terça-feira, 12 de abril de 2005

Uma aventura na Babilônia

Armas químicas? Controle do petróleo? Insanidade coletiva dos dirigentes da dita “coalizão”? Demonstração de hegemonia militar? Não, nada disso.
Nada me tira da cabeça que o verdadeiro motivo para a deflagração da guerra que depôs o ditador iraquiano Saddam Hussein foi uma tentativa de esconder o vergonhoso déficit norte-americano de então.
Bem, vamos tentar analisar os dados:
Caso a hipótese de posse de armas químicas fosse a verdadeira, invadir o país e deixá-lo acéfalo seria a pior das ações. Tendo ou não armas químicas, Saddam era um adversário que podia ser contido, como estava sendo nos 13 anos após a Guerra do Golfo. Com a instabilidade gerada pelos combates, o cenário só poderia ficar pior, as armas poderiam cair em mãos havidas por lucros e os cientistas dos programas de armas químicas iraquianas poderiam se empregar em um outro centro, só Deus sabe onde.
Controle do petróleo seria uma alternativa plausível caso a alternativa militar não fosse tão desastrosa do ponto de vista econômico. Com o valor gasto na Guerra, os Estados Unidos poderiam financiar suas importações de petróleo por muito tempo e ainda poderia criar programas de substituição energética, que poderiam dar mais independência ao país em relação aos exportadores do chamado “ouro negro”.
Insanidade coletiva dos dirigentes da “Coalizão”; bem, é difícil acreditar que os governantes de alguns dos países mais poderosos do mundo tenham autonomia para tomar decisões que afetam tão profundamente seus países a ponto de levá-los à guerra por capricho e não serem contidos.
Hegemonia militar? Seria também uma alternativa caso isso não demonstrasse exatamente o contrário. A hegemonia militar dos Estados Unidos não era contestada no momento em que a decisão foi tomada, mas a participação maciça dos efetivos norte-americanos no Iraque fez com que a possibilidade de envolvimento em conflitos atual seja muito menor do que antes. Sendo menor também seu poder de intimidar e sua hegemonia.
Isto me leva à minha hipótese de que a guerra serviu para mascarar erros administrativos da gestão Bush. A motivação é sórdida, concordo, mas foi a única que me fez sentido antes do início dos combates. Na época se discutia as contas do governo Bush, que estava preste a mostrar que o rebanho (depois das vacas gordas de Clinton) sofria de anemia profunda. E o inimigo externo de sempre para manobras dispersivas era o Saddam da esquina.
Depois do início dos combates, muito se falou, se discutiu, mas nada de novo apareceu que me mostrasse alguma justificativa concreta e acertada para a guerra; então meu raciocínio ainda está valendo. Aceito sugestões e explicações. A minha é muito torpe e dolorosa para se aceitar como verdade.
O argumento mais palatável seria o último aventado; mudança de regime para a imposição de uma democracia. Mas será que imposição e democracia podem ser usadas na mesma frase.

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