segunda-feira, 11 de abril de 2005

O verdadeiro mal do Brasil: governo que não faz

A maioria deve se lembrar de um comercial que costumava passar no horário nobre televisivo e que ressaltava a importância do indivíduo no desenvolvimento da sociedade e que costumava se encerrar dizendo: Fulano é gente que faz.
O impacto dele foi tão grande que gerou até anedotas de programa humorístico que, mostrando a fertilidade de certas regiões da nação, arrematava: Cicrano é gente que faz gente.
Pois chegamos a um ponto em que precisamos de uma propaganda no mesmo horário nobre pra dizer: Brasileiro é governo que não faz.
Mas isto não é o maior problema; existem centenas de governos que não fazem mundo afora. O problema maior é que o governo cobra pelo serviço e não o entrega.
E se não bastasse cobrar, cobra de maneira específica. Existem os impostos de seguridade social, para evitar que haja desalento entre os trabalhadores brasileiros, e o desalento existe.
Há a contribuição criada para evitar a precarização do sistema de saúde, e o sistema de saúde é a todo o momento apontado como uma preocupação do brasileiro.
Existe a Cide, contribuição criada para tornar as vias públicas trafegáveis, e os buracos continuam cercados por resquícios de asfalto.
Existem as transferências obrigatórias para o sistema educacional e muitos alunos terminam o ensino básico analfabetos.
Os exemplos não param por aí e, com tudo isso, o trabalhador brasileiro é constantemente bi-tributado, alguns poderiam até dizer extorquido. Paga os impostos “devidos”, mas não recebe o serviço público em troca, e tem que pagar o serviço novamente para a iniciativa privada.
É a previdência privada, o plano de saúde, o conserto do carro, a escola particular, etc. Tudo na tentativa de remediar ao que o governo, nos seus mais diversos níveis, deixou de cumprir de suas atribuições.
E qual é a defesa para a sua inação e incompetência? Se formos considerar isto como defesa, são os argumentos de que os governos têm restrições orçamentárias e outras prioridades, mesmo após ter cobrado especificamente pelo serviço, e não podemos nem ao menos chamar o Procon.
Outras vezes, alguns governos, vendo o absurdo dos argumentos acima citados, simplesmente escondem o sol com peneiras é se dizem perseguidos por aqueles que apontam as falhas. Estes são sempre “agentes da oposição”.
Já é passado o momento de que os governos tomem para si a responsabilidade de fornecer realmente os serviços pelos quais cobram, tirando do ombro da sociedade o ônus de arcar com a incompetência de seus governantes.
Não é só na cobrança de impostos que os governos tem que se mostrar atuantes e competentes. Quando eles se mostrarem assim em todas as áreas de atuação, além do bem-estar geral, até o poder contributivo da sociedade aumentará e não precisará ocorrer esta guerra entre o poder público, cobrando, e os indivíduos procurando garantir sua sobrevivência, sonegando.

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