Em comentários, reportagens, entrevistas, sinais de fumaça ou onde mais possam expressar sua opinião; os exportadores estão dizendo que o dólar está muito desvalorizado frente ao Real, mas a realidade não está muito condizente com isso; pois por mais que o Banco Central intervenha, a moeda só cai, cai e cai aqui no Brasil.
Para fazermos uma pequena retrospectiva histórica, lembremos que o valor do Real foi arbitrado por convenção, quando da criação do plano, com um valor muito próximo ao da moeda americana e este não tinha por que ser discutido, uma vez que refletia apenas uma referência para a qual o resto da economia deveria convergir.
Como apontar o valor justo de uma moeda é uma arte que poucos no mundo estão aptos a fazer, se não ninguém, vamos avaliar alguns dos fatores que podem afetar as taxas de câmbio e tentar encontrar os argumentos pelos quais a moeda brasileira estaria hoje mais cara do que deveria.
O primeiro fator que deveria ser investigado seria a posição relativa frente a um “pacote de moedas”, ou seja, se o dólar está tão valorizado atualmente quanto esteve a algum tempo atrás. Em seguida deveríamos partir para os demais fatores.
Um fator que pode influenciar muito na taxa de câmbio entre duas moedas é a inflação relativa entre as duas (diferença entre as inflações dos dois países). A título de exemplo, caso esta tivesse sido de 200% entre Brasil e Estados Unidos e descontados os demais fatores, o dólar deveria valer hoje cerca de 3 reais.
Outro fator seria a movimentação de divisas. Neste ponto o Real dos últimos tempos goleia os americanos e seus déficits gêmeos, que substituíram as torres do WCT como símbolo da globalização naquele país.
Outro seria o aumento de eficiência econômica de um país em relação ao outro. Como todos sabemos a eficiência é o fator que permite gerar mais valor, ou produtividade, com a mesma quantidade de recursos.
Geralmente se anuncia que o índice de produtividade americano está aumentando cerca de 1% ao ano enquanto o do Brasil está em queda no momento. Este índice é expresso como sendo dólares por trabalhador, ou seja, o valor per capta que alguém consegue agregar com seu trabalho. Não acredito na qualidade destes índices, pois eles são expressos em dólares e não levam em conta diferenças relativas dos valores de produtos e serviços de cada economia.
Estes fatores são os que são apontados mais freqüentemente como influenciador do câmbio pelos textos que tratam do assunto. Para ser sincero não sei qual deveria ser o valor do real perante o dólar, porém desconfio que os exportadores estão batendo na tecla errada quando culpam este valor pela perda da competitividade da nossa economia exportadora.
Não acredito que há fortalecimento agora, mas que ocorreu enfraquecimento excessivo outrora.
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