Armas químicas? Controle do petróleo? Insanidade coletiva dos dirigentes da dita “coalizão”? Demonstração de hegemonia militar? Não, nada disso.
Nada me tira da cabeça que o verdadeiro motivo para a deflagração da guerra que depôs o ditador iraquiano Saddam Hussein foi uma tentativa de esconder o vergonhoso déficit norte-americano de então.
Bem, vamos tentar analisar os dados:
Caso a hipótese de posse de armas químicas fosse a verdadeira, invadir o país e deixá-lo acéfalo seria a pior das ações. Tendo ou não armas químicas, Saddam era um adversário que podia ser contido, como estava sendo nos 13 anos após a Guerra do Golfo. Com a instabilidade gerada pelos combates, o cenário só poderia ficar pior, as armas poderiam cair em mãos havidas por lucros e os cientistas dos programas de armas químicas iraquianas poderiam se empregar em um outro centro, só Deus sabe onde.
Controle do petróleo seria uma alternativa plausível caso a alternativa militar não fosse tão desastrosa do ponto de vista econômico. Com o valor gasto na Guerra, os Estados Unidos poderiam financiar suas importações de petróleo por muito tempo e ainda poderia criar programas de substituição energética, que poderiam dar mais independência ao país em relação aos exportadores do chamado “ouro negro”.
Insanidade coletiva dos dirigentes da “Coalizão”; bem, é difícil acreditar que os governantes de alguns dos países mais poderosos do mundo tenham autonomia para tomar decisões que afetam tão profundamente seus países a ponto de levá-los à guerra por capricho e não serem contidos.
Hegemonia militar? Seria também uma alternativa caso isso não demonstrasse exatamente o contrário. A hegemonia militar dos Estados Unidos não era contestada no momento em que a decisão foi tomada, mas a participação maciça dos efetivos norte-americanos no Iraque fez com que a possibilidade de envolvimento em conflitos atual seja muito menor do que antes. Sendo menor também seu poder de intimidar e sua hegemonia.
Isto me leva à minha hipótese de que a guerra serviu para mascarar erros administrativos da gestão Bush. A motivação é sórdida, concordo, mas foi a única que me fez sentido antes do início dos combates. Na época se discutia as contas do governo Bush, que estava preste a mostrar que o rebanho (depois das vacas gordas de Clinton) sofria de anemia profunda. E o inimigo externo de sempre para manobras dispersivas era o Saddam da esquina.
Depois do início dos combates, muito se falou, se discutiu, mas nada de novo apareceu que me mostrasse alguma justificativa concreta e acertada para a guerra; então meu raciocínio ainda está valendo. Aceito sugestões e explicações. A minha é muito torpe e dolorosa para se aceitar como verdade.
O argumento mais palatável seria o último aventado; mudança de regime para a imposição de uma democracia. Mas será que imposição e democracia podem ser usadas na mesma frase.
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