Para minha surpresa, o grande comunicador do Brasil não falou nenhuma grande besteira. Coisa que costuma fazer quando improvisa.
Tá certo que ele não foi apertado, mas também não escorregou.
O mais engraçado é que apesar de fazer gafe atrás de gafe, Lula é considerado um grande comunicador.
O problema pode ser comigo, talvez seja um péssimo receptor, porém não vejo isso. Comunicar-se subentende que as mensagens pretendidas são passadas corretamente, pelos meios adequado, levando-se em conta os receptores e seus potenciais de entendimento.
O fato é que não entendo nada do que Lula diz. Pelo menos não o que acho que ele quer comunicar. Geralmente Lula tem duas atitudes aparentes, a do maquinista que está a frente de uma máquina descontrolada e tendo que rebolar para controlá-la (tudo culpa do maquinista anterior, claro) ou a do todo-poderoso.
Como nem uma nem outra correspondem à realidade, seus discursos fazem parecer que estamos em uma montanha-russa. Em um dia muito bem e em outra muito mal.
O problema é que após mais de dois anos de mandato, nenhuma das duas atitudes convence mais. Muito do que Lula imputa como culpa de FHC é obra e graça de sua própria atual, assim como muito do que ele alardeia como seu é obra do antecessor. Isso dificulta o discurso da “herança maldita”.
Depois de dois anos fica difícil também acreditar que alguém todo-poderoso não resolveria todos os problemas que são apresentados. Uma contra-ponto seria um discurso da humildade, mas isso, além de não parecer compatível com a personalidade do Presidente, vai contra todo o discurso pregresso do Partido dos Trabalhadores. Ou alguém não se lembra da velha ladainha da “vontade política”? E das boas e velhas bravatas, que tão logo o PT assentou no Planalto, ficaram para trás?
É claro que não se pode tirar de Lula seu carisma. Tanto o inato quanto o treinado durante anos de palanque. Só que quando estamos investidos de um cargo público temos que ao menos tentar falar para todos, e não só para nossos amigos. Apesar de ele se declarar como estando presidente e sendo, para toda a vida, líder sindical.
Ao líder sindical cabe o papel de contestar e lutar pelos direitos de uma categoria. Como presidente é necessário que se pense nos interesses de todo um país. Desde o operário ao velho inimigo industrial e a ambos informar seus planos e estratégias.
Também não fica muito bem ficar confessando crimes, fazer piadinhas machistas ou sugerir que estamos com o traseiro colado no banco quando deveríamos tirá-lo de lá para combater os juros (juros estes em grande parte provocados por ele). Se fosse levar ao pé da letra o povo poderia acabar batendo no Palácio do Planalto. Iria ser um rebu, não?
O chamado decoro não vale apenas para os congressistas rebeldes que devem ser “enquadrados”. Serve também para os presidentes e ministros.
Quando chamou uma parcela dos aposentados do Brasil de vagabundos, FHC sofreu uma saraivada de críticas. Parece que seu sucessor não aprendeu muito com isso.
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