Enquanto não se botarem os pingos nos is e se explicitar os papéis de cada um na vida pública brasileira não se acabará com esta palhaçada que cá está.
É por isso que cada vez gosto mais de Severino Cavalcanti. Ele parece ser o único no momento que faz valer os atributos de uma figura pública que: sabe qual é o seu papel; o cumpre e; melhor, o faz abertamente.
Vamos parar de hipocrisia. Esta história de que os políticos que estão exercendo mandato são representantes do povo, uma generalização que significa todos e ninguém, é uma balela.
Os políticos eleitos para cargos executivos não são, ou não deveriam ser, representantes de ninguém e sim gestores dos patrimônio e programas públicos. Portanto, não são mais nem menos do que qualquer administrador, como aquele de empresas perante da fábrica ou loja que dirige. Seu compromisso deve, ou deveria, ser apenas com a realização de metas, aquelas que ele apresentou ao se candidatar, e apenas por elas deveria ser cobrado e julgado como bom ou mal.
No dos eleitos para cargos do legislativo, cada um representa um grupo, ou grupos, que o elegeu; seja este grupo formado por empresários, fiéis de uma igreja ou representantes de um sindicato qualquer. Desde que cumpra seu mandato dentro das regras e leis que o rege, somente a eles deve alguma satisfação. Figuras retóricas, como a pátria e o povo brasileiro, ou convenções sociais, vulgos moral e bons costumes, podem até ser usadas para tentar pressioná-los mas isto é apenas jogar para a torcida, o que vale mesmo é o pensamento dos grupos aos quais cada um representa não importando se isso é bom ou ruim para o país como um todo.
A idéia é que a soma dos interesses dos grupos que estão representados nos legislativos fará com que os interesses da maioria seja a contemplada. O problema aí reside no fato que isto nem sempre é verdade e, às vezes, dependendo do grau de distorção da democracia em que estamos inseridos, nem é o mais comum.
Os deputados, em particular, tem estas atribuições mais claras. Pois são representantes, até em nível estatutário (no caso a constituição), das populações de seus estados no contexto geral do país, ao contrário dos senadores que devem representar os interesses dos Estados como ente federativo.
Enquanto não entendermos isto e fizermos por onde, colocando pessoas nos legislativos que representem nossos interesses e bons gestores nos executivos, ficaremos chorando na cama, que é lugar quente, ou clamando pelo espírito público dos políticos, não necessariamente nesta ordem, mas com o mesmo resultado.E o Severino continuará sendo uma figura pública exemplar, defendendo os interesses daqueles que o apóiam: ele mesmo; sua (dele) família; os 300 deputados que o colocaram na Presidência da Câmara e; quem sabe, até a população de João Alfredo.
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