo.
Uma das mais poderosas é o pensamento de Friedman, um liberal de carteirinha. Segue aí, vindo do Youtube:

Parte 1



Parte 2


Parte 3


Se algo me deixa tranquilo, são suas últimas palavras. Não existe povo mais habilidoso do que o nosso para quebrar as regras e leis, e poucos governos são menos eficientes. O Brasil tem jeito, embora não pareça.

Queimando tudo parte 2

No texto de hoje, retomando assunto da postagem de ontem, quero tocar em um caso em que estamos, literalmente, queimando oportunidades preciosas de desenvolvimento econômico e social.
Desenvolver não é só isso, mas passa necessariamente pela utilização eficiente de todos os recursos que nos são apresentados. O Brasil diminuiu muito sua dependência de combustíveis fósseis baseando sua matriz anergética na hidreletricidade, conforme este texto, completamente antiprivatista, demonstra. Também houve esforço para substituir os combustíveis líquidos, através dos programas irmãos Pró-álcool e Pré-biodiesel, dos quais só o primeiro vingou.
Há, entretanto, potencialidades inexploradas no uso da agroenergia da cana que causam até embaraço às exportações do país. A queimada da palha, com a planta em pé, para facilitar o trabalho dos cortadores, é uma delas. Muitos países apontam a prática como nociva ao meio, com toda a razão, e a esgrimem como motivação de políticas protecionistas.
A colheita, no entanto, não precisa ser feita desta forma ancestral. Colheitadeiras mecânicas são capazes de executar o serviço de modo bastante eficiente, sem transformar em fumaça um insumo precioso. Atentemo-nos para o parágrafo a seguir, extraído de uma reportagem de Mônica Scaramuzzo, para o Valor Econômico de 26 de março:
"O Brasil possui cerca de 400 usinas de açúcar e álcool em operação, quase 100% delas autossuficientes em energia a partir do bagaço. Há cerca de 200 projetos de cogeração em implantação no país, que somados podem colocar no sistema 10,2 mil MW até 2013, segundo o consultor de energia a partir da biomassa Onório Kitayama, que atua hoje na Coomex. Se for utilizada a queima da palha da cana o potencial sobe para 19,284 mil MW. No entanto, ainda há poucos projetos que queimam a palha.".
Comparemos agora com a capacidade de geração de Itaipu Binacional, conforme o site da empresa: "Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, fornece 19,3% da energia consumida no Brasil e abastece 87,3% do consumo paraguaio."
Estamos, portanto, transformando em fumaça fuliginosa algo que poderia abastecer mais de 10% das necessidades elétricas do país, e sendo punidos, comercialmente, por isso. Também pagamos o preço do aumento de incidência de doenças asmáticas nas cidades próximas às áreas produtoras, sem contar na deterioração da saúde dos trabalhadores rurais hoje responsáveis pelo corte.
Queremos perfurar o pré-sal enquanto temos à mão essa riqueza queimando na terra. Não me parece inteligente.
E para vocês?

terça-feira, 14 de abril de 2009

Parabéns ao Campeão dos Campeões

14 de Abril, aniversário do Santos Futebol Clube

Leão do Mar modernizado mais Hino Oficial

Queimando tudo


Existem muitas medidas para tentar estimar o grau de riqueza de uma sociedade. As preferidas de cada grupo dependerão dos recursos mais abundantes, se forem do lado dos governos, ou escassos, se do lado da oposição, em cada região.
As ditaduras comunistas gostavam de apresentar valores geopolíticos como referência. Era perfeitamente natural; não conseguindo competir economicamente, apontavam sua capacidade de influenciar outras nações como sua maior riqueza.
As nações ocidentais capitalistas "avançadas" apegaram-se aos números dos Produtos Internos e Produtos Nacionais, tanto Líquidos quanto Brutos, pois estes avaliam a pujança econômica, ponto forte delas.
Os países "emergentes" costumam louvar a variação positiva daqueles números das ocidentais "avançadas". Estando atrasados em relação ao Produto per capita, costumam ter variações muito maiores, daí serem estes números os mais queridos quando da divulgação das estatísticas econômicas.
As correntes mais voltadas à ecologia tentaram fazer um paralelo entre riqueza e emissões de gás carbônico. Estudos preliminares indicavam que havia forte correlação entre os dois, mas a ascensão da China e sua incrível ineficiência na relação emissão de gases-estufa x unidade de produto demonstraram que não há relação clara.
As medidas alternativas apresentadas vão desde o Índice de Desenvolvimento Humano da ONU até um Índice de Felicidade Humana, proposto pelo diminuto Butão. Eu, particularmente, acredito que a riqueza de um país deve ser medida da mesma forma que a de um indivíduo, pelo seu patrimônio acumulado, e que de alguma forma o fluxo de energia necessário para gerar essa riqueza deve ser medido também.
Como patrimônio não quero me ater apenas no construído pelo Homem. Nossas florestas e cursos d'água são importantes riquezas, e preservá-las seria demonstração de inteligência. Sua preservação consistirá de um esforço em que fique claro o balanço energético e patrimonial de cada atividade.
O Brasil é um bom exemplo do que não deve ser feito, as atividades responsáveis por mais de 80% de nossas emissões, desmatamento ilegal e queimadas, contribuem com uma parcela ínfima da economia e nada deixam para a posteridade. Na verdade, se descontadas as externalidades com elas relacionadas, devem ser anti-econômicas, trazendo mais prejuízos à sociedade do que benefícios.
Vender a preço de banana pode parecer um grande negócio no curto prazo, mas a expressão queima de estoque deve ter alguma razão de ser. Exportar tem a função de capacitar-nos à importação, não de permitir superávits comerciais a qualquer custo. Vendemos o almoço para pagar a janta, e ainda damos troco, queimando o nosso futuro no processo.
Algo deve ser feito para deter essa loucura.

Todos deveriam ler ...

...isso.
Estão querendo criar o racismo no Brasil, e não devemos permitir.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Se os titulares são assim...


...imaginem os suplentes.
Continua sendo praxe das redações não dar muito destaque aos ocorridos no Poder Legislativo, a não ser que seja escândalo, mas a prática deveria mudar.
Este feriadão, por exemplo, morreram dois deputados, o que significa, necessariamente, um rearranjo de forças na Câmara. Ambos eram da base governista, não sabemos, porém, o que vêm por aí.
O falecido de São Paulo, João Herrmann Neto, era, já, suplente. O que, provavelmente, assumirá em seu lugar é polêmico, como mostra o Estadão Online.
O que me chamou mais a atenção na reportagem foi o seguinte trecho: "...em 2008, saiu do PDT e ingressou no PTB para tentar concorrer à eleição a prefeito em Ribeirão Preto. Porém, o PTB não o escolheu como candidato e Chiarelli voltou rapidamente ao PDT."
Como se vê, o homem tem a flexibilidade partidária bastante pronunciada, troca de legenda como de camisa, dependendo de projetos pessoais. E não parece demonstrar achar-se equivocado.
O de Pernambuco, Carlos Wilson, deixar-nos-á de herança, talvez, um político inelegível. E assim caminha a humanidade.
Declarei-me parlamentarista dezenas de vezes, mas é difícil sustentar as convicções no Brasil desse sistema político, no qual nem o próprio partido quer a posse do quase-eleito.
Muitas vezes não sabemos quem nossos votos, realmente beneficiaram. Sei que a última pessoa em quem votei para deputado já não está exercendo o mandato. E confesso que não tenho a menor idéia de quem assumiu em seu lugar. Se o sistema já é meio hermético imediatamente após a eleição, imaginem dois anos após.
É necessário que ocorra a reforma política. Se os vencedores não são lá estas coisas, os suplentes tendem a ser ainda piores. É duro dizer isso; o Congresso é tal o vinho já estragado, cada dia que passa o vinagre está mais azedo.

sábado, 11 de abril de 2009

Futebol: os grandes times estão marcando toca

Não dá para entender: no país do futebol, temos os clubes mais pobres do mundo.
A decisão do Flamengo, de romper o contrato de patrocínio com a Petrobrás demonstra esse contrasenso de modo perfeito. Não que o clube estivesse insatisfeito com o valor pactuado, mas não conseguia receber da estatal devido aos seus desacertos anteriores com o Fisco. Resumindo, vai procurar outro patrocinador para poder ficar inadimplente com os impostos de modo mais tranquilo.
Enquanto isso, vemos nossos melhores jogadores voando para países sem nenhuma tradição futebolística, muitas vezes com economia menores do que a nossa, para jogar em times desconhecidos até mesmo lá. A alfafa anda comendo o cavalo no maravilhosos mundo de nosso futebol.
Na chamada era das marcas, as que temos mais profundamente marcadas em nossas mentes não estão conseguindo retirar valor de seu patrimônio intangível. E potencial para isso há, de sobra. Muitas companhias especializaram-se na gestão de marcas, não tendo fábricas ou qualquer outro patrimônio físico. LVMH, PPR e Richemont, todas especializadas em artigos de luxo, são ícones desse tipo de empresa.
Operadores de varejo na Grã-Bretanha, como a Ikea e a Asda, estão aproveitando sua base de clientes para atuarem como Operadoras de Redes Virtuais Móveis, visando fortalecer o faturamento e, principalmente, abrir um canal de contato permanente com eles. Também lá, a Blyk, uma operadora virtual, oferece telefonia a preços baixos em troca do envio de 6 mensagens publicitárias ao dia.
Aqui, onde trocar de time é mais rejeitado do que trair ao cônjuge, mal se consegue vender ingressos. Não se mantém patrocinadores por motivos, para dizer o mínimo, exóticos e subsidia-se "organizadas", que, portanto, ao contrário das demais torcidas do mundo, diminuem a capacidade das equipes de construir esquadras respeitáveis.
Será que o mundo está errado e nós inventamos uma melhor maneira de usufruir do futebol-arte?

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sexo público e fumo: direito ou moral?


A respeito da nova lei paulista antitabagista, comento a reação a ela, sintetizada no comentário de Reinaldo Azevedo: "Há, pois, um problema de natureza ética na legislação e um, entendo, de natureza constitucional. ESTÃO CRIMINALIZANDO O QUE A LEI NÃO DEFINE COMO CRIME."
Na minha visão, não estão criminalizando o fumo ou o ato de fumar, portanto é descabido a defesa que se faz da permanência de áreas separadas para fumantes e não-fumantes baseado no pressuposto apontado por Azevedo. O que se está fazendo é um contraponto entre dois direitos, o do fumante, de praticar seu hábito, e o do não-fumante, de não ser agredido pela fumaça alheia. O que a nova legislação paulista faz é, de modo inequívoco, colocar-se favoravelmente ao segundo.
Como analogia legal, podemos tratar o fumo em lugar público como um mal costume, atentando, deste modo, contra a moral. Sei que a frase, dita desta maneira, carrega uma memória depreciativa, dos tempos do golpe, de 45 anos atrás, que instaurou o regime autoritário autoritário, mas é o que a Assembléia paulista decidiu.
Como bem escreveu Azevedo, a lei não define fumar tabaco como um crime; praticar sexo, tampouco, o é. Fazer sexo à luz da lua em local movimentado, entretanto, pode levar os amantes à delegacia mais próxima. Tudo porque a sociedade definiu que o sexo deve ser feito em locais privados, longe do olhar de curiosos.
Alegar, com os fumantes estão fazendo, que seu ato está legitimado pelos costumes e deve ser mantido intacto é pregar a imutabilidade social. O exibicionismo já foi uma prática corriqueira, mas poucos o defendem atualmente, pois a sociedade decidiu que ele fazia mais mal do que bem.
Como não sou fumante ou exibicionista, acredito que ambas as práticas podem ser coibidas ou liberadas, ao gosto da freguesia do momento. Não se pode, porém, tratá-las como se fossem direitos adquiridos em cláusula pétrea. São apenas hábitos, como muitos outros por aí, e, aponta o Ministério da Saúde, no aviso que ilustra a postagem, incompatíveis entre si.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Explicações imediatas

Ligando pontos.
Da Folha Online de ontem: ações do BB desabam 8,15%.
Do Valor Econômico de hoje: BB passa ao controle de Mantega e PT.

Conclusão: qualquer que saiba que 2+2=4, acredita que um a administração Manteguiana do Banco do Brasil vai ser desastrosa e pulverizar o valor acionário da instituição, prejudicando os brasileiros, que são donos, através do governo, do controle e de grande parte das ações. Quem acredita em duendes, Marx ou Keynes, não vê desta forma; quem se destruam as empresas, dizem eles, a nação sairá ganhando.

E assim caminha a Humanidade.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Nudez, notícias e resenhas de filmes, que mais poderemos querer

Este resumo não está disponível. Clique aqui para ver a postagem.

Trapa

É a forma como os brasileiros referiam-se às armadilhas em forma de cova, feitas para capturar animais grandes. A primeira imagem que me vêm à cabeça é a das armadilhas vietinamitas, daquelas com pedaços de bambu no fundo. Oriunda do latim, também originou o termo trap, que ficou célebre no Brasil devido a um jogo de vídeo-game intitulado Mouse Trap.
Apesar de pouco utilizada atualmente, faz-se presente na formação do termo trapaça e trapaceiro, tão empregadas.
A pobrezinha pode ter morrido cedo, mas seus filhos têm uma carreira brilhante a cumprir neste Brasilzão velho de guerra.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Retábulo


Em tempos de festa religiosa, ouvimos cada palavra estranha que nos demonstram o quão laica, realmente, ficou a educação no país.
Retábulo é uma delas. Provavelmente, todos que já foram a uma igreja, ou mesmo capela, já viu um, mas deve ser pequeno o percentual capaz de apontá-lo, caso perguntado.
O dito cujo é a peça decorativa que fica atrás dos altares, geralmente talhada em madeira ou trabalhada em pedra. Por razões econômicas, afinal este tipo de trabalho requer o trabalho de artistas altamente capacitados e, portanto, bem pagos, praticamente desapareceu das igrejas que estão sendo construídas na atualidade e tendem a virar, cada vez mais, artigo de museu.
Esse aí da foto é apontado pelo professor Edson Nery da Fonseca, da UnB, como o mais bonito do Brasil. Para mais detalhes, clique aqui.

Custos, é necessário que os calculemos corretamente


Fareed Zakaria, em seu último artigo na Newsweek, Free At Last - How to achieve genuine energy independence, faz o seguinte julgamento:

"Previous technological revolutions have been liberating. Think of the IT revolution. It created the freedom to use massive amounts of computing power in every aspect of life—from a microwave oven to an iPod. The problem with the energy revolution as it stands now is that we are essentially offering the same product—electricity, a hybrid car, a fancy new light bulb—at a higher cost. Sure, you can feel good about it. But technology revolutions are about raising efficiency, not expanding virtue. An energy revolution would produce a world in which we can all use lots of energy without worrying about its costs or consequences."

Eu discordo da essência do que ele diz. Não há um problema na revolução energética na forma como ela apresenta-se hoje. Há uma falha na perspectiva histórica do observador.
Não faz muito tempo, dizia-se dos computadores que serviam apenas para ganhar o tempo gasto para fazê-lo funcionar, ou seja, não apresentava ganho de eficiência. Agora ele está presente em quase todas as atividades, como o autor norte-americano coloca. Não criou nenhum novo artigo, porém, como dá a entender Zakaria.
O que as "revoluções" tecnológicas costumam fazer é substituir com vantagens formas de fazer. A revolução da tecnologia da informação não criou liberdade para o uso de poder computacional, nem a industrial inovou com produtos de consumo. Elas simplesmente liberaram mão-de-obra, as secretárias e demais manipuladores de formulários na primeira e os artesãos na segunda, que pode ser aproveitada em outras áreas da economia.
O fato é que as chamadas tecnologias verdes são, em sua maioria, economicamente viáveis mesmo na atualidade. É claro que não há como colocar todas em um só barco. Muitas estão em estágio avançado de desenvolvimento e outras em embrionário. Algumas precisam de muita mão-de-obra especializada, outras podem aproveitar a já existente. A especificidade é a palavra chave aqui, e aproveitar as características dos projetos onde possam vir a ser implantados dirá o quão compensadora, ou não, é a sua adoção.
Particularmente, vejo como maior entrave a curva de aprendizagem dos projetistas. Os engenheiros e arquitetos atualmente no mercado foram formados dentro do paradigma em que a energia era barata e assim permaneceria indefinidamente. Contam, além disso, com fontes constantes e confiáveis, sem as alterações que caracterizam algumas das alternativas.
A conjuntura também não é auspiciosa. A mentalidade imediatista, com raríssimas exceções, é a dominante nas finanças mundiais. Os projetos de menor custo inicial de implantação são os preferidos pela maioria dos desenvolvedores; as tecnologias mais consolidadas muitas vezes já tiveram muitos de seus custos de implantação amortizados pela replicação automática do mesmo design em diversos sítios, barateando essa fase.
Os "projetos verdes", entretanto, precisam ser feitos de acordo com as condições exatas do ambiente no qual será aplicado, tornando-os de implantação mais custosa, mas têm, como regra geral, menor custo de manutenção. Não é apenas a "superioridade moral" que impele empresas e consumidores a adotá-los; há lucros também. Maior gasto inicial e menor dispêndio no longo prazo soam bem à caixa-registradora, mas depende de maior disponibilidade de crédito para decolar. Em época de dinheiro barato e farto, há possibilidade de se optar por essa via. Não parece ser o caso.
A eficiência energética acabará por impor-se. Só não sei se mais cedo ou mais tarde.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Áquila, palco de Michelle, em ruínas

O terremoto desta madrugada não apenas matou dezenas de pessoas, destruiu parte do patrimônio cultural arquitetônico da Itália.
Um dos mais atingidos foi o de Áquila. Para mim, da época em que a Sessão da Tarde educava cinematograficamente, a cidade sempre foi sinônimo de Michelle Pfeiffer, frágil e bela ao transformar-se em falcão, no filme "O feitiço de Áquila" (Ladyhawke, 1985).

Abaixo, cenas finais do filme.

Chegamos à era do hidrogênio

Jeremy Rifkin é desses administradores de empresas que ganham a vida escrevendo sobre como será o futuro. Publicou Era do Acesso, O fim dos empregos e O sonho europeu, entre outros, todos com um certo pessimismo quanto ao futuro do capitalismo à americana.
O vídeo a seguir poderia ser usado como uma introdução a uma palestra sua.



Se vocês assistiram ao vídeo, devem ter ficado com a mesma sensação que me afligiu quando terminei de ler A economia do hidrogênio - A criação de uma fonte de energia e a redistribuição do poder na Terra. Ficava me perguntando: mas qual é o ponto deste cara?.
O subtítulo do livro é dos mais mentirosos que já vi. A princípio, o hidrogênio não é uma fonte energia, porque não é encontrado em estado puro no universo, com exceção, talvez, nos núcleos das estrelas. Nem distribui, tampouco, o poder mundial - menção à perda de importância dos produtores de petróleo -, pois para ter-se acesso a ele é necessário gasto de energia, que nas atuais condições virá primordialmente dos hidrocarbonetos.
O hidrogênio é, portanto, apenas uma solução para a poluição local, enquanto não se conseguir limpar a matriz energética mundial. E nesse sentido, é muito bem vinda a experiência de utilização de ônibus movidos a célula de hidrogênio pela EMTU.
A região metropolitana de São Paulo é das mais prejudicadas pela poluição localizada produzida por veículos. Entre as mais prejudiciais está a dos motores diesel, que não têm combustão completa e, por isso, lança particulados no ar. Estes são extremamente irritantes às mucosas do aparelho respiratório. toda e qualquer diminuição da emissão desses particulados deve ser comemorada.
Se não muda muito o problema global, a substituição massiva dos poluentes coletivos teria um efeito bastante grande na saúde pública da região metropolitana. Deve ser, então, apoiada.
Chegamos, finalmente, à era do hidrogênio.



No vídeo abaixo um trecho do programa do canal Discovery, sobre o futuro do automobilismo, que fala sobre a melhoria na tecnologia de motores a hidrogênio.

domingo, 5 de abril de 2009

Conheçam os BRICs

Link para reportagens da BBC Brasil sobre os BRICs.
Assistam, se tiverem tempo e paciência para ver vídeos na internet.
A grande dúvida é se tais países conseguiram manter a previsão da Goldman & Sachs, eu não acredito muito.
A história mostra que a atuação governamental tem barreiras muito precisas para turbinar o crescimento econômico. Todos estes países estão aumento a participação do governo na economia, logo criando barreiras ao seu desenvolvimento.
Não custa nada, contudo, procurar conhecer mais sobre eles. Sejam os países mais importantes do mundo em 2050 ou não, continuarão tendo imensa população e território, sendo ao menos relevantes.
E somos um deles, e, como falam por aí, diga-me com quem andas e te direis quem é.

sábado, 4 de abril de 2009

Domínio dos irracionais

O homem razoável se adapta ao mundo; o irascível tenta adaptar o mundo a si próprio. Assim, o progresso depende do homem irascível.
George Bernard Shawn



Estava assistindo o vídeo acima e deparei-me com a afirmação de John Elkington, baseado na frase de George Bernard Shawn, um dos maiores frasistas que já existiu (para ver algumas delas, clique aqui), de que quem faz realmente a diferença são os irracionais.
Elkington até escreveu um Livro sobre o assunto, Empreendedores Sociais. É duro ter que admitir isso, mas ele está certo.
Se fossem parar para pensar, as pessoas não fariam quase nada do que impacta o mundo. Que razões, no mundo de hoje, levam alguém a ter filhos, ou mesmo filho? É contratar uma responsabilidade por vinte, trinta, até mais anos. E nenhuma garantia de satisfação. A quantidade de seres humanos, no entanto, não para de crescer. Estima-se que aumentará em um terço no decorrer deste século.
Comprar um carro então, por que o fazemos? Significa prejuízo financeira na certa. Dependendo do valor do veículo, apenas com os juros da poupança, esta aplicação que não rende quase nada, poderíamos fazer todas as nossas viagens de táxi. Aqueles que optam pelo parcelamento, têm com as prestações gastos maiores do que teriam com o táxi, e ainda arcam com seguro, estacionamento, reposição das peças. Sem contar com o stress do trânsito. E mesmo assim, o número de automóveis emplacados todos os dias em São Paulo, por exemplo, é ainda maior do que o de bebês que nascem.
E quanto a abrir uma empresa? Se deixamos o dinheiro aplicado na renda fixa, recebemos, ao final de um ano, o dobro do que rende a média das companhias. E não temos que nos preocupar com pagamentos de funcionários, contas, impostos, emolumentos e nem correr atrás da burocracia para liberar nossa atuação. Ter uma empresa, entretanto, é o sonho de quase todos e muitos o realizam.
Enfim a vida é um domínio dos irracionais e temos que conviver com o fato. Talvez seja por isso que tantos procurem o sentido da vida e não encontrem. Eu mesmo não tenho a mínima idéia de qual seja ele.
Algum de vocês pode me dar alguma dica?

Revolution



As cenas acima foram gravadas em países democráticos, em protesto contra um encontro de governantes legitimamente eleitos. Não sei informar como começou o confronto, mas quem vem munido de um artefato potencialmente mortal (coquetéis molotov) cestamente não tinha boas intenções.
Esses proto-libertários, deveriam fazer uso tópico, diariamente, de Revolution, a melhor arma contra este anacronismo. Já os idiotas de manual que voltaram a infestar a América Latina nesta década precisarão de algo mais pesado, doses intravenosas.
Por algum motivo que não sei explicar, o Blogger não está aceitando vídeos do Youtube incorporados, mas para ver o vídeo-clipe, basta clicar na letra abaixo.

John Lennon´s Revolution

Well, you know
We all want to change the world
But when you talk about destruction
Don't you know that you can count me out
Don't you know it's gonna be all right
all right, all right

You say you got a real solution
Well, you know
We'd all love to see the plan
You ask me for a contribution
Well, you know
We're doing what we can
But when you want money
for people with minds that hate
All I can tell is brother you have to wait
Don't you know it's gonna be all right
all right, all right
Ah

ah, ah, ah, ah, ah...

You say you'll change the constitution
Well, you know
We all want to change your head
You tell me it's the institution
Well, you know
You better free you mind instead
But if you go carrying pictures of chairman Mao
You ain't going to make it with anyone anyhow
Don't you know it's gonna be all right
all right, all right
all right, all right, all right
all right, all right, all right

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Diátese

Confesso que quando li esta palavra, em um texto do início do século passado, boiei completamente. Mas olhando seu significado dicionarizado, principalmente em seu sentido figurado, espanta-me que não seja mais utilizado na atualidade.
Houaiss diz que diátese é: predisposição de um indivíduo para determinadas doenças ou afecções e, figuradamente, disposição moral mórbida.
A política é o domínio dos que a possuem, mais do que os com o dom da palavra, ou o que explicaria os conchavos, as associações espúrias (foi essa a expressão, não Mercadante) a luta à margem das regras da ética pública, tantas vezes, e tão levianamente, invocada.
Precisamos de um remédio, uma vacina, contra as diáteses urgentemente, sobretudo às de cunho moral. Onde estão os doutores que não vêem isso.

Racismo à italiana

Na nossa ingenuidade, esperamos que o mundo caminhe para a frente, mas não, ele insiste em zigue-zaguear tortuosamente.
Após os massacres coloniais, o sistema imperial europeu havia criado um sistema injusto, baseado em cultura, no que chamamos de etnia, mas que permitia a ascensão social ao adequar-se aos padrões dominantes.
Com a ascensão das idéias darwinianas, na segunda metade do século XIX, foram criados o racismo científico e o determinismo geográfico. O primeiro procurava explicar as diferenças de desenvolvimento entre países pelas características inerentes a cada "raça" e o segundo pela influência do clima. Como ambos foram desmentidos pelos fatos, refluiram no século passado.
Quanto mais o darwinismo biológico deixava de ser aplicado, mas forte voltava a noção culturalista, etnológica, transformada desta vez em separatismo nacionalista, que levou à morte de milhões nos genocídios do século XX.
O padrão foi se repetindo, com um sucedendo ao outro. Houve a época do racismo aberto, Estados Unidos pré-movimento dos direitos civis e África do Sul durante o apartheid, e a do nacionalismo, como os confrontos na ex-Iugoslávia e em Ruanda, mas sempre com um grupo tentando impor a dominação a outro.
Parecíamos estar em um tempo de volta ao nacionalismo étnico, não preciso lembrá-los da tragédia africana, muito bem representada por Darfur, mas, mais de meio século depois do caso Rosa Parks, os italianos me aparecem com esta: um retorno ao apartheid. E sob a justificativa de que isso melhorará a convivência entre os estrangeiros e os locais.
Dizem que a história é cíclica, mas a farsa não precisava vir tão rápido.

Segue um vídeo, em inglês, que trata da luta pela abolição do apartheid, notem que uma lembrança emblemática do narrador é dos assentos separados nos coletivos. Não pode haver nada mais representativo que isso, parece.
<a href="http://www.joost.com/257000i/t/Back-Home-Roots-of-a-New-South-Africa">Back Home: Roots of a New South Africa</a>

Quitate la ropa, Venezuela



Será que um certo Coronel riu desse esquete?
Nada mais está fazendo do que o mesmo: Quitate la ropa, Venezuela.
Um dia, porém, o comissário chega; a festa acaba.

Profissão:pilantra



A reportagem acima demonstra alguns dos pontos que venho sublinhando neste blog.
O "engenheiro" tinha conseguido sucesso profissional a despeito de não ter cursado engenharia. Se uma companhia multinacional e uma instituição de ensino não identificaram incompetência na sua atuação é sinal de que estava desempenhando as tarefas a contento. A exigência corporativa dos documentos comprobatórios (diploma e CREA) mostrou-se indevida, então. Pode-se até contestar a qualidade das empresas, a faculdade, especialmente, teria muito a explicar, mas não que o trabalho estava sendo feito.
Diversos órgãos públicos foram ludibriados, mostrando que o controle exercido por eles é, na melhor das hipóteses, tênue. A manutenção deles é uma forma de punir a população, não de defendê-la. Os cartórios, em especial, demonstraram a inoperância. Se a sua função é primordialmente dar "fé pública" a documentos e o faz em um falsificado, que mais esperar de um sistema legal no qual são essenciais. É o Estado que cobra, porém não entrega.
E, como dito ontem, o problema está na educação básica. É a exigência do diploma sem a valorização do saber que cria aberrações como estas. E a falta de conhecimentos dos que o rodeavam que permitiu a continuidade.
Corporativismo, inoperância do Estado e desprezo pelo conhecimento.
É um vídeo bastante representativo do estado da nação.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Crise nas universidades ou no ensino básico?

Comento aqui o texto de Geraldo Martins, sobre o problema das desigualdades na educação universitária. Creio que, apesar de haver certa importância no problema, o melhor seria que ele não fosse abordado antes de que ocorresse um reforma no ensino básico, pois está, como a Lua ao Sol em um eclipse, tirando o foco do mais importante para o acessório.
Concentrar-se em se a universidade brasileira é inclusiva, ou não, se prepara para o século XXI, ou não, e em tudo mais que pode ser melhorado nela é improdutivo. É como reformar a cobertura enquanto o térreo está sofrendo um incêndio. Por melhor que seja o resultado no topo, ele ruirá junto com a base, caso os problemas desta não sejam sanados.
Há, no Brasil, o mito de que a educação superior deva ser universalizada. Ele advém, acredito, da balela de que os governos militares coibiram o surgimento de ensino de qualidade para os pobres; carência que seria zerada agora, com estes mesmo pobres adentrando ao mundo acadêmico, de um jeito ou de outro. Mito duplamente falso, por sua premissa e pelo resultado que alcançaria.
Universalização do ensino superior é um fetiche, e viceja onde o populismo abunda. Na Argentina, por exemplo, o acesso ao sistema público é irrestrito desde a década de 50 do século passado, não coincidentemente a época de Perón, e o país só viu regredir sua posição relativa aos demais países.
E, ao contrário do que se veicula por aí, não é o nível de educação formal de um povo que garante o desenvolvimento, como Cuba e os demais países previamente comunistas provam, mas o grau de importância social que se dá a educação em um país. Aqueles que dão grande status à excelência acadêmica prosperam, os que acham que a elite intelectualizada é um mal a ser suportado, no caso benigno, ou extirpado, no mais virulento, não. O Brasil, onde todos querem ser bacharéis, não valoriza a educação, mas o diploma.
O gargalo educacional brasileiro está no ensino básico, que não da condições ao aprimoramento pessoal. As deficiências criadas ali são transmitidas em cadeia para os níveis mais altos. Todos com os amigos professores com os quais já conversei sobre isso atestam o grau de indigência intelectual com o qual o aluno médio chega às salas de aula.
Fornecer ensino superior para quem não sabe ler direito é queimar dinheiro. Dinheiro que deveria ser gasto com impedir que novos cidadãos cheguem ao final do ciclo básico analfabetos funcionais.
Qualquer outra estratégia é enxugar gelo, o que, nestes tempos de aquecimento global, convenhamos, é uma tarefa inglória.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Às massas, com amor

Lendo o artigo de Luiz Gonzaga Beluzzo, no jornal Valor Econômico de ontem (assinantes podem ler a íntegra aqui), fiquei intrigado com o trecho final, reproduzido abaixo:
"Há quem afirme, como Hanna Arendt, que a degeneração da sociedade dos indivíduos na sociedade de massas produziu a degradação das formas de compreensão do mundo mais abrangentes, próprias da primeira modernidade. As simplificações agressivamente binárias e retrógradas são típicas do pensamento midiático e "internético" contemporâneos, uma forma de dominação eficaz que espezinha o projeto de autonomia do cidadão."

Não posso, sem arriscar-me ao ridículo, dizer que Hanna Arendt não tinha a mínima idéia do que estava falando (de fato, pior do que o ridículo seria o desprezo de todas as fãs da filósofa, que está na moda), mas ouso dizer que comparar os momentos vividos por ela e o período atual são, aos meus olhos, desonestidade intelectual.
Já de princípio, informo que não sei se Arendt realmente afirmava isso, li muito pouco do que escreveu, "As Origens do Totalismo" é um dos muitos livros que me assombram na sessão de não lidos de minha estante, mas qualquer sociedade à qual estivesse se referenciando em seus textos não existe mais no Ocidente.
É fácil compreender o porquê de os filósofos alemães da primeira metade do século XX verem com desconfiança os meios de comunicação de massa. Eles presenciaram a ascensão do Nazismo, que usou a mídia como ninguém, e os males por ele causado. Assim passaram a exaltar, nas obras, os manifestações culturais mais individualizadas e a execrar as planejadas para públicos amplos.
O julgamento, porém, sempre foi maculado pelo sentimento de superioridade de uma sociedade que alcançava um percentual mínimo da população. Como se o vivido pela classe afluente dos centros comerciais de Berlim e Londres pudesse ser extrapolados a todas as camadas da população. Um elitismo, puro e simples, ou com pitadas de saudosismo. "Cowboy" ou "On the rocks".
Pessoas, que como nós, do final do século XX, já não são submetidas aos mesmos esquemas mentais que permitiram os fascismo à Européia. Mesmo as ações midiáticas dos proto-ditadores latino-americanos, com seus "cafés com o presidente" e discursos quilométricos estão anacrônicos. A nova lei limitadora das centrais de telemarketing é a prova viva disso. Foi necessário limitá-las porque se busca, hoje, atingir ao indivíduo, não às massas.
Para o homem pós-comunicação de massas, há a naturalização da cultura massiva. Temos os anticorpos intelectuais contra grande parte da manipulação. O ex-ministro menestrel, escreveu certa vez que:
Antes mundo era pequeno
Porque Terra era grande
Hoje mundo é muito grande
Porque Terra é pequena
Do tamanho da antena
Parabolicamará
.
Para nós o mundo sempre foi grande, com os benefícios e problemas que isso traz.
Para os que cresceram antes desse mundo, e Beluzzo parece ser um deles, talvez seja difícil compreender a forma como isso se dá. Mas eu lhes garanto, ciente que de nada vale minha garantia, que as simplificações binárias são muito anteriores às mídias eletrônicas e serão bem posteriores a elas. Basta ver que a história é uma sucessão de nós x eles, bem x mal, Deus x Diabo, etc.
Crer que nossa sociedade está degenerada é elitismo. "On the rocks"

Inamolgável

Está é uma palavra que realmente tende a completa extinção.
Deriva de amolgar, que significa deformar através de pancadas e, no sentido figurado, subjugar.
Há, na ficção, elementos realmente inamolgáveis, como o esqueleto do anti-herói Wolverine (ou seria melhor chamá-lo de carcaju) ou as facas ginsu, mas tudo mais tem sua nêmesis. Figurativamente falando, então, é melhor nem coemntar. Tudo e todos têm seu preço.
O que é hoje algo impensável, amanhã é defensável e depois inestimável. A caravana toca, e o inemolgável fica, esquecido no tempo.
Somente pessoas muito almogáveis permitiriam que o que é comentado nessa conversa entre Merval Pereira e Carlos Alberto Sardenberg siga acontecendo em pleno Congresso Nacional, não é mesmo?

Há eletricidade para todos os usos?

Dúvida apontada pelo leitor Xinxa Gaspar. Será que teremos eletricidade suficiente para mover os carros elétricos como fazemos com os movidos a combustíveis líquidos?
A resposta é sim, certamente. E digo isso porque independe da vontade e competência de qualquer dirigente governamental.
Se há uma coisa certa no mundo é a ineficiência dos motores de combustão interna utilizados nos veículos (conversão energética máxima teórica de 24%, em condições controladas e rotação constante - físicos, se houver um que leia este blog, socorram-me se o número estiver errado -, em condições de uso, é bem menor, menos do que 20%), mas nós os utilizamos devido aos fatores já relatados no texto de ontem.
Os motores elétricos conseguem eficiência superior a 80%. As usinas termoelétricas conseguem extrair, com suas turbinas, perto de 50% da energia contida no combustível que empregam.
Fazendo aquela regra de três simples, veremos que, caso todos os carros, por um passe se mágica, virassem elétricos e os combustíveis utilizados hoje por eles desviados para as usinas, seria possível alimentar ao menos o dobro dos veículos circulantes.
É verdade não seria simples assim, requereria a construção das usinas, redimensionamento das redes de distribuição e treinamento da mão-de-obra envolvida (parte mais difícil da questão), mas nenhum destes desafios é insolúvel, com as tecnologias que dispomos hoje e a mesma lógica empregada atualmente.
Mas o emprego dos carros elétricos poderia ser, além de tudo, uma evolução na geração descentralizada de eletricidade, através painéis fotovoltáicos ou outras tecnologias menos glamorosas, ao menos hoje.
Escrevi, no passado, alguns artigos sobre o tema, para encontrá-los, basta clicar no marcador energia, logo aí abaixo.

Parabéns ao Discordâncias

completa 4 anos hoje, este blog.
Espero que ele tenha contribuído um pouco com o debate nacional. Caso não, espero que ele contribua no futuro; não está morto quem pelea, afinal.
Que os próximos quatro anos sejam mais felizes para mim e os leitores, em todos os campos, e depois os outros quarenta, que sendo um país de alto desenvolvimento humano, este IDH deve estar louco, o Brasil proporciona que nossas vidas sejam loooooongas. Hiléa, aí vamos nós.