Das ladainhas que se propagam nos noticiários políticos e econômicos, talvez a mais usada é a relacionada à importância da educação tanto para o desenvolvimento individual quanto para o coletivo, mas existe um porém: o que é educação?
Até concordo que a educação é importante e creio que não acharemos ninguém que discorde abertamente, contudo os que falam disto, geralmente, estão expressando fé em uma parcela muito estreita da educação: a escolaridade.
Ou seja, eles estão expressando que a educação formal, aquela que conseguimos nos bancos escolares, é a mola propulsora do desenvolvimento de um país e que ao aumentarmos o nível de escolaridade, anos passados nas instituições de ensino, estaremos automaticamente melhorando nossa posição no quadro dos países.
Eu discordo. Para mim, altos níveis de escolaridade de uma população são mais um reflexo do grau de desenvolvimento de um país do que o contrário.
São facilitadores de um processo de desenvolvimento, é verdade, mas não garantem sucesso econômico e social independentemente de outros fatores; como a tragédia do retrocesso nos dois campos das nações que formavam a antiga União Soviética pode demonstrar.
Caso a escolaridade fosse fator primordial, como explicar que nosso presidente e os dois seguintes na cadeia de sucessão, vice-presidente e presidente da Câmara dos Deputados, não são formados em nenhuma instituição de ensino superior, ou doutores como se costuma dizer por aí, mas pela escola da vida, como ao menos o Presidente adora propagandear?
E ao espantoso florescimento da economia brasileira entre o fim da II Guerra Mundial e o fim da década de 1970, época em que o país era campeão mundial de crescimento do PIB, quando muitos países já haviam erradicado o analfabetismo e nas estatísticas nacionais o número de iletrados, analfabetos funcionais e analfabetos francos eram muitos maiores do que os nos dias de hoje?
Na minha opinião isto não demonstra a desimportância do ensino formal, mas sim que ele não é a panacéia que muitos receitam. Creio até que isto só demonstra que os fatores do desenvolvimento de uma nação são muito mais sinuosos do dizem os simplistas e que um primeiro passo para o nosso seria um verdadeiro choque de educação em nosso povo.
Um choque não de escolaridade, como defenderiam os “diplomálatras” que fazem a alegria da burocracia e dos burocratas, mas de educação em um sentido mais amplo de desenvolvimento.
Apenas tento deixar claro que, ao tentar explicar nosso atraso sócio-econômico pelos índices de educação nós teremos o mesmo sucesso que ao tentarmos fazer um retrato-falado de alguém olhando a foto de casamento de seus pais. Podemos até acertar, mas será pura sorte.
Nos dois casos o “DNA” dos objetos é em grande parte compartilhado, mas a expressão fenotípica deles pode variar demais.
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