Em duas semanas seguidas a revista Veja recheou suas página internas com matérias que dizem, em suma, uma coisa: a informalidade é o motor (freio-motor, é claro) da falta de crescimento da economia brasileira.
É claro que cada momento é um momento, mas, eu me pergunto, como era a formalização da economia há 30 anos?
Será realmente que nossa economia está se tornando mais e mais informal ou ela se mantêm da maneira que sempre foi?
Sinceramente não tenho a resposta. Mas desconfio que as coisas são mais ou menos da maneira que sempre foram. Só estamos recebendo mais notícias a respeito da informalidade.
Vejam meu ponto de vista.
Quando se deu o milagre brasileiro a grande maioria da população vivia no campo, e grande parte das relações de troca eram exatamente isso, troca (ou escambo, a forma mais precisa e incomum de se dizer); mais informal impossível.
Um diferencial importante hoje em dia é que se faz muito mais espuma sobre o assunto com a universalização da previdência social, com as pressões externas pelos direitos a propriedade intelectual, etc...
Não estou querendo dizer com isso que sou a favor da informalidade, que em alguns casos não passa de crime mesmo, só estou tentando dizer que o buraco é muito mais embaixo.
Creio até que o maior problema não é a informalidade de uma parte da nação e sim o excesso de formalismo da outra parte.
É a inexplicável via-sacra que temos que percorrer quando tentamos abrir uma empresa; é o caminho para o purgatório quando devido a uma obscura mudança de norma nos joga na irregularidade; é a dificuldade de acesso à justiça e todos os outros suplícios que um empreendedor sofre no exercício da função.
Em resumo, o que nos atrasa é o setor público e a sua falta de competência.
Tentar jogar a culpa em outra instância é muito cômodo, porém não é verdadeiro. A informalidade da nossa economia é um processo histórico que começou em um ponto indeterminado e talvez nunca terminará. A patinada econômica se iniciou há 25 anos.
Algo mais tem que explicá-la.
Apenas alguns pensamentos sobre as coisas que acho que sei ou sobre as quais não tenho a mínima idéia
sábado, 10 de dezembro de 2005
quinta-feira, 8 de dezembro de 2005
Pergunta:
Não é espantoso como tantos declaram que a nossa moeda deve ser desvalorizada e outros tantos, por vezes até os mesmos tantos, declaram que se deve combater a inflação, pois ela deteriora o poder de compra desta mesma moeda?
sexta-feira, 25 de novembro de 2005
A cara da crise (você, eu e todos que nada fazemos para que os "responsáveis" o sejam)
Só o que se ouve atualmente é que a crise disto, crise daquilo e, talvez, até uma crise institucional entre os poderes da República.
Porém, se há uma crise de fato, é a crise de responsabilidade das autoridades constituídas.
A estas não se cobra a responsabilidade pelos seus atos; como se imagina que eles próprios se sentirão responsáveis por estes? Só a fé na raça humana mesmo poderia nos fazer crer nisto, e ela está desacreditada não apenas nestas paragens.
Tomemos como parâmetro o notório caso do juiz de Contagem que anda soltando condenados. Se aos possíveis, na verdade prováveis, delitos destes ex-detentos fosse imputada co-autoria ao excelentíssimo juiz, nenhum deles estaria nas ruas. Estariam todos muito mal-confinados em Contagem, de modo que os crimes seriam de outros.
E quem seriam estes outros. Em última instância de nosso presidente, Lula, e do governador do estado de Minas Gerais, Aécio Neves – mas podemos dizer o mesmo de todos os governadores do Brasil, uma vez que não existe nenhum estado no qual este problema está equacionado. Se as cadeias e prisões estão neste estado lastimável, é por que os administradores públicos não dão a mínima para o problema da população encarcerada deste país.
Todos os administradores deveriam, já há muito, ter resolvido estes problemas. Mas quem liga para os presos? Boas condições destes dão votos para quem? Aqueles que morrem ou ficam doentes quando internos destas instituições podem cobrar de quem?
No máximo pinta um processo contra o Estado, este eterno provedor.
O diretor da prisão pode eventualmente ser trocado, o juiz corregedor pode eventualmente ter uma noite mal dormida para se defender das acusações. O Secretário de Segurança Pública nem ao menos fica sabendo, imaginem o Governador ou o Presidente.
Só que esta situação não ocorre apenas neste quesito da administração pública. Está em todos os aspectos de nossa administração.
Está na lei mal escrita, na decisão mal tomada, na estrada mal construída e na investigação mal conduzida. Em tudo então.
No dia em que as ações ou omissões irresponsáveis começarem a trazer conseqüências aos hímens públicos desta nação este país estará automaticamente consertado. Tudo funcionará como em uma orquestra de virtuoses e todos poderemos dormir tranqüilos.
Até lá, estaremos no Brasil.
Obs: aparentemente o juiz de Contagem (o nome é muito complicado para que eu atreva a tentar escrevê-lo) está coberto de razão, perante a lei. Se a sociedade não tem condições de manter os detentos em situação ao menos decente, como podemos querer que ela os mantenha detidos?
Porém, se há uma crise de fato, é a crise de responsabilidade das autoridades constituídas.
A estas não se cobra a responsabilidade pelos seus atos; como se imagina que eles próprios se sentirão responsáveis por estes? Só a fé na raça humana mesmo poderia nos fazer crer nisto, e ela está desacreditada não apenas nestas paragens.
Tomemos como parâmetro o notório caso do juiz de Contagem que anda soltando condenados. Se aos possíveis, na verdade prováveis, delitos destes ex-detentos fosse imputada co-autoria ao excelentíssimo juiz, nenhum deles estaria nas ruas. Estariam todos muito mal-confinados em Contagem, de modo que os crimes seriam de outros.
E quem seriam estes outros. Em última instância de nosso presidente, Lula, e do governador do estado de Minas Gerais, Aécio Neves – mas podemos dizer o mesmo de todos os governadores do Brasil, uma vez que não existe nenhum estado no qual este problema está equacionado. Se as cadeias e prisões estão neste estado lastimável, é por que os administradores públicos não dão a mínima para o problema da população encarcerada deste país.
Todos os administradores deveriam, já há muito, ter resolvido estes problemas. Mas quem liga para os presos? Boas condições destes dão votos para quem? Aqueles que morrem ou ficam doentes quando internos destas instituições podem cobrar de quem?
No máximo pinta um processo contra o Estado, este eterno provedor.
O diretor da prisão pode eventualmente ser trocado, o juiz corregedor pode eventualmente ter uma noite mal dormida para se defender das acusações. O Secretário de Segurança Pública nem ao menos fica sabendo, imaginem o Governador ou o Presidente.
Só que esta situação não ocorre apenas neste quesito da administração pública. Está em todos os aspectos de nossa administração.
Está na lei mal escrita, na decisão mal tomada, na estrada mal construída e na investigação mal conduzida. Em tudo então.
No dia em que as ações ou omissões irresponsáveis começarem a trazer conseqüências aos hímens públicos desta nação este país estará automaticamente consertado. Tudo funcionará como em uma orquestra de virtuoses e todos poderemos dormir tranqüilos.
Até lá, estaremos no Brasil.
Obs: aparentemente o juiz de Contagem (o nome é muito complicado para que eu atreva a tentar escrevê-lo) está coberto de razão, perante a lei. Se a sociedade não tem condições de manter os detentos em situação ao menos decente, como podemos querer que ela os mantenha detidos?
quinta-feira, 24 de novembro de 2005
E o cínico sou eu?
Nada mais desagradável do que assistir aos depoimentos destes deputados acusados de receber verbas “não-contabilizadas” das contas de Marcos Valério ou, como preferem alguns, do Valerioduto.
Hoje, João Paulo Cunha teve a cara de pau de dizer que não havia nada de errado em com o que havia feito. Recebeu sim, os recursos, e daí?; disse.
A culpa tinha toda sido do tesoureiro, aquele demoníaco ser que faz brotar dinheiro, não se sabe de onde, para toda e qualquer necessidade.
O deputado do partido amigo está sendo ameaçado de perder o cargo; chama o tesoureiro.
Precisamos de uma pesquisa eleitoral, chama o tesoureiro.
Queremos um álibi, tesoureiro.
Assinei sem ler, o culpado é o mordomo, quer dizer, o tesoureiro.
O partido está metido em um atoleiro financeiro, é claro que o culpado é o tesoureiro.
Culpado, não, desculpe, me expressei mal. O responsável é o tesoureiro.
Nesta crise toda não há culpados, além de Roberto Jefferson.
Os outros são apenas vítimas da situação. Todos têm bom coração, querem o melhor para o povo.
Se andam recebendo caixas de conteúdo suspeito, é para melhorar as relações com os países amigos.
Obras suspeitas financiadas pelo BNDS mundo afora? Oras, são países amigos.
Carros de presentes? Mas quanta desconfiança, são primeiros-secretários amigos.
Centrais de negócios em Brasília? São apenas ex-amigos.
E os indícios de irregularidade? Todos baseados em denuncismo irresponsável, todas as denúncias são vazias, nada ficou provado, mesmo quando as provas estão aí aos olhos de todos.
Quem não acredita nas desculpas; esfarrapadas, diga-se de passagem? Um bando de militantes da elite, desgostosa com os lucros crescentes de suas aplicações financeiras. Ou não era este o raciocínio de Joãozinho Trinta, que quem gosta de luxo é o pobre. Nossas elites devem estar fartas de verem o seu aumentando.
Já fui acusado muitas vezes de ser cínico, mas se quero mesmo aprender a sê-lo, terei que fazer um estágio em Brasília. É lá que estão os mestres.
Hoje, João Paulo Cunha teve a cara de pau de dizer que não havia nada de errado em com o que havia feito. Recebeu sim, os recursos, e daí?; disse.
A culpa tinha toda sido do tesoureiro, aquele demoníaco ser que faz brotar dinheiro, não se sabe de onde, para toda e qualquer necessidade.
O deputado do partido amigo está sendo ameaçado de perder o cargo; chama o tesoureiro.
Precisamos de uma pesquisa eleitoral, chama o tesoureiro.
Queremos um álibi, tesoureiro.
Assinei sem ler, o culpado é o mordomo, quer dizer, o tesoureiro.
O partido está metido em um atoleiro financeiro, é claro que o culpado é o tesoureiro.
Culpado, não, desculpe, me expressei mal. O responsável é o tesoureiro.
Nesta crise toda não há culpados, além de Roberto Jefferson.
Os outros são apenas vítimas da situação. Todos têm bom coração, querem o melhor para o povo.
Se andam recebendo caixas de conteúdo suspeito, é para melhorar as relações com os países amigos.
Obras suspeitas financiadas pelo BNDS mundo afora? Oras, são países amigos.
Carros de presentes? Mas quanta desconfiança, são primeiros-secretários amigos.
Centrais de negócios em Brasília? São apenas ex-amigos.
E os indícios de irregularidade? Todos baseados em denuncismo irresponsável, todas as denúncias são vazias, nada ficou provado, mesmo quando as provas estão aí aos olhos de todos.
Quem não acredita nas desculpas; esfarrapadas, diga-se de passagem? Um bando de militantes da elite, desgostosa com os lucros crescentes de suas aplicações financeiras. Ou não era este o raciocínio de Joãozinho Trinta, que quem gosta de luxo é o pobre. Nossas elites devem estar fartas de verem o seu aumentando.
Já fui acusado muitas vezes de ser cínico, mas se quero mesmo aprender a sê-lo, terei que fazer um estágio em Brasília. É lá que estão os mestres.
quarta-feira, 23 de novembro de 2005
Volta das férias
Após dois meses de ócio e preguiça, estou de volta.
Como não tenho que me preocupar com os leitores, que ainda não tenho, começo amanhã, ou depois, ou depois ainda....
Como não tenho que me preocupar com os leitores, que ainda não tenho, começo amanhã, ou depois, ou depois ainda....
quarta-feira, 7 de setembro de 2005
Voltando aos juros
É mais do que certo que o país não pode manter estas taxas de juros indeterminadamente. Se pagamos pelos empréstimos juros mais altos do que o crescimento do PIB, é óbvio que em algum momento nossa capacidade de saldar estes empréstimos será ultrapassada. E quanto mais alta for esta diferença, mais rápida será alcançado este limite de solvência. Portanto, estamos jogando fora a capacidade de endividamento e estamos conseguindo com isto apenas mais dívidas.
Há apenas duas possibilidades em que torna moral e economicamente possível aceitar o endividamento de um poder público. Quando estes empréstimos possibilitam que um serviço essencial seja exercido ou quando eles fazem com que a infra-estrutura fornecida pelo estado possibilite um crescimento econômico maior do que as taxas de juros, tornando a sociedade como um todo mais rica, e - por tabela - aumentando a capacidade de estes empréstimos serem saldados.
Estas duas possibilidades lógicas não estão sendo cumpridas, então as taxas de juros que nosso estado está pagando, voluntariamente, estão empobrecendo toda a sociedade, em benefício de uns poucos que possuem capacidade para aplicar em títulos públicos, tanto aplicadores estrangeiros quanto brasileiros.
Esta política de juros altos é até o momento subsidiada pelo aumento de tributação da sociedade, e será assim até que a sociedade impeça que esta expropriação continue.
Uma expropriação que começa hoje através de impostos e continuará no futuro pela divida crescente ou pela moratória que certamente virá pela incapacidade de pagamento caso este processo persista.
Isto não é uma questão de pensamento de esquerda, que certamente não tenho, mas de pura lógica.
Tentar assassinar a lógica com base em falsas premissas de combate a inflação é um crime de responsabilidade, que o atual governo está cometendo com todo o “fervor revolucionário”.
Há apenas duas possibilidades em que torna moral e economicamente possível aceitar o endividamento de um poder público. Quando estes empréstimos possibilitam que um serviço essencial seja exercido ou quando eles fazem com que a infra-estrutura fornecida pelo estado possibilite um crescimento econômico maior do que as taxas de juros, tornando a sociedade como um todo mais rica, e - por tabela - aumentando a capacidade de estes empréstimos serem saldados.
Estas duas possibilidades lógicas não estão sendo cumpridas, então as taxas de juros que nosso estado está pagando, voluntariamente, estão empobrecendo toda a sociedade, em benefício de uns poucos que possuem capacidade para aplicar em títulos públicos, tanto aplicadores estrangeiros quanto brasileiros.
Esta política de juros altos é até o momento subsidiada pelo aumento de tributação da sociedade, e será assim até que a sociedade impeça que esta expropriação continue.
Uma expropriação que começa hoje através de impostos e continuará no futuro pela divida crescente ou pela moratória que certamente virá pela incapacidade de pagamento caso este processo persista.
Isto não é uma questão de pensamento de esquerda, que certamente não tenho, mas de pura lógica.
Tentar assassinar a lógica com base em falsas premissas de combate a inflação é um crime de responsabilidade, que o atual governo está cometendo com todo o “fervor revolucionário”.
Gigante desnaturado
Os dias vão passando e continuamos a ter a maior taxa de juros reais do mundo.
Por quê?
Todos os defensores afirmam que é devido ao combate a inflação, mas será verdade?
Juros altos combatem a inflação com características brasileiras? Tenho minhas dúvidas.
Juros são eficazes em situações em que há uma grande demanda reprimida e facilidades de crédito para que as pessoas possam atender esta demanda, o que poderia fazer com que a oferta ficasse desequilibrada.
No Brasil certamente existe uma grande demanda reprimida, sem dúvida, mas o crédito é tão restrito que chega a ser ridículo que tenhamos que tentar dificultá-lo ainda mais.
Outro detalhe é que o crédito é dificultado indistintamente. Mesmo o aumento de produção, que certamente faria a oferta maior, combatendo possíveis surtos inflacionários, tem taxas altamente desencorajadoras.
Ainda mais se calculamos as taxas de retorno das empresas, na média menor do que 10% ao ano, com as taxas de retorno dos investimentos em títulos públicos, atualmente maiores do que 14% no mesmo período. Que capitalista quereria arriscar seu capital e ainda trabalhar se pode emprestar seu dinheiro para o governo, viver de juros e com riscos muito menores; concordo com vocês, só um capitalista louco.
Desta maneira, ao invés de diminuirmos as condições para que tenhamos inflação baixa, estamos criando uma bomba que poderá ter um efeito inflacionário no futuro, quando esta demanda for liberada.
O pior de tudo é que estamos utilizando este instrumento contraditório como se nossa economia fosse totalmente submetida às compras no crédito, quando estas estão presentes apenas em uma pequena parcela da economia formal.
Como esta economia formal é responsável por perto da metade da economia real, estamos utilizando o remédio com doses exageradas em uma parcela para tentar conter os preços de todo o sistema.
E todas as medidas que poderiam fazer com que a realidade se aproxime da oficialidade são deixadas para lá, pois é mais fácil descontentar a uma grande e amorfa parcela de brasileiros que tentar mudar as regras atuais do jogo, que têm vencedores ativos e que se aproveitam do gigantismo do Estado em relação à nossa economia.
Não precisamos de choques de gestão, de capitalismo, de eletricidade; precisamos apenas acordar para o óbvio, que os agentes públicos devem pensar no público e restringir-se isso.
Esta já seria a grande revolução, e problemas como este do gigantismo do Estado e de sua dívida seriam coisas do passado.
Por quê?
Todos os defensores afirmam que é devido ao combate a inflação, mas será verdade?
Juros altos combatem a inflação com características brasileiras? Tenho minhas dúvidas.
Juros são eficazes em situações em que há uma grande demanda reprimida e facilidades de crédito para que as pessoas possam atender esta demanda, o que poderia fazer com que a oferta ficasse desequilibrada.
No Brasil certamente existe uma grande demanda reprimida, sem dúvida, mas o crédito é tão restrito que chega a ser ridículo que tenhamos que tentar dificultá-lo ainda mais.
Outro detalhe é que o crédito é dificultado indistintamente. Mesmo o aumento de produção, que certamente faria a oferta maior, combatendo possíveis surtos inflacionários, tem taxas altamente desencorajadoras.
Ainda mais se calculamos as taxas de retorno das empresas, na média menor do que 10% ao ano, com as taxas de retorno dos investimentos em títulos públicos, atualmente maiores do que 14% no mesmo período. Que capitalista quereria arriscar seu capital e ainda trabalhar se pode emprestar seu dinheiro para o governo, viver de juros e com riscos muito menores; concordo com vocês, só um capitalista louco.
Desta maneira, ao invés de diminuirmos as condições para que tenhamos inflação baixa, estamos criando uma bomba que poderá ter um efeito inflacionário no futuro, quando esta demanda for liberada.
O pior de tudo é que estamos utilizando este instrumento contraditório como se nossa economia fosse totalmente submetida às compras no crédito, quando estas estão presentes apenas em uma pequena parcela da economia formal.
Como esta economia formal é responsável por perto da metade da economia real, estamos utilizando o remédio com doses exageradas em uma parcela para tentar conter os preços de todo o sistema.
E todas as medidas que poderiam fazer com que a realidade se aproxime da oficialidade são deixadas para lá, pois é mais fácil descontentar a uma grande e amorfa parcela de brasileiros que tentar mudar as regras atuais do jogo, que têm vencedores ativos e que se aproveitam do gigantismo do Estado em relação à nossa economia.
Não precisamos de choques de gestão, de capitalismo, de eletricidade; precisamos apenas acordar para o óbvio, que os agentes públicos devem pensar no público e restringir-se isso.
Esta já seria a grande revolução, e problemas como este do gigantismo do Estado e de sua dívida seriam coisas do passado.
segunda-feira, 5 de setembro de 2005
Golaço?
Admito que o gol do Robinho cause admiração pois passou por todos os "mágicos" do quarteto, só que não vamos fingir que aquilo foi combinado.
Depois do lançamento açucarado de Robinho para o Adriano, e do eficiente drible que o centravante deu para se desmarcar, este deu uma engrossada fenomenal.
O cruzamento que o Adriano deu foi digna de zagueiro de roça. Temos que exaltar a recuperação do Kaká, que conseguiu do jeito que deu, que deixou a bola em condições boas para que Ronaldinho pudesse presentear Robinho com o gol.
Se tudo somado foi plasticamente bonito, foi um acidente.
Depois do lançamento açucarado de Robinho para o Adriano, e do eficiente drible que o centravante deu para se desmarcar, este deu uma engrossada fenomenal.
O cruzamento que o Adriano deu foi digna de zagueiro de roça. Temos que exaltar a recuperação do Kaká, que conseguiu do jeito que deu, que deixou a bola em condições boas para que Ronaldinho pudesse presentear Robinho com o gol.
Se tudo somado foi plasticamente bonito, foi um acidente.
sábado, 3 de setembro de 2005
A maior nação da terra
Esta é a expressão mais ouvida em qualquer reunião de norte-americanos falando de seu próprio umbigo.
Como qualquer um que fala, pensa e vive olhando para seu próprio umbigo, não conseguem ver um palmo adiante dos narizes, talvez devido à protuberância adiposa em meio ao qual este umbigo está.
Se conseguissem olhar um pouco ao redor de si próprios, os norte-americanos teriam percebido que há muito não há nada que os possa por em posição que justifique esta expressão.
Primeiro por que não existe esta grande nação americana. Como podemos ver claramente nos vídeos sobre a catástrofe, há pelos menos duas nações bem distintas e não comunicantes. A afro-americana e a dos outros; particularmente acredito que há muitas outras naquele país.
Estas duas não se comunicam, não se misturam e não se gostam. Vivem se afrontando mutuamente e consideram a outra culpada pelas mazelas de sua sociedade.
O segundo ponto que não tem nenhuma conexão com a expressão é o de ser a mais avançada tecnologicamente. De fato houve uma época em que eles primavam pela mais avançada tecnologia na face da Terra, só que isto foi a muito, muito tempo atrás; talvez nos primórdios da revolução digital.
Hoje, a tecnologia está bastante disseminada, e todas as novas “maravilhas” apresentadas dia após dia parecem ter em seu coração dna europeu ou asiático. Para não dizer que os norte-americanos não contribuem com nada, está aí o marketing dos quais eles ainda são os reis.
Só que como são os reis do assunto, eles devem saber que marketeirismo necessita de um substrato, por menor que seja, para prosperar.
Esta aí a razão da forma pela qual a popularidade de George W. Bush está fazendo água tão rápido quanto a cidade de Nova Orleans. Em tudo, tudo - repito, tudo - que se propôs, o governo Bush fracassou.
Como querer que os outros creiam que um fracasso atrás do outro demonstre que uma nação é a maior.
A população dos Estados Unidos deveria pegar o exemplo de seu presidente e derrubar o líder de uma nação que atrapalha seus planos e bem-estar.
O derrubado seria certamente um tal de W. Bush.
Como qualquer um que fala, pensa e vive olhando para seu próprio umbigo, não conseguem ver um palmo adiante dos narizes, talvez devido à protuberância adiposa em meio ao qual este umbigo está.
Se conseguissem olhar um pouco ao redor de si próprios, os norte-americanos teriam percebido que há muito não há nada que os possa por em posição que justifique esta expressão.
Primeiro por que não existe esta grande nação americana. Como podemos ver claramente nos vídeos sobre a catástrofe, há pelos menos duas nações bem distintas e não comunicantes. A afro-americana e a dos outros; particularmente acredito que há muitas outras naquele país.
Estas duas não se comunicam, não se misturam e não se gostam. Vivem se afrontando mutuamente e consideram a outra culpada pelas mazelas de sua sociedade.
O segundo ponto que não tem nenhuma conexão com a expressão é o de ser a mais avançada tecnologicamente. De fato houve uma época em que eles primavam pela mais avançada tecnologia na face da Terra, só que isto foi a muito, muito tempo atrás; talvez nos primórdios da revolução digital.
Hoje, a tecnologia está bastante disseminada, e todas as novas “maravilhas” apresentadas dia após dia parecem ter em seu coração dna europeu ou asiático. Para não dizer que os norte-americanos não contribuem com nada, está aí o marketing dos quais eles ainda são os reis.
Só que como são os reis do assunto, eles devem saber que marketeirismo necessita de um substrato, por menor que seja, para prosperar.
Esta aí a razão da forma pela qual a popularidade de George W. Bush está fazendo água tão rápido quanto a cidade de Nova Orleans. Em tudo, tudo - repito, tudo - que se propôs, o governo Bush fracassou.
Como querer que os outros creiam que um fracasso atrás do outro demonstre que uma nação é a maior.
A população dos Estados Unidos deveria pegar o exemplo de seu presidente e derrubar o líder de uma nação que atrapalha seus planos e bem-estar.
O derrubado seria certamente um tal de W. Bush.
quinta-feira, 1 de setembro de 2005
A força do terrorismo
Enquanto os ocidentais ficam se lamentando de sua sorte por ter que lidar como terrorismo islâmico, os iraquianos são forçados a carregar um fardo muito mais pesado.
Este é uma combinação de guerra civil pelo poder, revanchismo étnico, ocupação estrangeira, luta contra esta ocupação e terrorismo puro e simples.
Este caldo trágico mostrou sua força assassina ontem, com a tragédia que vitimou mais de mil pessoas, durante procissão xiita.
O pânico foi tão grande que provocou estas mortes e ferimentos baseados unicamente nos gritos de que haveria um homem-bomba no meio do cortejo, de existência não comprovada.
Esta é a verdadeira vitória do terrorismo. Desde a mais famosa ação deste conflito, aquela de 11 de setembro, ocorreram mudanças de regimes, de governos e de políticas; tudo motivado por atos e contra-atos terroristas.
Embora algumas destas ações tenham sido menos motivadas pelo terrorismo, e sim utilizado esta bandeira anti-terrorismo como diversionismo, tudo agora passa a formar uma enorme corrente de transmissão que passa a levar frustrações e problemas locais para um nível local.
Tomemos um caso isolado, o assassinato do brasileiro Jean Charles de Menezes. Aquele foi claramente um caso terrorista, no sentido de dizer para os possíveis “atentadores”: olhem o que faremos com vocês; nós não importamos com os da sua laia; vocês não são nada.
O maior problema para os policiais que o executaram foi que estes foram de uma incompetência a toda prova. Além de matarem um inocente, perderam todas as chances de neutralizar aquele que poderia ser um terrorista – lembrando que ele esteve em um ônibus e em um vagão de metrô, no qual foi executado, e, caso fosse esta sua intenção, poderia ter explodido um dos dois. Sem contar com a tentativa má-sucedida da Scotland Yard de fraudar as investigações independentes sobre o caso.
O próprio Iraque se converteu de um Estado autoritário, mas estável, em um território em balbúrdia. Sem segurança, sem governo e em colapso econômico. E com milhares de terroristas circulando livremente.
Em resumo; os estados democráticos pioraram, os autoritários pioraram, as perspectivas de vida pioraram. Portanto os objetivos dos terroristas islâmicos estão mais próximos, eles estão vencendo.
Este é uma combinação de guerra civil pelo poder, revanchismo étnico, ocupação estrangeira, luta contra esta ocupação e terrorismo puro e simples.
Este caldo trágico mostrou sua força assassina ontem, com a tragédia que vitimou mais de mil pessoas, durante procissão xiita.
O pânico foi tão grande que provocou estas mortes e ferimentos baseados unicamente nos gritos de que haveria um homem-bomba no meio do cortejo, de existência não comprovada.
Esta é a verdadeira vitória do terrorismo. Desde a mais famosa ação deste conflito, aquela de 11 de setembro, ocorreram mudanças de regimes, de governos e de políticas; tudo motivado por atos e contra-atos terroristas.
Embora algumas destas ações tenham sido menos motivadas pelo terrorismo, e sim utilizado esta bandeira anti-terrorismo como diversionismo, tudo agora passa a formar uma enorme corrente de transmissão que passa a levar frustrações e problemas locais para um nível local.
Tomemos um caso isolado, o assassinato do brasileiro Jean Charles de Menezes. Aquele foi claramente um caso terrorista, no sentido de dizer para os possíveis “atentadores”: olhem o que faremos com vocês; nós não importamos com os da sua laia; vocês não são nada.
O maior problema para os policiais que o executaram foi que estes foram de uma incompetência a toda prova. Além de matarem um inocente, perderam todas as chances de neutralizar aquele que poderia ser um terrorista – lembrando que ele esteve em um ônibus e em um vagão de metrô, no qual foi executado, e, caso fosse esta sua intenção, poderia ter explodido um dos dois. Sem contar com a tentativa má-sucedida da Scotland Yard de fraudar as investigações independentes sobre o caso.
O próprio Iraque se converteu de um Estado autoritário, mas estável, em um território em balbúrdia. Sem segurança, sem governo e em colapso econômico. E com milhares de terroristas circulando livremente.
Em resumo; os estados democráticos pioraram, os autoritários pioraram, as perspectivas de vida pioraram. Portanto os objetivos dos terroristas islâmicos estão mais próximos, eles estão vencendo.
terça-feira, 30 de agosto de 2005
Corporação: você ainda vai fazer parte de uma
Para ser médico é necessário estudar medicina, para ser engenheiro é necessário estudar engenharia, para ser motorista é necessário freqüentar auto-escola. Tudo faz sentido, não? Não.
A princípio para exercer qualquer função seria necessário apenas saber conhecer o ofício, mas as corporações conseguiram encutir no inconsciente de nossa sociedade que para toda a função existe um diploma equivalente que permite ao portador que a exerça. Seria uma forma de proteger a sociedade de má-prática, só que acaba sendo uma forma de reserva de mercado; em suma, um meio de beneficiar economicamente uns escolhidos.
Tomemos, por exemplo, a função de motorista; para não entrar no jardim de corporações poderosas, porém para as quais o raciocínio é o mesmo.
Exige-se de alguém eu queira dirigir veículos automotores terrestres, quando em via pública, a posse de uma licença de motorista. Para consegui-la é necessário um número x de aulas, teóricas e práticas, em instituições especializadas de ensino e a realização de provas em um órgão público específico.
Qual é a justificativa? Proteger a sociedade de maus motoristas, assegurando que só se habilitem ao exercício da função os que passarem por um rigoroso processo de treinamento e de testes de capacidade.
Além do ridículo de ser inabilitado quem não está de posse de sua CNH (carteira nacional de habilitação) – é o mesmo que dizer um médico que não está carregando sua carteira do CRM (Conselho Regional de Medicina) não pode salvar vidas, isto é uma justificativa claramente falsa.
Os dados da violência no trânsito brasileiro demonstram que esta forma de capacitação não está funcionando. Seria muito mais eficiente se a educação para o trânsito fosse ensinada desde a primeira infância durante a educação obrigatória a que todas as crianças do país precisam se submeter. Se fosse feita de maneira correta, esta educação precoce e continuada formaria um exército de pessoas mais capacitadas do que as que hoje estão aos volantes e guidões Brasil afora.
Por não confiar no discernimento da população a legislação cria uma indústria da “instrução” de motoristas. Por não confiar na educação que dá ao povo a sociedade exige provas de habilitação.
E é assim em todas as funções tradicionais que já conseguiram atiçar a sede das corporações.
A existência desta infinidade de corporações e de especificações de profissões é apenas mais uma das engrenagens da máquina de atraso brasileira; uma das mais importantes, aliás. Basta verificar que o auge deste tipo de sociedade de escolhidos foi na antiga idade média, pela qual nossa sociedade nem passou diretamente, se bem que, principalmente, manufatureiras, ao contrário da nossa que é focada nas profissões de prestação de serviços.
Uma justiça crível e rápida poderia dar cabo deste atraso; responsabilizando aqueles que cometessem má-prática profissional ou pessoal, atentando contra a vida ou patrimonial – de todo tipo, do financeiro ao moral – de outrem.
Como esta justiça não existe, as corporações vicejam.
A princípio para exercer qualquer função seria necessário apenas saber conhecer o ofício, mas as corporações conseguiram encutir no inconsciente de nossa sociedade que para toda a função existe um diploma equivalente que permite ao portador que a exerça. Seria uma forma de proteger a sociedade de má-prática, só que acaba sendo uma forma de reserva de mercado; em suma, um meio de beneficiar economicamente uns escolhidos.
Tomemos, por exemplo, a função de motorista; para não entrar no jardim de corporações poderosas, porém para as quais o raciocínio é o mesmo.
Exige-se de alguém eu queira dirigir veículos automotores terrestres, quando em via pública, a posse de uma licença de motorista. Para consegui-la é necessário um número x de aulas, teóricas e práticas, em instituições especializadas de ensino e a realização de provas em um órgão público específico.
Qual é a justificativa? Proteger a sociedade de maus motoristas, assegurando que só se habilitem ao exercício da função os que passarem por um rigoroso processo de treinamento e de testes de capacidade.
Além do ridículo de ser inabilitado quem não está de posse de sua CNH (carteira nacional de habilitação) – é o mesmo que dizer um médico que não está carregando sua carteira do CRM (Conselho Regional de Medicina) não pode salvar vidas, isto é uma justificativa claramente falsa.
Os dados da violência no trânsito brasileiro demonstram que esta forma de capacitação não está funcionando. Seria muito mais eficiente se a educação para o trânsito fosse ensinada desde a primeira infância durante a educação obrigatória a que todas as crianças do país precisam se submeter. Se fosse feita de maneira correta, esta educação precoce e continuada formaria um exército de pessoas mais capacitadas do que as que hoje estão aos volantes e guidões Brasil afora.
Por não confiar no discernimento da população a legislação cria uma indústria da “instrução” de motoristas. Por não confiar na educação que dá ao povo a sociedade exige provas de habilitação.
E é assim em todas as funções tradicionais que já conseguiram atiçar a sede das corporações.
A existência desta infinidade de corporações e de especificações de profissões é apenas mais uma das engrenagens da máquina de atraso brasileira; uma das mais importantes, aliás. Basta verificar que o auge deste tipo de sociedade de escolhidos foi na antiga idade média, pela qual nossa sociedade nem passou diretamente, se bem que, principalmente, manufatureiras, ao contrário da nossa que é focada nas profissões de prestação de serviços.
Uma justiça crível e rápida poderia dar cabo deste atraso; responsabilizando aqueles que cometessem má-prática profissional ou pessoal, atentando contra a vida ou patrimonial – de todo tipo, do financeiro ao moral – de outrem.
Como esta justiça não existe, as corporações vicejam.
terça-feira, 23 de agosto de 2005
Alhos, bugalhos e outros semelhantes
Virou moda ficar comparando Brasil com China, Coréia e Irlanda. Será que isso faz sentido?
É óbvio que não, são países com nada em comum, tanto na cultura, como na geografia, quanto em qualquer outra coisa que se tentar comparar.
A China é um país que está passando por uma “revolução” na economia, está passando de uma economia marcadamente agrária para uma economia industrial sustentando-se nos pilares de financiamento externo e tecnologia estrangeira. É surpresa que seja o país que mais cresce no mundo?
No início do século passado houve um país que fez exatamente isso e durante as sete primeiras décadas daquele século foi a economia que mais cresceu no mundo. Esse país era o Brasil. Como podemos sentir na própria carne, este receituário não nos transformou em uma potência, pois claramente tem seus limitantes. Talvez a China tenha descoberto uma maneira de romper estas limitações, eu francamente duvido.
A única maneira de perpetuar-se como uma potência econômica madura é incluindo a maioria da população no mercado de consumo, e isso a China não parece estar fazendo. Depender de compradores externos é sempre uma receita para o litígio, como já vem ocorrendo, ou para a catástrofe, já que estes compradores sempre podem sumir de uma hora para a outra.
Um mercado interno forte é um seguro quanto a esta possível perda de clientes estrangeiros e um grande meio de se alcançar escala para tentar o mercado externo.
Este é o desafio da China, transformar seu imenso mercado interno potencial em um mercado real, mesmo porque o resto do mundo não conseguirá arcar com uma China produtora nos moldes da atual. Imagine 1 bilhão e meio de pessoas produzindo artigos industriais baratos, quem vai comprar esta avalanche de bugingangas?
A Coréia do Sul é um exemplo parecido com o da China, só que em uma escala muito menor, o que permitiu que ela se desenvolvesse mais. Agora já produz tecnologia própria e pode concorrer de igual para igual com os grandões.
E a Irlanda, é um país minúsculo quando comparado com os outros três (menos de 5 milhões de habitantes), com um mercado interno imenso (a própria União Européia) e investimentos externos diretos e subsídios gigantescos. Seria necessária muita incompetência para que o país não crescesse a taxas gigantescas e se não equiparasse aos seus demais parceiros. Eles não tiveram, talvez a tivéssemos, mas quem sabe?
Cada país é um país, podemos ficar procurando similaridades e tentar adaptar casos de sucessos de outros países onde estas similaridades se encontram, mas tentar pegar índices de crescimento e falar; vamos seguir o que aqueles caras fazem, simples assim, não funciona. E não tem como funcionar algum dia.
É óbvio que não, são países com nada em comum, tanto na cultura, como na geografia, quanto em qualquer outra coisa que se tentar comparar.
A China é um país que está passando por uma “revolução” na economia, está passando de uma economia marcadamente agrária para uma economia industrial sustentando-se nos pilares de financiamento externo e tecnologia estrangeira. É surpresa que seja o país que mais cresce no mundo?
No início do século passado houve um país que fez exatamente isso e durante as sete primeiras décadas daquele século foi a economia que mais cresceu no mundo. Esse país era o Brasil. Como podemos sentir na própria carne, este receituário não nos transformou em uma potência, pois claramente tem seus limitantes. Talvez a China tenha descoberto uma maneira de romper estas limitações, eu francamente duvido.
A única maneira de perpetuar-se como uma potência econômica madura é incluindo a maioria da população no mercado de consumo, e isso a China não parece estar fazendo. Depender de compradores externos é sempre uma receita para o litígio, como já vem ocorrendo, ou para a catástrofe, já que estes compradores sempre podem sumir de uma hora para a outra.
Um mercado interno forte é um seguro quanto a esta possível perda de clientes estrangeiros e um grande meio de se alcançar escala para tentar o mercado externo.
Este é o desafio da China, transformar seu imenso mercado interno potencial em um mercado real, mesmo porque o resto do mundo não conseguirá arcar com uma China produtora nos moldes da atual. Imagine 1 bilhão e meio de pessoas produzindo artigos industriais baratos, quem vai comprar esta avalanche de bugingangas?
A Coréia do Sul é um exemplo parecido com o da China, só que em uma escala muito menor, o que permitiu que ela se desenvolvesse mais. Agora já produz tecnologia própria e pode concorrer de igual para igual com os grandões.
E a Irlanda, é um país minúsculo quando comparado com os outros três (menos de 5 milhões de habitantes), com um mercado interno imenso (a própria União Européia) e investimentos externos diretos e subsídios gigantescos. Seria necessária muita incompetência para que o país não crescesse a taxas gigantescas e se não equiparasse aos seus demais parceiros. Eles não tiveram, talvez a tivéssemos, mas quem sabe?
Cada país é um país, podemos ficar procurando similaridades e tentar adaptar casos de sucessos de outros países onde estas similaridades se encontram, mas tentar pegar índices de crescimento e falar; vamos seguir o que aqueles caras fazem, simples assim, não funciona. E não tem como funcionar algum dia.
quarta-feira, 17 de agosto de 2005
Na dúvida, pró ataque
“Falar em impeachment é flertar com o desastre”, escreveu Celso Ming em sua coluna de ontem no Estadão. Pode até ser, mas e não falar?
Não falar é casar com ele. É aceitar que as ações do governo Lula estão em concordância com o esperado. É o pior dos mundos.
Ming não é o único que não quer nem ouvir falar disso, tanto na mídia quanto nos partidos políticos.
Dizer que Lula não pode sofrer o impeachment (a partir deste momento procurarei me referir como impedimento), principalmente, devido a má qualidade de seus suplentes é simplesmente ridículo. O entendimento de que o impedimento por não ser conveniente para certos caciques (notadamente do PSDB) é mais do que ridículo.
Não estou defendendo o impedimento - nem ao menos sei se há elementos para isso – mas, se queremos conviver com a democracia e a legalidade, temos que aprender a respeitar a lei como está escrita.
Se na legislação vigente está escrito X, cumpra-se. Se achamos que X está errado, procuremos mudá-lo, só que depois de cumpri-lo enquanto está vigente.
Leis são feitas para regular as relações sociais e o poder executivo para, convenhamos, executá-las. Um governo que nem ao menos as cumpre é um estorvo. Se ser este estorvo não é uma “questão” de responsabilidade, não sei o que é; se é crime, não sei.
Pois então, não vamos tentar por fogo no circo. Daí a virar o rosto para não ver as chamas é outra muito diferente. Quero crer que não o faremos, mas aqui; quem vai saber?
Lulisticamente falando, vamos nos utilizar de uma figura de linguagem.
No futebol, na dúvida, deve se favorecer ao ataque e mandar a jogada seguir. No contencioso legal, na dúvida, pró réu.
Lula espera que na dúvida, pró ele. Só que política não é futebol e muito menos justiça. Se houver dúvida, ele já está perdendo, se certeza, é impedimento.
Não falar é casar com ele. É aceitar que as ações do governo Lula estão em concordância com o esperado. É o pior dos mundos.
Ming não é o único que não quer nem ouvir falar disso, tanto na mídia quanto nos partidos políticos.
Dizer que Lula não pode sofrer o impeachment (a partir deste momento procurarei me referir como impedimento), principalmente, devido a má qualidade de seus suplentes é simplesmente ridículo. O entendimento de que o impedimento por não ser conveniente para certos caciques (notadamente do PSDB) é mais do que ridículo.
Não estou defendendo o impedimento - nem ao menos sei se há elementos para isso – mas, se queremos conviver com a democracia e a legalidade, temos que aprender a respeitar a lei como está escrita.
Se na legislação vigente está escrito X, cumpra-se. Se achamos que X está errado, procuremos mudá-lo, só que depois de cumpri-lo enquanto está vigente.
Leis são feitas para regular as relações sociais e o poder executivo para, convenhamos, executá-las. Um governo que nem ao menos as cumpre é um estorvo. Se ser este estorvo não é uma “questão” de responsabilidade, não sei o que é; se é crime, não sei.
Pois então, não vamos tentar por fogo no circo. Daí a virar o rosto para não ver as chamas é outra muito diferente. Quero crer que não o faremos, mas aqui; quem vai saber?
Lulisticamente falando, vamos nos utilizar de uma figura de linguagem.
No futebol, na dúvida, deve se favorecer ao ataque e mandar a jogada seguir. No contencioso legal, na dúvida, pró réu.
Lula espera que na dúvida, pró ele. Só que política não é futebol e muito menos justiça. Se houver dúvida, ele já está perdendo, se certeza, é impedimento.
domingo, 14 de agosto de 2005
Faz todo o sentido
Moramos em um país esquizofrênico, não há dúvida, mas o grau parece estar se acentuando.
Sempre que dou uma olhada nos periódicos, seja em qual meio seja, me espanto com as discrepâncias entre a realidade e o discurso.
Não quero nem citar o nosso autista do planalto – é bom que ele fique com as barbas de molho - mas quero me ater a coisas mais simples, prosaicas; como a economia, por exemplo.
Mais precisamente o nosso súbito impulso exportador. Se tudo está errado, como dizem analistas e jornalistas especializados que resolvem opinar sobre o assunto, como podem mês após mês nossas exportações quebrarem recordes, assim como nosso saldo comercial.
Eu, como não sou nem analista nem especializado – e, portanto, não tenho um nome a zelar – posso dar meus pitacos.
Vamos por partes.
Primeiro, o câmbio. Será que ele está realmente tão desvalorizado assim? Pra quem se lembra dos 4 reais que um dólar comprava três anos atrás, estes 2,3 são realmente muito caros, só que não contam toda a história.
Dizem os especialistas que se levarmos em conta a inflação acumulada no período o dólar está mais valorizado do que em 1995, mais do que no século passado então.Mas pergunto aos especialistas, estamos levando em conta que grande parte desta já citada inflação ocorreu devido a valorização do já citado dólar em relação ao real?
Estamos, eu pergunto também, computando o fato de que faz três anos eram necessários 1,2 euros para comprar 1 dólar e hoje a relação se inverteu?
E pergunto ainda mais, seriam propaganda enganosa os dois estudos que foram lançados este ano e mostraram que Rio de Janeiro e São Paulo são das cidades grandes mais baratas para se morar no mundo? Só pode, já que nelas circula a super-ultra-hiper-valorizada moeda chamada real.
Quanto a infra-estrutura.
Há duas coisas a serem ditas sobre ela.
Que influencia o lucro do exportador não há dúvida. Só que também o faz com o importador. Os portos são os mesmos para ambas as partes, as estradas também, como qualquer outra forma de transporte dentro do nosso território.
Poderemos melhorá-los, e acredito que devemos, só que isto não significará necessariamente que nosso saldo comercial aumentará. Minha aposta é que aconteceria justamente o contrário. Nossa carga tributária passaria a ter um papel mais preponderante nos custos caso a infra-estrutura melhorasse. Quem vocês acham que sairia ganhando?
Ainda sobre a infra-estrutura, quero dizer que o dinheiro que é gasto devido a falta deste não é, digamos, “vaporizado”. Mas é isso que as análises fazem parecer, por exemplo, quando dizem que os produtores de soja norte-americanos ou argentinos são mais competitivos por terem um frete médio mais barato que os brasileiros. Primeiro porque este não é o único custo e segundo porque o dinheiro não desaparece, simplesmente.
Todo o dinheiro gasto a mais com transporte rodoviário em detrimento a tão sonhada matriz sobre trilhos ou sobre barcaças alimenta uma grande cadeia que vai dos caminhoneiros e passa pelos frentistas de posto de beira-de-estrada, passando por concessionárias, mecânicos, indústrias de auto-peças, etc. Muitas das engrenagens desta cadeia inclusive ganharam escala que as credenciaram a competir pelo mercado externo devida a grande escala destes negócios no Brasil.
Desta forma, a mudança da matriz de transporte poderá trazer grandes vantagens ao exportador - e ao importador – só que não significará também uma grande perda para toda esta cadeia.
Dizer que o país sairá ganhando é uma generalização que não me atrevo a fazer de sopetão.
É certo que os analistas devem tentar antecipar os acontecimentos, só que as análises parecem deslocadas d realidade. Em um país esquizofrênico faz todo o sentido.
Sempre que dou uma olhada nos periódicos, seja em qual meio seja, me espanto com as discrepâncias entre a realidade e o discurso.
Não quero nem citar o nosso autista do planalto – é bom que ele fique com as barbas de molho - mas quero me ater a coisas mais simples, prosaicas; como a economia, por exemplo.
Mais precisamente o nosso súbito impulso exportador. Se tudo está errado, como dizem analistas e jornalistas especializados que resolvem opinar sobre o assunto, como podem mês após mês nossas exportações quebrarem recordes, assim como nosso saldo comercial.
Eu, como não sou nem analista nem especializado – e, portanto, não tenho um nome a zelar – posso dar meus pitacos.
Vamos por partes.
Primeiro, o câmbio. Será que ele está realmente tão desvalorizado assim? Pra quem se lembra dos 4 reais que um dólar comprava três anos atrás, estes 2,3 são realmente muito caros, só que não contam toda a história.
Dizem os especialistas que se levarmos em conta a inflação acumulada no período o dólar está mais valorizado do que em 1995, mais do que no século passado então.Mas pergunto aos especialistas, estamos levando em conta que grande parte desta já citada inflação ocorreu devido a valorização do já citado dólar em relação ao real?
Estamos, eu pergunto também, computando o fato de que faz três anos eram necessários 1,2 euros para comprar 1 dólar e hoje a relação se inverteu?
E pergunto ainda mais, seriam propaganda enganosa os dois estudos que foram lançados este ano e mostraram que Rio de Janeiro e São Paulo são das cidades grandes mais baratas para se morar no mundo? Só pode, já que nelas circula a super-ultra-hiper-valorizada moeda chamada real.
Quanto a infra-estrutura.
Há duas coisas a serem ditas sobre ela.
Que influencia o lucro do exportador não há dúvida. Só que também o faz com o importador. Os portos são os mesmos para ambas as partes, as estradas também, como qualquer outra forma de transporte dentro do nosso território.
Poderemos melhorá-los, e acredito que devemos, só que isto não significará necessariamente que nosso saldo comercial aumentará. Minha aposta é que aconteceria justamente o contrário. Nossa carga tributária passaria a ter um papel mais preponderante nos custos caso a infra-estrutura melhorasse. Quem vocês acham que sairia ganhando?
Ainda sobre a infra-estrutura, quero dizer que o dinheiro que é gasto devido a falta deste não é, digamos, “vaporizado”. Mas é isso que as análises fazem parecer, por exemplo, quando dizem que os produtores de soja norte-americanos ou argentinos são mais competitivos por terem um frete médio mais barato que os brasileiros. Primeiro porque este não é o único custo e segundo porque o dinheiro não desaparece, simplesmente.
Todo o dinheiro gasto a mais com transporte rodoviário em detrimento a tão sonhada matriz sobre trilhos ou sobre barcaças alimenta uma grande cadeia que vai dos caminhoneiros e passa pelos frentistas de posto de beira-de-estrada, passando por concessionárias, mecânicos, indústrias de auto-peças, etc. Muitas das engrenagens desta cadeia inclusive ganharam escala que as credenciaram a competir pelo mercado externo devida a grande escala destes negócios no Brasil.
Desta forma, a mudança da matriz de transporte poderá trazer grandes vantagens ao exportador - e ao importador – só que não significará também uma grande perda para toda esta cadeia.
Dizer que o país sairá ganhando é uma generalização que não me atrevo a fazer de sopetão.
É certo que os analistas devem tentar antecipar os acontecimentos, só que as análises parecem deslocadas d realidade. Em um país esquizofrênico faz todo o sentido.
sexta-feira, 12 de agosto de 2005
Desculpe qualquer coisa
Enquanto muitos analistas e políticos acharam o pronunciamento de Lula no encontro ministerial desta manhã positivo, eu o achei extremamente negativo.
Lula deixou o palanque para fazer um pedido de desculpas à nação, mas; pelo quê?
Apresentou-se como vítima de uma traição, mas; por parte de quem?
Nem esmo a acusação textual por parte de Valdemar Costa Neto de que Lula sabia do acordo de 10 milhões de reais, pelo apoio dado pelo PL ao então candidato a Presidência da República, foi citada.
Ou seja, nem em um pedido de desculpas Lula demonstra estar ciente de algo. Continua usando o figurino “Jatobá”.
Nada vê, nada viu e, aparentemente, nada verá.
Tudo está acontecendo a sua revelia. O que é bom e o que é ruim acontece a despeito de Lula.
O que mais indigna é isso. O Brasil não tem governo.
Pobres de nós.
Ou, como pude inferir do discurso de Lula: desculpa qualquer coisa.
Lula deixou o palanque para fazer um pedido de desculpas à nação, mas; pelo quê?
Apresentou-se como vítima de uma traição, mas; por parte de quem?
Nem esmo a acusação textual por parte de Valdemar Costa Neto de que Lula sabia do acordo de 10 milhões de reais, pelo apoio dado pelo PL ao então candidato a Presidência da República, foi citada.
Ou seja, nem em um pedido de desculpas Lula demonstra estar ciente de algo. Continua usando o figurino “Jatobá”.
Nada vê, nada viu e, aparentemente, nada verá.
Tudo está acontecendo a sua revelia. O que é bom e o que é ruim acontece a despeito de Lula.
O que mais indigna é isso. O Brasil não tem governo.
Pobres de nós.
Ou, como pude inferir do discurso de Lula: desculpa qualquer coisa.
Os elementais
No universo dos quadrinhos de heróis há uma grande gama de tipos: os justiceiros (Batman é o mais famoso desta classe); os alienígenas (Superman); os mutantes (X-man); os mitológicos (Thor); os místicos (John Constantine) e etc. Muitas vezes estas classes se mesclam em uma única personagem.
Uma classe não muito explorada é a dos chamados elementais. Estes seriam personagens que personificam os elementos da natureza e a eles controlam. Como exemplos poderíamos citar Ororo Tempestade dos X-man e Monstro do Pântano, de cujas histórias retirei esta denominação de elemental. São sempre, nos quadrinhos, seres extremamente poderosos e, no mais das vezes, torturados justamente por este excesso de poder, que os afasta dos humanos, como a deuses de seus devotos.
Mas algo que foi pouco explorado é o de que hoje, no ano da graça de 2005, somos todos parte de uma grande entidade elemental, a raça humana. Estamos manipulando a natureza em ritmo de cataclismo e colherá as conseqüências, boas e ruins.
Para todos os lados que se olham há sinais da mão humana. Há na mudança de características fenotípicas de espécies animais, como relata a revista Veja desta semana ou em características geográficas como na seguinte reportagem da Folha Online, no link a seguir: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u13576.shtml .
O certo é que não há como negar o chamado Efeito Borboleta.
Esta denominação, retirada de um conto de ficção científica de H. G. Wells - se não me engano -, significaria que qualquer ato, por mais insignificante que pareça, tem repercussões que podem vir a ser desastrosas.
Dito todo este prelúdio, onde quero chegar?
Bem, talvez a abordagem dos preservacionistas não seja a mais adequada. As espécies (animais, vegetais ou quais mais houverem) se modificam continuamente e a sua capacidade de se adaptar é diretamente proporcional a velocidade com que se reproduz.
Portanto pretender manter os habitats intocadas é verdadeiramente antinatural. Espécies morrem e nascem todos os dias. Não há como manter redomas entre estas espécies, seus habitats e o mundo habitado pelos humanos.
A força das espécies consiste em conseguir se adaptar aos desastres e cataclismos naturais. O homem (como espécie) é um cataclismo que está se desenhando nos últimos milhares de anos e não há como reverter o que já fizemos.
É verdade que simplesmente devastar áreas sem pensar nas conseqüências é uma atitude burra, mas tentar mantê-las intocadas não é a contrapartida inteligente.
A proibição de acesso e exploração econômica de uma área muitas vezes faz com que o processo de degradação se acelere
Talvez alguma espécie de primata pereça, ou talvez um belo pássaro canoro. Não serão os primeiros pecados humanos e não serão os últimos.
Pode parecer fatalismo – eu chamo de realismo – mas a maioria das espécies ameaçadas de extinção está fadada a isto. Não será salvando uma pequena faixa de terra que as salvaremos.
Serão no máximo fantasmas confinados em imensos zoológicos.
A chave agora é mais tentar salvar o conjunto, mesmo que empobrecido, mudando nossa forma de inserção no meio.
Acredito sinceramente que estamos chegando ao ponto de inflexão e nossa capacidade de não lesar o meio-ambiente vai crescer exponencialmente a partir de agora.
Espero estar correto.
Uma classe não muito explorada é a dos chamados elementais. Estes seriam personagens que personificam os elementos da natureza e a eles controlam. Como exemplos poderíamos citar Ororo Tempestade dos X-man e Monstro do Pântano, de cujas histórias retirei esta denominação de elemental. São sempre, nos quadrinhos, seres extremamente poderosos e, no mais das vezes, torturados justamente por este excesso de poder, que os afasta dos humanos, como a deuses de seus devotos.
Mas algo que foi pouco explorado é o de que hoje, no ano da graça de 2005, somos todos parte de uma grande entidade elemental, a raça humana. Estamos manipulando a natureza em ritmo de cataclismo e colherá as conseqüências, boas e ruins.
Para todos os lados que se olham há sinais da mão humana. Há na mudança de características fenotípicas de espécies animais, como relata a revista Veja desta semana ou em características geográficas como na seguinte reportagem da Folha Online, no link a seguir: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u13576.shtml .
O certo é que não há como negar o chamado Efeito Borboleta.
Esta denominação, retirada de um conto de ficção científica de H. G. Wells - se não me engano -, significaria que qualquer ato, por mais insignificante que pareça, tem repercussões que podem vir a ser desastrosas.
Dito todo este prelúdio, onde quero chegar?
Bem, talvez a abordagem dos preservacionistas não seja a mais adequada. As espécies (animais, vegetais ou quais mais houverem) se modificam continuamente e a sua capacidade de se adaptar é diretamente proporcional a velocidade com que se reproduz.
Portanto pretender manter os habitats intocadas é verdadeiramente antinatural. Espécies morrem e nascem todos os dias. Não há como manter redomas entre estas espécies, seus habitats e o mundo habitado pelos humanos.
A força das espécies consiste em conseguir se adaptar aos desastres e cataclismos naturais. O homem (como espécie) é um cataclismo que está se desenhando nos últimos milhares de anos e não há como reverter o que já fizemos.
É verdade que simplesmente devastar áreas sem pensar nas conseqüências é uma atitude burra, mas tentar mantê-las intocadas não é a contrapartida inteligente.
A proibição de acesso e exploração econômica de uma área muitas vezes faz com que o processo de degradação se acelere
Talvez alguma espécie de primata pereça, ou talvez um belo pássaro canoro. Não serão os primeiros pecados humanos e não serão os últimos.
Pode parecer fatalismo – eu chamo de realismo – mas a maioria das espécies ameaçadas de extinção está fadada a isto. Não será salvando uma pequena faixa de terra que as salvaremos.
Serão no máximo fantasmas confinados em imensos zoológicos.
A chave agora é mais tentar salvar o conjunto, mesmo que empobrecido, mudando nossa forma de inserção no meio.
Acredito sinceramente que estamos chegando ao ponto de inflexão e nossa capacidade de não lesar o meio-ambiente vai crescer exponencialmente a partir de agora.
Espero estar correto.
quarta-feira, 10 de agosto de 2005
Português claro
No meio da brigaiada das CPIs parece que muitas perguntas estão ficando sem resposta.
Vou dar um exemplo, a motivação que Marcos Valério afirma para ter se envolvido neste imbróglio.
Isto teria ocorrido devido a certas pressões sobre os contratos que as agências do “publicitário” tinha com o Banco do Brasil. Caso Valério não “ajudasse” o PT, este poderia vir a romper com os contratos, insinuou o “empresário”.
Mas vamos tentar depurar as coisas.
Aparentemente, segundo o sócio Cristiano Paz, o primeiro empréstimo foi de 12 milhões de reais. Com juros camaradas de, digamos, de 1 por cento, teríamos que a SMPeB arcaria com encargos financeiros, sem contar as taxas, de 120 mil reais mensais.
Levando-se em conta que os lucros da agência com o contrato fossem de 20 por cento, precisaria de um contrato que, apenas para pagamento de juros, de 600 mil reais mensais.
Agora vamos extrapolar na imaginação. Caso o contrato de empréstimo fosse para ser saldado em dois anos.
Para que o contrato apenas empatasse o jogo, e não remunerasse a empresa, seria necessário que o banco do Brasil tivesse contratado serviços de 75 milhões de reais no período.
Isto seria mais do que o faturamento isolado da empresa antes do seu envolvimento com o PT.
Então, você financiaria um partido, colocando sua empresa em risco, a troco de nada?
Usando as palavras de Marcos Valério: “vamos falar o português claro”. No mínimo é estranho, e pode muito bem ser irregular.
Vou dar um exemplo, a motivação que Marcos Valério afirma para ter se envolvido neste imbróglio.
Isto teria ocorrido devido a certas pressões sobre os contratos que as agências do “publicitário” tinha com o Banco do Brasil. Caso Valério não “ajudasse” o PT, este poderia vir a romper com os contratos, insinuou o “empresário”.
Mas vamos tentar depurar as coisas.
Aparentemente, segundo o sócio Cristiano Paz, o primeiro empréstimo foi de 12 milhões de reais. Com juros camaradas de, digamos, de 1 por cento, teríamos que a SMPeB arcaria com encargos financeiros, sem contar as taxas, de 120 mil reais mensais.
Levando-se em conta que os lucros da agência com o contrato fossem de 20 por cento, precisaria de um contrato que, apenas para pagamento de juros, de 600 mil reais mensais.
Agora vamos extrapolar na imaginação. Caso o contrato de empréstimo fosse para ser saldado em dois anos.
Para que o contrato apenas empatasse o jogo, e não remunerasse a empresa, seria necessário que o banco do Brasil tivesse contratado serviços de 75 milhões de reais no período.
Isto seria mais do que o faturamento isolado da empresa antes do seu envolvimento com o PT.
Então, você financiaria um partido, colocando sua empresa em risco, a troco de nada?
Usando as palavras de Marcos Valério: “vamos falar o português claro”. No mínimo é estranho, e pode muito bem ser irregular.
terça-feira, 9 de agosto de 2005
É incrível
O fato de a imprensa não explorar o fato de que todos os parlamentares que receberam remessas de dinheiro, fossem quais fossem os motivos, cometeram crimes.
Digamos que realmente, e em todos os casos, os “recursos não contabilizados” eram para saldar dívidas de campanha. Crime eleitoral é crime continua sendo crime, não é por estar na esfera da política que se transforma em outra coisa.
E há os crimes comuns também. Não sou advogado – portanto não entendo nada de legislação –mas tudo leva a crer que haveria pelo menos um delito, contra a ordem fiscal, pois dinheiro não contabilizado supõe-se não tributado também. Há também grande chance de haver falsidade ideológica e formação de quadrilha. Isso sem contar que, se houver dinheiro público envolvido, peculato, prevaricação e um monte de outros nomes esquisitos desta estirpe.
Então é de causar especial indignação a reação dos deputado que confessam os “pecadinhos” e completam, com a maior cara-de-pau, que todo mundo faz, portanto ele pode fazer.
Só isso já seria motivação para cassação. Um deputado dizendo que está quebrando a lei é mais do que um incentivo para que a população comum também o faça. Confessando isso em rede nacional, e bradando aos quatro ventos estar certo, é mais do que quebra de decoro parlamentar. Podem cessar as investigações e punir.
Digamos que realmente, e em todos os casos, os “recursos não contabilizados” eram para saldar dívidas de campanha. Crime eleitoral é crime continua sendo crime, não é por estar na esfera da política que se transforma em outra coisa.
E há os crimes comuns também. Não sou advogado – portanto não entendo nada de legislação –mas tudo leva a crer que haveria pelo menos um delito, contra a ordem fiscal, pois dinheiro não contabilizado supõe-se não tributado também. Há também grande chance de haver falsidade ideológica e formação de quadrilha. Isso sem contar que, se houver dinheiro público envolvido, peculato, prevaricação e um monte de outros nomes esquisitos desta estirpe.
Então é de causar especial indignação a reação dos deputado que confessam os “pecadinhos” e completam, com a maior cara-de-pau, que todo mundo faz, portanto ele pode fazer.
Só isso já seria motivação para cassação. Um deputado dizendo que está quebrando a lei é mais do que um incentivo para que a população comum também o faça. Confessando isso em rede nacional, e bradando aos quatro ventos estar certo, é mais do que quebra de decoro parlamentar. Podem cessar as investigações e punir.
sábado, 6 de agosto de 2005
E algo a celebrar
O artigo de Thomas Friedman “Nova lei de energia dos EUA não pode ser séria”, publicado hoje na “Folha de S. Paulo”, traduzido do original do “New York Times”, é digno de regozijo, pois além de pedir enfaticamente por uma nova política de energia nos Estados Unidos, inclusive diminuindo a presença do petróleo “alimentador de terroristas” do Oriente Médio, definição dele, por matrizes verdes, como o nosso, citado no texto, etanol.
O texto não só mostrou-se favorável a adoção mais efetiva de biocombustíveis no território norte-americano como contrário às barreiras contra a importação de produtos derivados de cana do Brasil.
Que nós já vencemos todos os desafios técnicos para a utilização de etanol como combustível, tornando-nos por tabela nos mais capazes e confiáveis produtores deste recurso renovável, não é nenhuma novidade. Para vencermos as barreiras alfandegárias que nos impede de fornecê-lo a outros mercados teremos muitos outros desafios, políticos na sua maioria.
Contar com a ajuda do mais influente jornal norte-americano para minar as forças dos “lobbies” que nos atrapalham é uma forcinha que não estava no roteiro, mas que deve ser comemorada sempre.
A opinião pública do possível mercado a ser conquistado é sempre o melhor aliado a se ter.
O texto não só mostrou-se favorável a adoção mais efetiva de biocombustíveis no território norte-americano como contrário às barreiras contra a importação de produtos derivados de cana do Brasil.
Que nós já vencemos todos os desafios técnicos para a utilização de etanol como combustível, tornando-nos por tabela nos mais capazes e confiáveis produtores deste recurso renovável, não é nenhuma novidade. Para vencermos as barreiras alfandegárias que nos impede de fornecê-lo a outros mercados teremos muitos outros desafios, políticos na sua maioria.
Contar com a ajuda do mais influente jornal norte-americano para minar as forças dos “lobbies” que nos atrapalham é uma forcinha que não estava no roteiro, mas que deve ser comemorada sempre.
A opinião pública do possível mercado a ser conquistado é sempre o melhor aliado a se ter.
Muito a lamentar
A crise política que nos enlameia a vista, traz a tona problemas administrativos maiores do que parecem.
Dia após dia, percebemos que a crise apenas ocorre devido à ineficiência fiscalizatória das instâncias de governo.
O estado das coisas só chegou até este vexame geral porque órgão após órgão, instituição após instituição, deixou de cumprir seu papel. Agora nós somos informados de que Marcos Valério tem posses e movimentação financeira incompatíveis com o que está registrado em sua declaração de bens; que um sem-número de contratos foram super-faturados; que as contas de campanha de todos (isto mesmo, todos) os políticos utilizam de caixa 2 em suas campanhas; que os tribunais eleitorais são ficção pura; etc, etc e etc.
Àqueles órgãos atrelados diretamente ao governo, poder-se-ia dar o desconto, indesejável, da crença na boa-fé de seus superiores ou da inépcia inquisitória por pressão dos mesmos. Mas o que dizer do Ministério Público e da mídia independente?
A eles esta desculpa esfarrapada não serve, uma vez que nem ao menos o esquema que envolvia o, não sei sinceramente como descrever a sua (dele) função, ilustre Marcos Valério era um primor de sofisticação ou um intrincado sistema que escondesse as evidências do ilícito.
O modo como o esquema despencou, um castelo de cartas não o faria de modo mais rápido, e o quase inimaginável número de “impressões digitais” espalhadas por aí revelam o quão tosco este era.
Desde as mudanças de partido até as vitórias de medidas impopulares no Congresso (marcadamente na Câmara, que se rebelou primeiro ao controle do Executivo), passando pela rápida mudança de padrão de vida de agora ilustres - e infames - figuras nacionais, tudo levava a crer que algo de muito errado havia pelos lados do planalto.
De modo que, o maior escândalo desta sucessão deles foi o de nada ter vindo a público antes.
A infinidade de auto-elogios sobre a atuação da mídia após as denúncias apresentadas por Roberto “Homem-bomba” Jefferson não espiam o pecado original da falta de apuração prévia. Podemos até dizer; antes tarde do que nunca, quando este tarde só acontece por intriguinhas palacianas, algo de podre há.
Dia após dia, percebemos que a crise apenas ocorre devido à ineficiência fiscalizatória das instâncias de governo.
O estado das coisas só chegou até este vexame geral porque órgão após órgão, instituição após instituição, deixou de cumprir seu papel. Agora nós somos informados de que Marcos Valério tem posses e movimentação financeira incompatíveis com o que está registrado em sua declaração de bens; que um sem-número de contratos foram super-faturados; que as contas de campanha de todos (isto mesmo, todos) os políticos utilizam de caixa 2 em suas campanhas; que os tribunais eleitorais são ficção pura; etc, etc e etc.
Àqueles órgãos atrelados diretamente ao governo, poder-se-ia dar o desconto, indesejável, da crença na boa-fé de seus superiores ou da inépcia inquisitória por pressão dos mesmos. Mas o que dizer do Ministério Público e da mídia independente?
A eles esta desculpa esfarrapada não serve, uma vez que nem ao menos o esquema que envolvia o, não sei sinceramente como descrever a sua (dele) função, ilustre Marcos Valério era um primor de sofisticação ou um intrincado sistema que escondesse as evidências do ilícito.
O modo como o esquema despencou, um castelo de cartas não o faria de modo mais rápido, e o quase inimaginável número de “impressões digitais” espalhadas por aí revelam o quão tosco este era.
Desde as mudanças de partido até as vitórias de medidas impopulares no Congresso (marcadamente na Câmara, que se rebelou primeiro ao controle do Executivo), passando pela rápida mudança de padrão de vida de agora ilustres - e infames - figuras nacionais, tudo levava a crer que algo de muito errado havia pelos lados do planalto.
De modo que, o maior escândalo desta sucessão deles foi o de nada ter vindo a público antes.
A infinidade de auto-elogios sobre a atuação da mídia após as denúncias apresentadas por Roberto “Homem-bomba” Jefferson não espiam o pecado original da falta de apuração prévia. Podemos até dizer; antes tarde do que nunca, quando este tarde só acontece por intriguinhas palacianas, algo de podre há.
quinta-feira, 4 de agosto de 2005
Desconfio...
Que o motivo da melhora significativa dos números econômicos tem nome, data e local de nascimento.
A certidão foi o discurso de Lula no qual foi dito que a economia do país ainda está muito frágil.
Se aquele que diz que é melhor falar besteira do que fazer disse isso, é por que deve ser justamente o contrário.
Daí dólar despencando e bolsa subindo.
A certidão foi o discurso de Lula no qual foi dito que a economia do país ainda está muito frágil.
Se aquele que diz que é melhor falar besteira do que fazer disse isso, é por que deve ser justamente o contrário.
Daí dólar despencando e bolsa subindo.
E outra
Quem você acha que deve ter mais crédito:
Aquele que faz denúncias e mais denúncias a cerca de dois meses e as vê comprovada uma após a outra ou aquele que não sabia de nada, principalmente sobre as quais ele deveria saber, não via nada, eu não tenho nada a ver com isso, não me comprometa?
Difícil, não?
Aquele que faz denúncias e mais denúncias a cerca de dois meses e as vê comprovada uma após a outra ou aquele que não sabia de nada, principalmente sobre as quais ele deveria saber, não via nada, eu não tenho nada a ver com isso, não me comprometa?
Difícil, não?
Mais uma questão
Se todos os recursos eram para pagamento de dívidas de campanha, cadê os devedores, as notas e os contratos?
Hoje em dia tudo é feito no “fio de bigode”?
Hoje em dia tudo é feito no “fio de bigode”?
terça-feira, 2 de agosto de 2005
Abandonando o barco
Com os rat... quer dizer, os parlamentares, abandonando o barco, fica mais difícil abafar o caso.
A conta é simples, a cada um que renuncia, mais o foco vai para os demais. Digamos que tenhamos 20 cassáveis, levando-se em conta que deva existir um número grande de cassações para aplacar a opinião pública, os demais terão menor possibilidade de conseguir a complacência de seus pares.
Sabendo disso, é maior o “incentivo” para que o próximo parlamentar renuncie, aumentando a pressão sobre os demais por cassações. Um verdadeiro ciclo virtuoso para o país, se não há a punição, pelo menos economizamos um pouco nossos ouvidos para desculpas esfarrapadas.
O triste é que corremos o risco de em janeiro de 2007 termos alguns destes distintos senhores, e senhoras, sentados nas cadeiras do plenário. Fazer o quê?
A conta é simples, a cada um que renuncia, mais o foco vai para os demais. Digamos que tenhamos 20 cassáveis, levando-se em conta que deva existir um número grande de cassações para aplacar a opinião pública, os demais terão menor possibilidade de conseguir a complacência de seus pares.
Sabendo disso, é maior o “incentivo” para que o próximo parlamentar renuncie, aumentando a pressão sobre os demais por cassações. Um verdadeiro ciclo virtuoso para o país, se não há a punição, pelo menos economizamos um pouco nossos ouvidos para desculpas esfarrapadas.
O triste é que corremos o risco de em janeiro de 2007 termos alguns destes distintos senhores, e senhoras, sentados nas cadeiras do plenário. Fazer o quê?
O cordão ...
Dos puxa-sacos sempre foi grande e cada dia aumenta mais, mas o dos “ingênuos” tem seguramente o maior índice de crescimento do mundo, muito maior do que o índice das economias asiáticas.
Agora apareceu a ex-mulher do ex-primeiro-ministro e ex-capitão do time, José Dirceu.
Teve uma ajudazinha para vender o apartamento, teve uma ajudazinha para conseguir um empréstimo e teve uma ajudazinha para conseguir um emprego. Convenhamos, é muita ajudazinha, o santo deve ter desconfiado imediatamente.
Quem ajudou? O bom samaritano conhecido como “carequinha”.
Isso mesmo, Marcos Valério.
Pode até não ser, mas parece muita coincidência.
Mais coincidências?
O emprego é no Banco BMG, já ouviram falar?
O empréstimo é no Banco Rural, outro muito pouco falado hoje em dia.
E o comprador do imóvel é o senhor Rogério Tolentino, por acaso sócio de Marcos Valério.
Motivos para esta ajuda toda?
A ex-mulher de Dirceu afirmou que acreditava que os motivos de Valério eram, resumindo, solidariedade e solidariedade.
Agora, ela suspeita que pode ter sido usada.
Seria o caso de devolver os presentes?
Não sei, mas a “ingenuidade” ganha mais adeptos. Isso eu posso afirmar.
Agora apareceu a ex-mulher do ex-primeiro-ministro e ex-capitão do time, José Dirceu.
Teve uma ajudazinha para vender o apartamento, teve uma ajudazinha para conseguir um empréstimo e teve uma ajudazinha para conseguir um emprego. Convenhamos, é muita ajudazinha, o santo deve ter desconfiado imediatamente.
Quem ajudou? O bom samaritano conhecido como “carequinha”.
Isso mesmo, Marcos Valério.
Pode até não ser, mas parece muita coincidência.
Mais coincidências?
O emprego é no Banco BMG, já ouviram falar?
O empréstimo é no Banco Rural, outro muito pouco falado hoje em dia.
E o comprador do imóvel é o senhor Rogério Tolentino, por acaso sócio de Marcos Valério.
Motivos para esta ajuda toda?
A ex-mulher de Dirceu afirmou que acreditava que os motivos de Valério eram, resumindo, solidariedade e solidariedade.
Agora, ela suspeita que pode ter sido usada.
Seria o caso de devolver os presentes?
Não sei, mas a “ingenuidade” ganha mais adeptos. Isso eu posso afirmar.
Nem começou a semana ...
(Parlamentar, é bom lembrar sempre), já começam a cair parlamentares.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, não teve a paciência de esperar pelo resto de seus pares para pedir as contas e dizer que sai para se defender melhor.
E parece que a semana vai ser muito, mais muito movimentada mesmo neste ponto.
Ao que parece, Simone Vasconcellos apresentou 52 nomes ligados a parlamentares, ou seja, mais 52 possíveis renuciadores.
E amanhã será o “grande encontro”, a “luta do século” começa de fato, com o depoimento/defesa de José Dirceu.
Muitas emoções, não?
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, não teve a paciência de esperar pelo resto de seus pares para pedir as contas e dizer que sai para se defender melhor.
E parece que a semana vai ser muito, mais muito movimentada mesmo neste ponto.
Ao que parece, Simone Vasconcellos apresentou 52 nomes ligados a parlamentares, ou seja, mais 52 possíveis renuciadores.
E amanhã será o “grande encontro”, a “luta do século” começa de fato, com o depoimento/defesa de José Dirceu.
Muitas emoções, não?
sexta-feira, 29 de julho de 2005
Vocês repararam...
Que faz um bom tempo que nenhuma lei é votada no Congresso Nacional e que temos mais de dois meses de greve dos servidores da Previdência.
Estes episódios, junto àquele da greve do judiciário paulista no ano passado, mostram a total inoperância do nosso aparato público.
Certos órgãos podem ficar dois, três meses parados que nada acontece. Os contribuintes que iriam ser mal-atendidos continuam sendo mal-atendidos, ou não-atendidos, a bolsa segue em frente, o dólar não muda de patamar e o ártico não desgela, em suma, estes órgãos são irrelevantes.
Não que o sejam por falta de utilidade, seria muito importante que estes atuassem, só que como não fazem o que deveriam, melhor que fiquem parados oficialmente.
Pelo menos não somos obrigados a pagar as verbas de viagem ou de cafezinho para eles. E se houvesse um mínimo de decência e comprometimento dos dirigentes, não teríamos que pagar os salários destes meses parados também.
Continuo firme na minha opinião de textos anteriores. Se os funcionários públicos querem salários maiores, que façam por merecê-lo, prestando serviços melhores.
Já estamos cansados de pagar por nada e ainda sermos ameaçados por uma plaquinha onde está escrito que é delito desrespeitar funcionários públicos enquanto estes exercem suas funções.
Caso realmente exercessem suas funções, estas placas, e lei, não precisariam nem existir.
Estes episódios, junto àquele da greve do judiciário paulista no ano passado, mostram a total inoperância do nosso aparato público.
Certos órgãos podem ficar dois, três meses parados que nada acontece. Os contribuintes que iriam ser mal-atendidos continuam sendo mal-atendidos, ou não-atendidos, a bolsa segue em frente, o dólar não muda de patamar e o ártico não desgela, em suma, estes órgãos são irrelevantes.
Não que o sejam por falta de utilidade, seria muito importante que estes atuassem, só que como não fazem o que deveriam, melhor que fiquem parados oficialmente.
Pelo menos não somos obrigados a pagar as verbas de viagem ou de cafezinho para eles. E se houvesse um mínimo de decência e comprometimento dos dirigentes, não teríamos que pagar os salários destes meses parados também.
Continuo firme na minha opinião de textos anteriores. Se os funcionários públicos querem salários maiores, que façam por merecê-lo, prestando serviços melhores.
Já estamos cansados de pagar por nada e ainda sermos ameaçados por uma plaquinha onde está escrito que é delito desrespeitar funcionários públicos enquanto estes exercem suas funções.
Caso realmente exercessem suas funções, estas placas, e lei, não precisariam nem existir.
quinta-feira, 28 de julho de 2005
Dúvidas impertinentes
A semana (parlamentar) acabou e o mundo não foi junto, para o desespero de uns e o alívio de um outro tanto (principalmente no Parlamento), então vamos tentar entender umas coisinhas.
Para que serve este tal de Coaf?
Pelo que está parecendo, para nada. Se ele foi pensando como uma maneira de coibir a lavagem de dinheiro, é um fracasso. Se para tornar mais rápida a fiscalização outro. Se para verificar especificamente o nome de assessores parlamentares quando fazem grandes saques, bingo, serve para algo, mas não parece algo muito restrito para a ferramenta? Ou será que alguém no Ministério da Fazendo estava fazendo vista grossa? Creio que o responsável pela fiscalização desta área deveria fazer uma visitinha à sala da CP(M)I para explicar umas coisinhas. Nem tanto por uma possível má-fé (que sabemos que não há neste governo, pois estamos “convencidos” de que ele “não rouba nem deixa roubar”), mas por parecer mais uma das fontes de desperdício de dinheiro público, cadastros acumulando poeira em alguma salinha qualquer.
Como até agora ninguém quis ouvir nem aos diretores da Usiminas, nem dos bancos Rural ou BMG e muito menos da GDK?
Todo os dias somos bombardeados com foi uma doação de fulano, um empréstimo de cicrano ou de beltrano e nada, nem unzinho dos responsáveis por cicrano, beltrano e fulano foi ao menos convidado para explicar nada; será que aos ricos e não famosos, com as honrosas exceções de Marcos Valério e Renilda, é vedado sentar na salinha em frente aos holofotes?
Cadê a defesa do Zé “Sai rápido daí” Dirceu?
E as teles?
Deram um empurrãozinho na empresa do Lulinha e, ao que parece, um empurrãozão nas empresas do Marcos Valério, vai ficar tudo por isso mesmo?
Bem, por enquanto as dúvidas são essas, mas eu me reescrevo, Presidente.
Para que serve este tal de Coaf?
Pelo que está parecendo, para nada. Se ele foi pensando como uma maneira de coibir a lavagem de dinheiro, é um fracasso. Se para tornar mais rápida a fiscalização outro. Se para verificar especificamente o nome de assessores parlamentares quando fazem grandes saques, bingo, serve para algo, mas não parece algo muito restrito para a ferramenta? Ou será que alguém no Ministério da Fazendo estava fazendo vista grossa? Creio que o responsável pela fiscalização desta área deveria fazer uma visitinha à sala da CP(M)I para explicar umas coisinhas. Nem tanto por uma possível má-fé (que sabemos que não há neste governo, pois estamos “convencidos” de que ele “não rouba nem deixa roubar”), mas por parecer mais uma das fontes de desperdício de dinheiro público, cadastros acumulando poeira em alguma salinha qualquer.
Como até agora ninguém quis ouvir nem aos diretores da Usiminas, nem dos bancos Rural ou BMG e muito menos da GDK?
Todo os dias somos bombardeados com foi uma doação de fulano, um empréstimo de cicrano ou de beltrano e nada, nem unzinho dos responsáveis por cicrano, beltrano e fulano foi ao menos convidado para explicar nada; será que aos ricos e não famosos, com as honrosas exceções de Marcos Valério e Renilda, é vedado sentar na salinha em frente aos holofotes?
Cadê a defesa do Zé “Sai rápido daí” Dirceu?
E as teles?
Deram um empurrãozinho na empresa do Lulinha e, ao que parece, um empurrãozão nas empresas do Marcos Valério, vai ficar tudo por isso mesmo?
Bem, por enquanto as dúvidas são essas, mas eu me reescrevo, Presidente.
Perdeu
Pelo que deu para inferir na discurseira desta semana, se você estudou por mais tempo do o necessário para formar como torneiro mecânico pelo Senai, perdeu tempo e dinheiro.
Tudo que você precisaria saber, em todas as áreas imaginárias, está concentrada naquele currículo escolar tão esclarecedor.
Querer mais do que isso não passa de preconceito e elitismo.
E como ser elitista é o maior pecado possível, configurando crime maior do que imaginar ter mais ética do que o mandatário-mor da República, convêm também ter pai e mãe analfabetos (isto mesmo, apenas um deles letrado já constitui um sinal inequívoco de elitização).
Então, pais e mães do Brasil, tirem seus filhos da escola enquanto é tempo, se eles não estiverem contaminados ainda pela fome de saber, podem acabar sendo presidentes de alguma república no futuro.
Falando nisso, o que é ética mesmo?
Tudo que você precisaria saber, em todas as áreas imaginárias, está concentrada naquele currículo escolar tão esclarecedor.
Querer mais do que isso não passa de preconceito e elitismo.
E como ser elitista é o maior pecado possível, configurando crime maior do que imaginar ter mais ética do que o mandatário-mor da República, convêm também ter pai e mãe analfabetos (isto mesmo, apenas um deles letrado já constitui um sinal inequívoco de elitização).
Então, pais e mães do Brasil, tirem seus filhos da escola enquanto é tempo, se eles não estiverem contaminados ainda pela fome de saber, podem acabar sendo presidentes de alguma república no futuro.
Falando nisso, o que é ética mesmo?
quarta-feira, 27 de julho de 2005
Mais “ingênuos”
Está mais do que provada q entrega do aparato público a um bando de “ingênuos”. A última prova desta verdade insofismável é mostrada na Folha de hoje.
Os deputados Eunício Oliveira, que devida a “ingenuidade” chegou a ministro no atual governo, e Luiz Piauhylino, que pelo mesmo motivo virou corregedor da Câmara - isto mesmo, corregedor, aquele responsável por punir desvios dos congêneres -, viram seus nomes envolvidos nas suspeitas pois assessores diretos estiveram rondando a infame agência do banco Rural naquele shopping (comentário anglofóbico e gratuito: se é para usar uma expressão em inglês, por que não a original mall, como eles dizem lá) de Brasília.
Pois é, os assessores fizeram seguidas visitas, dezenas cada, mas os nobres deputados disseram que nada têm a ver com isso.
Disseram mais, alegaram nem conhecer os assessores direito. Piauhylino disse que o seu foi contratado por pedidos de aliados em Pernambuco. Oliveira contratou a sua a pedidos do sogro, o ex-congressista Paes de Andrade (pergunta: não foi este aí que levou o sucatão para ir passear em Mombaça, alguns anos atrás?).
Ter assessores parlamentares que nem se conhece só pode significar uma das duas coisas; ou assessores em excesso ou “ingenuidade” em excesso.
Qual é a sua aposta?
Da minha parte fico com a segunda.
Os deputados Eunício Oliveira, que devida a “ingenuidade” chegou a ministro no atual governo, e Luiz Piauhylino, que pelo mesmo motivo virou corregedor da Câmara - isto mesmo, corregedor, aquele responsável por punir desvios dos congêneres -, viram seus nomes envolvidos nas suspeitas pois assessores diretos estiveram rondando a infame agência do banco Rural naquele shopping (comentário anglofóbico e gratuito: se é para usar uma expressão em inglês, por que não a original mall, como eles dizem lá) de Brasília.
Pois é, os assessores fizeram seguidas visitas, dezenas cada, mas os nobres deputados disseram que nada têm a ver com isso.
Disseram mais, alegaram nem conhecer os assessores direito. Piauhylino disse que o seu foi contratado por pedidos de aliados em Pernambuco. Oliveira contratou a sua a pedidos do sogro, o ex-congressista Paes de Andrade (pergunta: não foi este aí que levou o sucatão para ir passear em Mombaça, alguns anos atrás?).
Ter assessores parlamentares que nem se conhece só pode significar uma das duas coisas; ou assessores em excesso ou “ingenuidade” em excesso.
Qual é a sua aposta?
Da minha parte fico com a segunda.
Vermelhos de vergonha
O empresário Benjamin Steinbruch deve estar sem tempo para fazer contas ou o seu professor de matemática estão todos vermelhos de vergonha.
Em seu texto de ontem na “Folha de S. Paulo”, “Vermelho de vergonha”, deixa claro o quanto está em desacordo com a política econômica, digamos, palocciana.
Todos têm direito à opinião, mas será que é necessário fantasiar números.
Ele faz parecer que os argentinos estão trafegando por uma super-rodovia do desenvolvimento, só que esquece de dizer que o crescimento acumulado nestes últimos três anos é, segundo os números apresentados por ele mesmo, suficiente para fazer o PIB argentino chegar a três (isto mesmo, um quarto de dúzia, e estou arredondando para cima) por cento maior do que o que era antes da crise nos pampas, que teve direito a panelaço e curralito.
Perto disto, os 9,3% que ele afirma ser o mais provável para a nossa economia no triênio é quase merecedora de título de tigre.
Quem deveria ficar vermelho de vergonha: o Brasil; a Argentina ou o Benjamin. Ou será que todos?
Em seu texto de ontem na “Folha de S. Paulo”, “Vermelho de vergonha”, deixa claro o quanto está em desacordo com a política econômica, digamos, palocciana.
Todos têm direito à opinião, mas será que é necessário fantasiar números.
Ele faz parecer que os argentinos estão trafegando por uma super-rodovia do desenvolvimento, só que esquece de dizer que o crescimento acumulado nestes últimos três anos é, segundo os números apresentados por ele mesmo, suficiente para fazer o PIB argentino chegar a três (isto mesmo, um quarto de dúzia, e estou arredondando para cima) por cento maior do que o que era antes da crise nos pampas, que teve direito a panelaço e curralito.
Perto disto, os 9,3% que ele afirma ser o mais provável para a nossa economia no triênio é quase merecedora de título de tigre.
Quem deveria ficar vermelho de vergonha: o Brasil; a Argentina ou o Benjamin. Ou será que todos?
terça-feira, 26 de julho de 2005
Mas uma batalha perdida
O assassinato do azarado brasileiro em Londres (azarado por não ter “cara” de inglês) mostra que as forças ocidentais na tal guerra das civilizações acabam de perder uma batalha a mais.
Aos ingleses não é permitido fazer o que os norte-americanos pretendem, se isolar do mundo para manter a pureza do “American Way of Life”. Os terroristas que provocaram a carnificina em Londres não eram apenas visitantes indesejados; eram legalmente ingleses, apesar de não terem a pele e os olhos claros, com todas as vantagens e desvantagens do fato.
Já que não podem manter os terroristas fora, vão matá-los, e não apenas aos de fato. Qualquer que pareça um será um alvo humano.
A civilizada terra da rainha acaba de imputar novamente a pena de morte, com o agravante de que o julgamento será feito por pessoas sob o calor das emoções, e já por isso, com os dedos nervosos.
Existe alguma explicação lógica para que alguém seja alvejado sete vezes na cabeça? Creio que não, ainda mais quando se pensa que deveriam ter sido oito os projéteis (o policial errou um deles atingindo o ombro de Jean de Menezes). Quando algo semelhante acontece aqui, o veredicto está dado: foi acerto de contas, provavelmente por divida de drogas ou casos extraconjugais. Só ocorrem quando o agressor tem extrema raiva do agredido, é movido pela paixão avassaladora ou pretende dar um recado direto para possíveis transgressores. Ou uma combinação de todas as alternativas.
O mais assustador de tudo isso, é que os policiais que empreenderam a ação foram até elogiados pela eficiência, antes de ser mostrada ao mundo a lambança. E mesmo depois dela os seus patrões, políticos de todas as esferas públicas dizem que a política de atirar na cabeça para matar ser mantida sem alterações.
Estão formalmente igualados os dois lados, inocentes mortos são apenas contingências da vida e não escandalizam os dirigentes de ambos os lados da cruzada. Só faltou que Blair e companhia dissessem que não há inocentes entre os não anglo-saxões.
Então, o que você acha?
Jean Charles de Menezes recebeu oito disparos a queima-roupa para:
a) servir de exemplo a outros possíveis terroristas;
b) expiar a vergonha de toda a corporação policial londrina por não ter conseguido deter as mais que anunciadas séries de atentados;
c) descontar a raiva da mesma corporação perante a impotência acima citada;
d) mostrar que ela está trabalhando (mesmo que mal) ou,
e) todas as anteriores.
Aos ingleses não é permitido fazer o que os norte-americanos pretendem, se isolar do mundo para manter a pureza do “American Way of Life”. Os terroristas que provocaram a carnificina em Londres não eram apenas visitantes indesejados; eram legalmente ingleses, apesar de não terem a pele e os olhos claros, com todas as vantagens e desvantagens do fato.
Já que não podem manter os terroristas fora, vão matá-los, e não apenas aos de fato. Qualquer que pareça um será um alvo humano.
A civilizada terra da rainha acaba de imputar novamente a pena de morte, com o agravante de que o julgamento será feito por pessoas sob o calor das emoções, e já por isso, com os dedos nervosos.
Existe alguma explicação lógica para que alguém seja alvejado sete vezes na cabeça? Creio que não, ainda mais quando se pensa que deveriam ter sido oito os projéteis (o policial errou um deles atingindo o ombro de Jean de Menezes). Quando algo semelhante acontece aqui, o veredicto está dado: foi acerto de contas, provavelmente por divida de drogas ou casos extraconjugais. Só ocorrem quando o agressor tem extrema raiva do agredido, é movido pela paixão avassaladora ou pretende dar um recado direto para possíveis transgressores. Ou uma combinação de todas as alternativas.
O mais assustador de tudo isso, é que os policiais que empreenderam a ação foram até elogiados pela eficiência, antes de ser mostrada ao mundo a lambança. E mesmo depois dela os seus patrões, políticos de todas as esferas públicas dizem que a política de atirar na cabeça para matar ser mantida sem alterações.
Estão formalmente igualados os dois lados, inocentes mortos são apenas contingências da vida e não escandalizam os dirigentes de ambos os lados da cruzada. Só faltou que Blair e companhia dissessem que não há inocentes entre os não anglo-saxões.
Então, o que você acha?
Jean Charles de Menezes recebeu oito disparos a queima-roupa para:
a) servir de exemplo a outros possíveis terroristas;
b) expiar a vergonha de toda a corporação policial londrina por não ter conseguido deter as mais que anunciadas séries de atentados;
c) descontar a raiva da mesma corporação perante a impotência acima citada;
d) mostrar que ela está trabalhando (mesmo que mal) ou,
e) todas as anteriores.
domingo, 24 de julho de 2005
Assustador
É o nível de “ingenuidade” que nossos empresários e homens públicos demonstram nesta crise política que estamos vivendo.
Após os empréstimos no fio do bigode, o dinheiro caindo do céu como o maná divino - e ninguém estranhando -, agora são os pacotes insuspeitos.
Vocês devem se lembrar do nome Pizzolato. Se não vou relembrá-los, ele é o recém aposentado ex-diretor de marketing do Banco do Brasil e membro do conselho gestor da Previ que é suspeito de ter recebido um pouco mais de 300 mil reais dos milhões sacados em dinheiro das contas das empresas sobre controle de Marcos Valério, vulgo Carequinha.
Não é que ele não é culpado de nada. Em entrevista divulgada hoje em um grande jornal paulistano ele se explica “plenamente”.
Tudo não passou de um grande mal-entendido. Ele não tomou posse do dinheiro sacado pelo moto-boy terceirizado que lhe entregou um pacote de verdinhas (das verde-água, aquelas quase azuis e que têm grandes peixes em um dos seus lados, bem entendido) e amarelinhas. Alias, ele nem sabia que havia dinheiro no pacote.
Só pediu que o moto-boy fosse pegar o pacote e o entregasse pois receberá um telefonema dizendo que o tal pacote de documentos deveria ser retirado impreterivelmente naquele dia e entregue a uma outra pessoa. Ele não poderia deixar que as coisas fossem resolvidas pelo destinatário final do pacote, vocês sabem como são as coisas por aqui, sempre urgentes. Nosso país não tolera atrasos e perdas de prazos.
Agora sim, tudo explicado, até a casa comprada um mês depois. Eram dólares que tinha guardado.
Mas péra aí, dólares guardados? Uso de mensageiros pagos com dinheiro público (ou de autarquias sobre controle público) para serviços particulares? Essas não são ações, digamos, à margem da lei?
Não importa, o mais importante é que estas pessoas precisam reavaliar seus atos. Já pensou se o pacote fosse uma bomba? Poderia ter estragado a vida de muita gente.
Ficar transportando pacotinhos sobre os quais não se sabe o conteúdo é uma temeridade, nestes tempos de terrorismo.
Após os empréstimos no fio do bigode, o dinheiro caindo do céu como o maná divino - e ninguém estranhando -, agora são os pacotes insuspeitos.
Vocês devem se lembrar do nome Pizzolato. Se não vou relembrá-los, ele é o recém aposentado ex-diretor de marketing do Banco do Brasil e membro do conselho gestor da Previ que é suspeito de ter recebido um pouco mais de 300 mil reais dos milhões sacados em dinheiro das contas das empresas sobre controle de Marcos Valério, vulgo Carequinha.
Não é que ele não é culpado de nada. Em entrevista divulgada hoje em um grande jornal paulistano ele se explica “plenamente”.
Tudo não passou de um grande mal-entendido. Ele não tomou posse do dinheiro sacado pelo moto-boy terceirizado que lhe entregou um pacote de verdinhas (das verde-água, aquelas quase azuis e que têm grandes peixes em um dos seus lados, bem entendido) e amarelinhas. Alias, ele nem sabia que havia dinheiro no pacote.
Só pediu que o moto-boy fosse pegar o pacote e o entregasse pois receberá um telefonema dizendo que o tal pacote de documentos deveria ser retirado impreterivelmente naquele dia e entregue a uma outra pessoa. Ele não poderia deixar que as coisas fossem resolvidas pelo destinatário final do pacote, vocês sabem como são as coisas por aqui, sempre urgentes. Nosso país não tolera atrasos e perdas de prazos.
Agora sim, tudo explicado, até a casa comprada um mês depois. Eram dólares que tinha guardado.
Mas péra aí, dólares guardados? Uso de mensageiros pagos com dinheiro público (ou de autarquias sobre controle público) para serviços particulares? Essas não são ações, digamos, à margem da lei?
Não importa, o mais importante é que estas pessoas precisam reavaliar seus atos. Já pensou se o pacote fosse uma bomba? Poderia ter estragado a vida de muita gente.
Ficar transportando pacotinhos sobre os quais não se sabe o conteúdo é uma temeridade, nestes tempos de terrorismo.
sábado, 23 de julho de 2005
Bem, amigos, ...
Me desculpem, mas vocês não estão com nada.
Do peito mesmo são o Marcos Valério e o tal sócio da empreiteira GDK.
Quem não quereria amigos como aqueles?
Do peito mesmo são o Marcos Valério e o tal sócio da empreiteira GDK.
Quem não quereria amigos como aqueles?
Legitimidade 2
Caso seja provada a existência deste mensalão, e indícios há, não seria o caso de apagar todas as decisões desta legislatura que hora está manchada?
Ou vamos fingir que nada aconteceu e seguir o jogo “democrático”?
Ou vamos fingir que nada aconteceu e seguir o jogo “democrático”?
Legitimidade
Em poucas palavras, como acreditar em uma CPI(ou MI, como queiram) que é presidida por um membro do partido do governo (corruptor?) e relatada por um da base aliada (corrompido?)? Este é o caso da CPMI dos Correios.
Ou em uma na qual os dois cargos são exercidos por membros da base aliada (o caso da que trata da compra de votos, vulgarmente conhecida como a do Mensalão)?
Até o momento não dá pra dizer que há favorecimento ou apaziguamento, mas responda honestamente: você acredita nesta historinha de “doa a quem doer” ou “cortar na própria carne”?Parece-me que estamos vendo um caso clássico de entrega do galinheiro à raposa. Resta torcer para que esta seja das raras vegetarianas.
Ou em uma na qual os dois cargos são exercidos por membros da base aliada (o caso da que trata da compra de votos, vulgarmente conhecida como a do Mensalão)?
Até o momento não dá pra dizer que há favorecimento ou apaziguamento, mas responda honestamente: você acredita nesta historinha de “doa a quem doer” ou “cortar na própria carne”?Parece-me que estamos vendo um caso clássico de entrega do galinheiro à raposa. Resta torcer para que esta seja das raras vegetarianas.
sexta-feira, 22 de julho de 2005
Pensando bem
Havia decidido parar de escrever um pouco, esperando a crise esfriar um pouco. Desisti de esperar.
Como parece que o poço não tem fundo, vou ser obrigado a voltar.Que me desculpem os que por azar caiam nesta página.
A vida é curta não dá pra esperar a vida inteira, como se por aquele cara da peça, como é mesmo o nome; Godot?
Como parece que o poço não tem fundo, vou ser obrigado a voltar.Que me desculpem os que por azar caiam nesta página.
A vida é curta não dá pra esperar a vida inteira, como se por aquele cara da peça, como é mesmo o nome; Godot?
quinta-feira, 7 de julho de 2005
As vidas têm valor?
Dependendo de quem falamos, é lógico que há um valor, mas é de fato um axioma que a vida é o bem mais valioso à humanidade?
Para mim, minha vida é o bem mais valioso, e é assim para a grande maioria das pessoas, mas será que quando falamos da vida alheia isto é verdade?
Até hoje de manhã, este texto iria ser escrito com bases em valores realmente mensuráveis, dinheiro mesmo, mas as trágicas cenas que nos chegam de Londres, mostram que o mais aterrador de tudo é que não existe nenhum valor para a vida do outro no mundo.
Que aos fanáticos fundamentalistas que praticam atentados como os de hoje não há valor para a vida alheia, além da comoção política que elas podem causar, está mais do que provado, não importando, cor, raça ou credo dos que podem perdê-las. Não importa se estas vidas estão em Tókio, Oklahoma, Bagdá ou Madri.
Mas aos ditos donos do mundo, as vidas alheias também pouco ou nada importam. Basta ver quantas vidas foram perdidas no século passado e no começo deste em conflitos que poderiam muito bem ter sido evitados pelo bom-senso e pelo diálogo. Em todos eles, as vidas dos líderes eram preservadas, enquanto os recrutas são, ou foram, usados como bucha-de-canhão.
E o que falar então das guerras cirúrgicas tão na moda. Preserva os filhos de alguns eleitores, enquanto bombardeia a cabeça de um desavisado que não tem a sorte de eleger ninguém.
Só que o descaso pela vida não acaba por aí. A civilizada União Européia, rica como ela só, deu seu parecer sobre quanto uma vida não pode custar, para ser mantida no caso. Em nota do “O Estado de S. Paulo” descobrimos que um plano de ajuste da economia para padrões ecologicamente mais aceitáveis foi engavetado porque custava demais. Quinze bilhões de euros anuais, que poderiam salvar 350 mil vidas anualmente. Então o teto da união deles é de quarenta e dois mil, oitocentos e cinqüenta e sete euros e catorze centavos (de euro). Nem quero imaginar quanto seria o teto aqui.
E de volta a nossa terrinha, quanto vale para a pessoas que desviam bilhões de reais da administração pública, mesmo recebendo gordos salários para bem administrar a coisa pública, a vida das pessoas que ainda hoje morrem de fome?
Com vista nisto, da pra realmente dizer que a pela vida é a opção fundamental das democracias ocidentais ou do resto da humanidade?
Para mim, minha vida é o bem mais valioso, e é assim para a grande maioria das pessoas, mas será que quando falamos da vida alheia isto é verdade?
Até hoje de manhã, este texto iria ser escrito com bases em valores realmente mensuráveis, dinheiro mesmo, mas as trágicas cenas que nos chegam de Londres, mostram que o mais aterrador de tudo é que não existe nenhum valor para a vida do outro no mundo.
Que aos fanáticos fundamentalistas que praticam atentados como os de hoje não há valor para a vida alheia, além da comoção política que elas podem causar, está mais do que provado, não importando, cor, raça ou credo dos que podem perdê-las. Não importa se estas vidas estão em Tókio, Oklahoma, Bagdá ou Madri.
Mas aos ditos donos do mundo, as vidas alheias também pouco ou nada importam. Basta ver quantas vidas foram perdidas no século passado e no começo deste em conflitos que poderiam muito bem ter sido evitados pelo bom-senso e pelo diálogo. Em todos eles, as vidas dos líderes eram preservadas, enquanto os recrutas são, ou foram, usados como bucha-de-canhão.
E o que falar então das guerras cirúrgicas tão na moda. Preserva os filhos de alguns eleitores, enquanto bombardeia a cabeça de um desavisado que não tem a sorte de eleger ninguém.
Só que o descaso pela vida não acaba por aí. A civilizada União Européia, rica como ela só, deu seu parecer sobre quanto uma vida não pode custar, para ser mantida no caso. Em nota do “O Estado de S. Paulo” descobrimos que um plano de ajuste da economia para padrões ecologicamente mais aceitáveis foi engavetado porque custava demais. Quinze bilhões de euros anuais, que poderiam salvar 350 mil vidas anualmente. Então o teto da união deles é de quarenta e dois mil, oitocentos e cinqüenta e sete euros e catorze centavos (de euro). Nem quero imaginar quanto seria o teto aqui.
E de volta a nossa terrinha, quanto vale para a pessoas que desviam bilhões de reais da administração pública, mesmo recebendo gordos salários para bem administrar a coisa pública, a vida das pessoas que ainda hoje morrem de fome?
Com vista nisto, da pra realmente dizer que a pela vida é a opção fundamental das democracias ocidentais ou do resto da humanidade?
terça-feira, 5 de julho de 2005
Mais uma chance
Por mais que digam que não, PT e PSDB têm visões de mundo muito, muito mesmo, parecidas.
Não estou falando de radicais de um e de outro, mais de um ao bem da verdade, mas da ideologia dominante em seus quadros dirigentes. Muitos até prevêem que mais cedo ou mais tarde os dois partidos se unirão; fechando um ciclo que poderia ter se encerrado muitos anos atrás, pela entrada dos dissidentes do PMDB no PT ao invés da criação de uma partido inteiramente novo.
Segundo estes que advogam esta fusão, isto não ocorreu ainda simplesmente pelo fato de ambos serem muito fortes no estado que é o sonho de qualquer administrador, São Paulo. A luta pela hegemonia aí é, provinciana em todos os sentidos possíveis, a força que impede entendimento por propostas comuns e semeiam bravatas de parte a parte.
Se este era o problema, não existe mais nenhum empecilho. Espero que nenhum petista que leia isto venha ofender minha mãe, mas o PT paulista morreu.
Não estou dizendo isto na esteira de Vinicius Torres Freire, que em sua coluna de ontem da “Folha de S. Paulo” fez uma nota de falecimento do petismo-lulismo, mas do que se apreende da crise e das últimas eleições que aconteceram no estado.
Mas do que o PT como um todo, é o PT de São Paulo que saí enfraquecido. Especula-se se Dirceu será cassado, Genoíno acaba de entregar seu cargo e a próxima a assumir a presidência do partido, Marta(xa, como querem alguns), está sobre a sombra de processos de inegibilidade. Em resumo, os caciques do “Campo Majoritário”, não só perderam eleição após eleição, como perderam o comando do partido e, pior de tudo para eles, a confiança das parcelas mais esclarecidas da população, os chamados formadores de opinião.
Parece-me que o PT, como o conhecemos hoje, não sobreviverá às próximas eleições do partido. Ou a ala mais a esquerda expulsará o chamado os hoje majoritários ou será expulsa por eles, engrossando o P-Sol de Heloisa Helena.
Caso ocorra a primeira, é muito provável que esta se aninhe entre os tucanos. Caso o segundo caso seja o que aconteça, ainda assim os majoritários estarão muito enfraquecidos e dependentes das façanhas do governo Lula. No momento eu não apostaria um níquel, como diziam nos antigos faroestes, pelas façanhas.
Sendo assim, corremos o risco, e ainda bem que temos este risco, de ver PSDB e grande parte do PT juntos em um futuro próximo. Juntos possuem qualidades para trazer muitos avanços para o Brasil. Separados estes avanços estão ocorrendo, é verdade, só que estamos patinando bastante.
Ainda é cedo para lançarmos foguetes pela fusão, mas ela está mais próxima agora do que nunca.
Não estou falando de radicais de um e de outro, mais de um ao bem da verdade, mas da ideologia dominante em seus quadros dirigentes. Muitos até prevêem que mais cedo ou mais tarde os dois partidos se unirão; fechando um ciclo que poderia ter se encerrado muitos anos atrás, pela entrada dos dissidentes do PMDB no PT ao invés da criação de uma partido inteiramente novo.
Segundo estes que advogam esta fusão, isto não ocorreu ainda simplesmente pelo fato de ambos serem muito fortes no estado que é o sonho de qualquer administrador, São Paulo. A luta pela hegemonia aí é, provinciana em todos os sentidos possíveis, a força que impede entendimento por propostas comuns e semeiam bravatas de parte a parte.
Se este era o problema, não existe mais nenhum empecilho. Espero que nenhum petista que leia isto venha ofender minha mãe, mas o PT paulista morreu.
Não estou dizendo isto na esteira de Vinicius Torres Freire, que em sua coluna de ontem da “Folha de S. Paulo” fez uma nota de falecimento do petismo-lulismo, mas do que se apreende da crise e das últimas eleições que aconteceram no estado.
Mas do que o PT como um todo, é o PT de São Paulo que saí enfraquecido. Especula-se se Dirceu será cassado, Genoíno acaba de entregar seu cargo e a próxima a assumir a presidência do partido, Marta(xa, como querem alguns), está sobre a sombra de processos de inegibilidade. Em resumo, os caciques do “Campo Majoritário”, não só perderam eleição após eleição, como perderam o comando do partido e, pior de tudo para eles, a confiança das parcelas mais esclarecidas da população, os chamados formadores de opinião.
Parece-me que o PT, como o conhecemos hoje, não sobreviverá às próximas eleições do partido. Ou a ala mais a esquerda expulsará o chamado os hoje majoritários ou será expulsa por eles, engrossando o P-Sol de Heloisa Helena.
Caso ocorra a primeira, é muito provável que esta se aninhe entre os tucanos. Caso o segundo caso seja o que aconteça, ainda assim os majoritários estarão muito enfraquecidos e dependentes das façanhas do governo Lula. No momento eu não apostaria um níquel, como diziam nos antigos faroestes, pelas façanhas.
Sendo assim, corremos o risco, e ainda bem que temos este risco, de ver PSDB e grande parte do PT juntos em um futuro próximo. Juntos possuem qualidades para trazer muitos avanços para o Brasil. Separados estes avanços estão ocorrendo, é verdade, só que estamos patinando bastante.
Ainda é cedo para lançarmos foguetes pela fusão, mas ela está mais próxima agora do que nunca.
segunda-feira, 4 de julho de 2005
Elementar meus caros, Watsons
A se esse Jefferson tivesse tomado aulas com o Sherlock, que detetive teríamos. Ou seria sua vocação maior para Mãe Dinah (desculpem-me se o bidu da vez for outro, posso estar desatualizado)?
Não sei lê indícios ou tem visões, mas o fato é que o que ele fala tem peso. Provas de irregularidades em contratos ou supostos crimes eleitorais não conseguiram derrubar outros ministros (ou pessoas com status de), porém um apelo de “Bob” sim.
E cada apontada de dedo tem o poder de fazer aparecer irregularidades das mais estapafúrdias. Já fomos apresentados ao mensalão, à fazenda de dois andares, à bondade de publicitários – diga-se de passagem, injustificada, já que os ingratos do PT nem lembravam que ele havia pagado uma parcela da dívida do partido da qual era avalista -, à cofres, malas, pacotes e todas e quaisquer unidades de medidas oficiosas de medida de dinheiro.
A sorte parece ser que Jefferson não vê ligações de Lula com nenhuma das operações ilegais que surgiram ou que ainda vão surgir.
Porém não há motivo para comemorar, não sei qual é pior. Roubar os cofres públicos ou permitir que estes sejam dilapidados continuamente sem perceber nada. Para um governo que se orgulhava de “ que não rouba e nem deixa roubar”, é uma falha de qualquer jeito. Principalmente porque os que mais diziam isso são os que hoje estão mais cercados de suspeitas.
Sempre achei que este governo atual agia como um amador. Assim como o profissional, o amador está sujeito aos acertos (e estes ocorreram aos montes neste que aqui está), sendo alguns destes acertos até espetaculares, só que está muito mais perto do erro do que aquele.
Esta crise está provando isso, é erro atrás de erro. E o encaminhamento dela não parece melhorar as coisas.
Se as comissões que estão formadas seguirem a risca o que o governo quer, as investigações irão seguir durante um longo período ainda, com uma começando após o encerramento da outra.
Será um longo processo de fervura, bem ao gosto de Lula. Afinal, se processo de troca de ministros pode se arrastar por mais de um ano, porque fazer a crise ser aguda e resolvida brevemente?
Nesta novela já apareceram os a estrelas principais e a cada dia um novo coadjuvante surge, só que ela é muito ruim e nem há uma Ana Paula Arósio para nos refrescar as vistas. Já está consagrada como um fenômeno de púbico, só que a crítica certamente não será favorável.
Não sei lê indícios ou tem visões, mas o fato é que o que ele fala tem peso. Provas de irregularidades em contratos ou supostos crimes eleitorais não conseguiram derrubar outros ministros (ou pessoas com status de), porém um apelo de “Bob” sim.
E cada apontada de dedo tem o poder de fazer aparecer irregularidades das mais estapafúrdias. Já fomos apresentados ao mensalão, à fazenda de dois andares, à bondade de publicitários – diga-se de passagem, injustificada, já que os ingratos do PT nem lembravam que ele havia pagado uma parcela da dívida do partido da qual era avalista -, à cofres, malas, pacotes e todas e quaisquer unidades de medidas oficiosas de medida de dinheiro.
A sorte parece ser que Jefferson não vê ligações de Lula com nenhuma das operações ilegais que surgiram ou que ainda vão surgir.
Porém não há motivo para comemorar, não sei qual é pior. Roubar os cofres públicos ou permitir que estes sejam dilapidados continuamente sem perceber nada. Para um governo que se orgulhava de “ que não rouba e nem deixa roubar”, é uma falha de qualquer jeito. Principalmente porque os que mais diziam isso são os que hoje estão mais cercados de suspeitas.
Sempre achei que este governo atual agia como um amador. Assim como o profissional, o amador está sujeito aos acertos (e estes ocorreram aos montes neste que aqui está), sendo alguns destes acertos até espetaculares, só que está muito mais perto do erro do que aquele.
Esta crise está provando isso, é erro atrás de erro. E o encaminhamento dela não parece melhorar as coisas.
Se as comissões que estão formadas seguirem a risca o que o governo quer, as investigações irão seguir durante um longo período ainda, com uma começando após o encerramento da outra.
Será um longo processo de fervura, bem ao gosto de Lula. Afinal, se processo de troca de ministros pode se arrastar por mais de um ano, porque fazer a crise ser aguda e resolvida brevemente?
Nesta novela já apareceram os a estrelas principais e a cada dia um novo coadjuvante surge, só que ela é muito ruim e nem há uma Ana Paula Arósio para nos refrescar as vistas. Já está consagrada como um fenômeno de púbico, só que a crítica certamente não será favorável.
sábado, 2 de julho de 2005
Deflação: e eu com isso?
Anos e anos com meda da inflação e quando ela está aparentemente controlada surge um perigo, dizem, ainda maior.
E por que ele seria ainda maior? Simplesmente porque os primeiros afetados pela deflação são os detentores dos meios de produção. E é claro que estes ameaçam mandar a conta para o resto da população.
Vamos à lógica por trás disto. A tendência natural dos preços de qualquer produto, respeitadas condições constantes na produção do mesmo, é a Ueda de seu valor. Isto não e considerado deflação, mais depreciação dos meios de produção. É a amortização do capital empregado para o início da produção de qualquer empreitada e a razão pelo caráter expansionista do capitalismo que a tantas guerras nos levou.
Já a deflação seria uma anomalia, na ótica do capitalismo, pois é uma redução dos preços, devido a falta de demanda, além desta depreciação natural que achata a margem de lucros.
Com uma margem de lucros menor, o capitalista não investe e não gera mais empregos, o que impede a recuperação da demanda e dos preços. Em casos extremos, o capitalista se veria obrigado a cessar sua produção por falta de demanda, desempregando pessoas, deixando de utilizar matérias-primas e alimentando o novo monstro.
Então devemos nos preocupar com mis este fantasma? É mais uma ameaça? Claro que não.
Nós não vivemos no Japão ou na Europa Ocidental, onde a demanda tem que ser mantida artificialmente através de ações agressivas de marketing, uma vez que as necessidades básicas estão supridas e o contingente populacional em baixa.
No Brasil existe justamente o contrário. Há um subconsumo evidente e a redução de preços pode até beneficiar os produtores, apesar do achatamento dos lucros, pela inclusão de novos consumidores no mercado.
Não será apenas a redução de alguns itens da cesta de consumo, como as tarifas de energia elétrica e os combustíveis, que provocará esta inclusão imediatamente, mas já é um início, principalmente porque estes são insumos que afetam todos os elos de qualquer cadeia de produção.
Mais de dez anos após o início das privatizações, ainda estamos a meio caminho de uma real economia de mercado e de uma livre concorrência em elos vitais das cadeias. Porém começamos a nos deparar com desafios de economias maduras.
Essa nossa “adolescência” econômica é um passo adiante. Como em toda a fase de mudança acelerada; algumas ameaças podem aparecer, assim como algumas dores. Não podemos ignorá-las, mas, sobretudo, não podemos valorizá-las excessivamente.
A vida continua; a economia também.
E por que ele seria ainda maior? Simplesmente porque os primeiros afetados pela deflação são os detentores dos meios de produção. E é claro que estes ameaçam mandar a conta para o resto da população.
Vamos à lógica por trás disto. A tendência natural dos preços de qualquer produto, respeitadas condições constantes na produção do mesmo, é a Ueda de seu valor. Isto não e considerado deflação, mais depreciação dos meios de produção. É a amortização do capital empregado para o início da produção de qualquer empreitada e a razão pelo caráter expansionista do capitalismo que a tantas guerras nos levou.
Já a deflação seria uma anomalia, na ótica do capitalismo, pois é uma redução dos preços, devido a falta de demanda, além desta depreciação natural que achata a margem de lucros.
Com uma margem de lucros menor, o capitalista não investe e não gera mais empregos, o que impede a recuperação da demanda e dos preços. Em casos extremos, o capitalista se veria obrigado a cessar sua produção por falta de demanda, desempregando pessoas, deixando de utilizar matérias-primas e alimentando o novo monstro.
Então devemos nos preocupar com mis este fantasma? É mais uma ameaça? Claro que não.
Nós não vivemos no Japão ou na Europa Ocidental, onde a demanda tem que ser mantida artificialmente através de ações agressivas de marketing, uma vez que as necessidades básicas estão supridas e o contingente populacional em baixa.
No Brasil existe justamente o contrário. Há um subconsumo evidente e a redução de preços pode até beneficiar os produtores, apesar do achatamento dos lucros, pela inclusão de novos consumidores no mercado.
Não será apenas a redução de alguns itens da cesta de consumo, como as tarifas de energia elétrica e os combustíveis, que provocará esta inclusão imediatamente, mas já é um início, principalmente porque estes são insumos que afetam todos os elos de qualquer cadeia de produção.
Mais de dez anos após o início das privatizações, ainda estamos a meio caminho de uma real economia de mercado e de uma livre concorrência em elos vitais das cadeias. Porém começamos a nos deparar com desafios de economias maduras.
Essa nossa “adolescência” econômica é um passo adiante. Como em toda a fase de mudança acelerada; algumas ameaças podem aparecer, assim como algumas dores. Não podemos ignorá-las, mas, sobretudo, não podemos valorizá-las excessivamente.
A vida continua; a economia também.
Os custos médicos
Entra dia, sai dia, governo e empresas de planos de saúde e seguro-saúde dizem que os custos médicos estão aumentando devido ao custo de novas tecnologias empregadas.
Isto me revolta. Porquê raios, se a tecnologia os diminui em todos os outros campos, ela aumentaria os custos justamente na medicina?
A única explicação que me veio a cabeça foi, além de simples má fé, o aumento de volume de atendimentos.
Explico; as prestadoras de serviços médicos reportam que os avanços tecnológicos encarecem o atendimento pois as máquinas e insumos modernos são mais custosos do que as alternativas mais antigas.
Só que há um detalhe muito importante, isto só é verdade se encararmos a nova tecnologia como obrigatória. E isso ela não é, definitivamente.
Uma nova tecnologia só é válida se tornar a ação na qual é empregada mais eficiente ou eficaz. E sempre que isto acontece há uma redução implícita de custos.
Se esta se tornar tão custosa a ponto de ser impraticável o seu uso, isto a torna totalmente ineficaz. Esta casta de inovações tecnológicas é simplesmente varrida de qualquer uso e é raríssima.
Tomemos como exemplo as formas de diagnóstico por imagens. Entre a antiga abreugrafia e as modernas tomografias coloridas há uma ampla variedade de usos e de preços para cada imagem que se pode obter, porém cada boa imagem conseguida pode fazer com que o tratamento seja mais eficiente e mais eficaz, reduzindo o tempo de tratamento e os custos do mesmo. Um único dia a menos de internação pode compensar a mais cara destas formas de diagnóstico.
Agora, dito isto, por que as empresas que exploram o ramo da saúde reclamam do emprego de tecnologia? Porque o oposto dele é o não-atendimento, a maneira mais barata de prestar qualquer serviço.
Melhores exames tornam mais fácil o diagnóstico e fazem compulsório o tratamento. Deste modo, não há maneira de empresas de saúde gostarem do emprego de tecnologia. Ela faz com que as picaretas sejam processadas mais facilmente e obriga as não-picaretas a um aprimoramento constante.
Já o governo... bem, o governo. Dizer que a tecnologia aumenta os custos deste soa como uma piada. Não há o emprego de tecnologia no serviço público de saúde, pelo menos não a de última geração. Se existem hospitais que estão ligados a rede pública e utilizam tecnologia de ponta, na maioria hospitais-escola, estes têm um peso relativo muito pequeno no total de atendimento.
Dada a precariedade geral do atendimento público no sistema de saúde, até o uso de algodão encarece o sistema, já que a regra é o não-atendimento das demandas e a postergação de todos os serviços, cronificando os casos, quando não levando o candidato a paciente à morte.
A tecnologia pode ser culpada de muitas coisas, mais querer usá-la como mais uma maneira de tungar os brasileiros que precisam de atendimento médico é verdadeiramente imoral.
Isto me revolta. Porquê raios, se a tecnologia os diminui em todos os outros campos, ela aumentaria os custos justamente na medicina?
A única explicação que me veio a cabeça foi, além de simples má fé, o aumento de volume de atendimentos.
Explico; as prestadoras de serviços médicos reportam que os avanços tecnológicos encarecem o atendimento pois as máquinas e insumos modernos são mais custosos do que as alternativas mais antigas.
Só que há um detalhe muito importante, isto só é verdade se encararmos a nova tecnologia como obrigatória. E isso ela não é, definitivamente.
Uma nova tecnologia só é válida se tornar a ação na qual é empregada mais eficiente ou eficaz. E sempre que isto acontece há uma redução implícita de custos.
Se esta se tornar tão custosa a ponto de ser impraticável o seu uso, isto a torna totalmente ineficaz. Esta casta de inovações tecnológicas é simplesmente varrida de qualquer uso e é raríssima.
Tomemos como exemplo as formas de diagnóstico por imagens. Entre a antiga abreugrafia e as modernas tomografias coloridas há uma ampla variedade de usos e de preços para cada imagem que se pode obter, porém cada boa imagem conseguida pode fazer com que o tratamento seja mais eficiente e mais eficaz, reduzindo o tempo de tratamento e os custos do mesmo. Um único dia a menos de internação pode compensar a mais cara destas formas de diagnóstico.
Agora, dito isto, por que as empresas que exploram o ramo da saúde reclamam do emprego de tecnologia? Porque o oposto dele é o não-atendimento, a maneira mais barata de prestar qualquer serviço.
Melhores exames tornam mais fácil o diagnóstico e fazem compulsório o tratamento. Deste modo, não há maneira de empresas de saúde gostarem do emprego de tecnologia. Ela faz com que as picaretas sejam processadas mais facilmente e obriga as não-picaretas a um aprimoramento constante.
Já o governo... bem, o governo. Dizer que a tecnologia aumenta os custos deste soa como uma piada. Não há o emprego de tecnologia no serviço público de saúde, pelo menos não a de última geração. Se existem hospitais que estão ligados a rede pública e utilizam tecnologia de ponta, na maioria hospitais-escola, estes têm um peso relativo muito pequeno no total de atendimento.
Dada a precariedade geral do atendimento público no sistema de saúde, até o uso de algodão encarece o sistema, já que a regra é o não-atendimento das demandas e a postergação de todos os serviços, cronificando os casos, quando não levando o candidato a paciente à morte.
A tecnologia pode ser culpada de muitas coisas, mais querer usá-la como mais uma maneira de tungar os brasileiros que precisam de atendimento médico é verdadeiramente imoral.
quinta-feira, 30 de junho de 2005
Invencionices
Após o jogo de ontem, que foi uma vitória maravilhosa, soa até anti-patriótico que eu diga aqui que a seleção brasileira e o seu técnico não são perfeitos. Então vou pegar leve, mas ...
Houve uma época que gostava de jogar bola. Isto foi antes de ser apresentado à função tática.
Houve um tempo em que era divertido ver a seleção jogar. Isto foi antes desta ser dirigida por Carlos Alberto Parreira.
Tática e Parreira são quase sinônimos para uma boa parcela dos comentaristas esportivos nacionais. Acho que está aí o problema. Ambos me tiraram o prazer do futebol e, na personificação da tática, Parreira sofre com o ônus de ser o rei da tática. E precisa provar-nos, e provar-se, essa realeza a todo o instante.
A tática passou a ser encarada neste país como um outro nome para covardia. O defender-se antes e, quem sabe, fazer um golzinho e levar o resultado para casa. Ou não seria o gol um mero detalhe? Neste sentido, espera-se de Parreira que ele seja um retranqueiro, pois é tático, ao invés do ofensivo Luxemburgo, motivador.
É também vista, a tática, como algo rígido, com os jogadores se comportando como botões no jogo. E o técnico leva a culpa e a fama por tudo que acontece nas partidas.
E mais, como todo técnico tem que impor sua parcela de inovação. Parreira aparece com Zé Roberto.
Fica sobre a cabeça de Parreira sempre a espada do carrasco que a todos os “selecionadores” persegue, e mais ainda os “táticos”: o descrédito.
Para escapar da espada, ele necessita não apenas vencer, precisa fazê-lo a sua maneira. Não bastará ser campeão mundial, isto só será válido se conseguir o caneco com o Zé Roberto de volante.
Já desejei Zé Roberto na seleção. Isso foi na época em que ele e Zé Maria, cada um uma lateral da Portuguesa, eram responsáveis por pesadelos nas defesas e técnicos adversários na noite anterior aos jogos.
Toleraria o mesmo como meia ofensivo - nesta posição foi o melhor jogador do campeonato alemão durante algumas temporadas; o que não prova muito, é verdade, já que o campeonato alemão não é esta força toda – só que de volante não dá, é invencionice.
O Zé Roberto pode até cumprir a função, mas fica no meio termo, nem é um volante para auxiliar a defesa nem um meia para apoiar o ataque.
Essas invencionices subvertem um pouco a função do técnico de seleções. A invenção deveria ser feita por técnicos de clubes, aqueles que têm parcos recursos humanos, nos quais em certos momentos se tem dois meias e nenhum lateral, por exemplo.
Na seleção, o técnico pode pinçar jogadores das mais variadas “tendências”. Há o técnico, o raçudo, o indisciplinado, o craque, etc... pra que inventar?
Já sei, esta coluna está inconstante, meio sem pé nem cabeça. A seleção também está assim, espero que em um ano, a coluna esteja azeitada, assim como nosso time.
Houve uma época que gostava de jogar bola. Isto foi antes de ser apresentado à função tática.
Houve um tempo em que era divertido ver a seleção jogar. Isto foi antes desta ser dirigida por Carlos Alberto Parreira.
Tática e Parreira são quase sinônimos para uma boa parcela dos comentaristas esportivos nacionais. Acho que está aí o problema. Ambos me tiraram o prazer do futebol e, na personificação da tática, Parreira sofre com o ônus de ser o rei da tática. E precisa provar-nos, e provar-se, essa realeza a todo o instante.
A tática passou a ser encarada neste país como um outro nome para covardia. O defender-se antes e, quem sabe, fazer um golzinho e levar o resultado para casa. Ou não seria o gol um mero detalhe? Neste sentido, espera-se de Parreira que ele seja um retranqueiro, pois é tático, ao invés do ofensivo Luxemburgo, motivador.
É também vista, a tática, como algo rígido, com os jogadores se comportando como botões no jogo. E o técnico leva a culpa e a fama por tudo que acontece nas partidas.
E mais, como todo técnico tem que impor sua parcela de inovação. Parreira aparece com Zé Roberto.
Fica sobre a cabeça de Parreira sempre a espada do carrasco que a todos os “selecionadores” persegue, e mais ainda os “táticos”: o descrédito.
Para escapar da espada, ele necessita não apenas vencer, precisa fazê-lo a sua maneira. Não bastará ser campeão mundial, isto só será válido se conseguir o caneco com o Zé Roberto de volante.
Já desejei Zé Roberto na seleção. Isso foi na época em que ele e Zé Maria, cada um uma lateral da Portuguesa, eram responsáveis por pesadelos nas defesas e técnicos adversários na noite anterior aos jogos.
Toleraria o mesmo como meia ofensivo - nesta posição foi o melhor jogador do campeonato alemão durante algumas temporadas; o que não prova muito, é verdade, já que o campeonato alemão não é esta força toda – só que de volante não dá, é invencionice.
O Zé Roberto pode até cumprir a função, mas fica no meio termo, nem é um volante para auxiliar a defesa nem um meia para apoiar o ataque.
Essas invencionices subvertem um pouco a função do técnico de seleções. A invenção deveria ser feita por técnicos de clubes, aqueles que têm parcos recursos humanos, nos quais em certos momentos se tem dois meias e nenhum lateral, por exemplo.
Na seleção, o técnico pode pinçar jogadores das mais variadas “tendências”. Há o técnico, o raçudo, o indisciplinado, o craque, etc... pra que inventar?
Já sei, esta coluna está inconstante, meio sem pé nem cabeça. A seleção também está assim, espero que em um ano, a coluna esteja azeitada, assim como nosso time.
terça-feira, 28 de junho de 2005
Escorrendo pelos dedos
Em continuação ao texto anterior, tentarei explicar as razões pelas quais, na minha opinião, como areia, a o controle do processo de globalização está escorrendo por entre os dedos dos países ricos.
Este controle corre riscos, primeiramente, por razões demográficas. A população dos países ricos é de aproximadamente um sétimo da população global, com tendência decrescente de importância, e a medida que vão se acrescentando mais elos nas correntes de cada agente de globalização (empresas, organismos internacionais, etc) mais os interesses de outrem devem ser avaliados.
Com peso demográfico crescente, e também todos os ônus e bônus que isto traz, os países pobres aumentam sua importância tanto como consumidores como produtores, deslocando outros como mercado e ganhando espaço nos aclamados corações e mentes de quem decide realmente, os dirigentes corporativos.
Outro fator é o de custos. Os padrões exigidos das empresas nos países de primeiro mundo: ambientais, salariais e quaisquer outros ais que possamos procurar; tornam a produção muito mais barata em outras localidades. Apesar destes custos tenderem a se equiparar com o passar do tempo, tanto por pressões internas quanto internas, a simples existência destas diferenças provoca um aumento de importância dos países detentores de custos menores. Tanto econômica quanto política.
Um outro fator, e talvez o mais importante e incompreendido deles, é que a globalização acaba com velhas estruturas clientelistas entre países, e não os reforça – como costumam dizer os partidos de esquerda -, em alguns casos invertendo as relações de dependência que ocorrem a séculos.
Países de renda aumentada pela globalização (os imensos exemplos são Índia e China) tornam-se concorrentes dos países de primeiro mundo pelas reservas naturais Terra afora. Isto fortalece os exportadores líquidos de produtos primários (países da Opep, Brasil, entre outros) e enfraquece os importadores (adivinhe quem).
Apesar de ainda terem meios de contra-atacar, principalmente diminuindo a demanda pelos mesmos, os países de primeiro mundo vêem sua influência se esvair. Pelo menos por algum tempo não poderão ser os clientes cheios de razão.
Estes fatores acabarão por gerar mudanças radicais na geopolítica mundial, cabe a cada governante se adiantar a elas e tentar prosperar nelas.
Quanto aos nossos, creio que estão no caminho correto. Estão ao menos lendo, aparentemente, o quadro conjuntural da mesma maneira que eu. Se estamos certos? O futuro irá mostrar, mas a diversificação de mercados, diminuindo o peso dos países ricos, em nada nos atrapalhou até agora.
Este controle corre riscos, primeiramente, por razões demográficas. A população dos países ricos é de aproximadamente um sétimo da população global, com tendência decrescente de importância, e a medida que vão se acrescentando mais elos nas correntes de cada agente de globalização (empresas, organismos internacionais, etc) mais os interesses de outrem devem ser avaliados.
Com peso demográfico crescente, e também todos os ônus e bônus que isto traz, os países pobres aumentam sua importância tanto como consumidores como produtores, deslocando outros como mercado e ganhando espaço nos aclamados corações e mentes de quem decide realmente, os dirigentes corporativos.
Outro fator é o de custos. Os padrões exigidos das empresas nos países de primeiro mundo: ambientais, salariais e quaisquer outros ais que possamos procurar; tornam a produção muito mais barata em outras localidades. Apesar destes custos tenderem a se equiparar com o passar do tempo, tanto por pressões internas quanto internas, a simples existência destas diferenças provoca um aumento de importância dos países detentores de custos menores. Tanto econômica quanto política.
Um outro fator, e talvez o mais importante e incompreendido deles, é que a globalização acaba com velhas estruturas clientelistas entre países, e não os reforça – como costumam dizer os partidos de esquerda -, em alguns casos invertendo as relações de dependência que ocorrem a séculos.
Países de renda aumentada pela globalização (os imensos exemplos são Índia e China) tornam-se concorrentes dos países de primeiro mundo pelas reservas naturais Terra afora. Isto fortalece os exportadores líquidos de produtos primários (países da Opep, Brasil, entre outros) e enfraquece os importadores (adivinhe quem).
Apesar de ainda terem meios de contra-atacar, principalmente diminuindo a demanda pelos mesmos, os países de primeiro mundo vêem sua influência se esvair. Pelo menos por algum tempo não poderão ser os clientes cheios de razão.
Estes fatores acabarão por gerar mudanças radicais na geopolítica mundial, cabe a cada governante se adiantar a elas e tentar prosperar nelas.
Quanto aos nossos, creio que estão no caminho correto. Estão ao menos lendo, aparentemente, o quadro conjuntural da mesma maneira que eu. Se estamos certos? O futuro irá mostrar, mas a diversificação de mercados, diminuindo o peso dos países ricos, em nada nos atrapalhou até agora.
segunda-feira, 27 de junho de 2005
Preservem meus calos
A globalização foi evoluindo aos poucos, desde a II Segunda Guerra Mundial (momento em ela esteve em seu mais baixo nível na história) e muito lentamente, mas nos encontramos agora em um ponto muito importante da jornada.
Ela está afetando a uma parcela significativa, e sensível, das pessoas do mundo.
Talvez pela primeira vez na história, até as massas trabalhadoras perceberam que estão interligadas e que as conexões são mais fortes do que elas desejariam, para o bem e para o mal.
Não estou falando de discussões pontuais, como foi o medo dos peões de fábrica norte-americanos de perder seus empregos para um japonês a cerca de 20 anos. Agora é algo muito mais sistêmico.
Isto pode representar um grande risco para a globalização.
O certo é que, até o momento, os grandes vencedores do processo de globalização foram as populações dos países do dito primeiro mundo. Não por acaso, foram estes países que desenvolveram todo o arcabouço legal e comandaram todo o processo.
Só que do modo como as coisas estão se encaminhando, vai ser-lhes arrancado das mãos o controle proximamente. E eles ameaçam com retrocessos.
Os fatores que estão fazendo pender a balança do poder da globalização serão, por falta de espaço neste texto, apresentadas na coluna de amanhã, mas os que poderiam ser responsáveis pelo estancamento do processo globalizante estão relacionados a percepção do mesmo pelos eleitores dos ricos países democráticos.
Como foi dito à repórter Patrícia Campos Mello pelo pesquisador Jean-Pierre Lehmann em reportagem veiculada ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo, “Hoje, o europeu tem três pesadelos: perder o emprego para o encanador polonês, para o operário chinês ou para o criador de frango brasileiro”. Estes são também, com uma ou outra diferença na profissão ou no adjetivo pátrio, os pesadelos dos norte-americanos e japoneses.
Na mesma edição há um texto de Gilles Lapouge discutindo a PAC (Política agrícola comum) européia, que distorce totalmente o mercado agrícola mundial, dando, a título de exemplo, três dólares diários de subsídio para cada vaca francesa. Esta PAC, mais dia menos dia, terá que ser revogada, expondo os agricultores europeus a concorrência de outros nações com custos menores, como terão que ser revogados também os equivalentes norte-americanos e japoneses.
Coisas que os eleitores destes países não querem fazer.
A lógica então é: após dançar durante seis décadas a música da globalização, os países que mais se beneficiaram do baile pressionam pelo encerramento da festa agora que alguns novos dançarinos que acabaram de chegar, menos experientes e que podem responder por alguns pisões nos pés delicados - e também nos calos escondidos - daqueles.
Medidas demagógicas que em nada beneficiariam o mundo, porém agradariam em cheio os já citados eleitores, estão agora esperando por assinaturas nos países “civilizados”. Num contexto de civilização que significa, se eu me dou bem, a danação para o resto.
Ela está afetando a uma parcela significativa, e sensível, das pessoas do mundo.
Talvez pela primeira vez na história, até as massas trabalhadoras perceberam que estão interligadas e que as conexões são mais fortes do que elas desejariam, para o bem e para o mal.
Não estou falando de discussões pontuais, como foi o medo dos peões de fábrica norte-americanos de perder seus empregos para um japonês a cerca de 20 anos. Agora é algo muito mais sistêmico.
Isto pode representar um grande risco para a globalização.
O certo é que, até o momento, os grandes vencedores do processo de globalização foram as populações dos países do dito primeiro mundo. Não por acaso, foram estes países que desenvolveram todo o arcabouço legal e comandaram todo o processo.
Só que do modo como as coisas estão se encaminhando, vai ser-lhes arrancado das mãos o controle proximamente. E eles ameaçam com retrocessos.
Os fatores que estão fazendo pender a balança do poder da globalização serão, por falta de espaço neste texto, apresentadas na coluna de amanhã, mas os que poderiam ser responsáveis pelo estancamento do processo globalizante estão relacionados a percepção do mesmo pelos eleitores dos ricos países democráticos.
Como foi dito à repórter Patrícia Campos Mello pelo pesquisador Jean-Pierre Lehmann em reportagem veiculada ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo, “Hoje, o europeu tem três pesadelos: perder o emprego para o encanador polonês, para o operário chinês ou para o criador de frango brasileiro”. Estes são também, com uma ou outra diferença na profissão ou no adjetivo pátrio, os pesadelos dos norte-americanos e japoneses.
Na mesma edição há um texto de Gilles Lapouge discutindo a PAC (Política agrícola comum) européia, que distorce totalmente o mercado agrícola mundial, dando, a título de exemplo, três dólares diários de subsídio para cada vaca francesa. Esta PAC, mais dia menos dia, terá que ser revogada, expondo os agricultores europeus a concorrência de outros nações com custos menores, como terão que ser revogados também os equivalentes norte-americanos e japoneses.
Coisas que os eleitores destes países não querem fazer.
A lógica então é: após dançar durante seis décadas a música da globalização, os países que mais se beneficiaram do baile pressionam pelo encerramento da festa agora que alguns novos dançarinos que acabaram de chegar, menos experientes e que podem responder por alguns pisões nos pés delicados - e também nos calos escondidos - daqueles.
Medidas demagógicas que em nada beneficiariam o mundo, porém agradariam em cheio os já citados eleitores, estão agora esperando por assinaturas nos países “civilizados”. Num contexto de civilização que significa, se eu me dou bem, a danação para o resto.
sexta-feira, 24 de junho de 2005
Desenvolvimento: que bicho é este?
Tornar-se um país desenvolvido é o que move o Brasil. Todos nós queremos que sejamos desenvolvidos. Só que há uma questão: o que é um país desenvolvido?
Pergunte ao seu vizinho o que é um país desenvolvido. Provavelmente a resposta será variação a respeito da riqueza. Apontar-se-ão muitos países como exemplo de desenvolvimento e o critério mais apontado será provavelmente o de renda per capita.
Só que este não é um indicador de desenvolvimento, apesar de haver uma imensa correlação. Tomando emprestado da biologia os significados: desenvolvimento é a mudança estrutural que muda a função que certo elemento exerce enquanto que crescimento é simplesmente o aumento das dimensões. Definições estas que perante o senso comum são sinônimos perfeitos.
Países com alta renda per capita tiveram no passado um grande crescimento econômico, não necessariamente desenvolvimento. Este seria uma mudança da predominância dos setores da economia perante o total do PIB de cada país. Do primário (extrativismo e agricultura) para o terciário (comércio e serviços).
Desta forma, o Brasil não é na realidade um país subdesenvolvido e sim um país pobre. Barbados e Emirados Árabes Unidos estariam entre os mais desenvolvidos do mundo, apesar de nunca serem colocados nesta lista, enquanto os nórdicos Finlândia e Noruega seriam menos desenvolvidos por retirarem uma grande fatia do seu PIB através do extrativismo, e eles são constantemente apontados como exemplos a serem seguidos.
A verdade é que o Brasil é um país extremamente desigual, em todos os quesitos. Existem bolsões desenvolvidos e áreas onde se pratica o extrativismo mais arcaico. Do ponto de vista de renda, há a Daslu e as favelas. Nossa economia é muito baseada em serviços e comércio, se pegarmos a foto panorâmica, porém está a neste momento passando por um processo de diminuição da importância destes setores no PIB.
O crescimento dos setores agropecuário e industrial poderia ser encarado como um processo de reversão de desenvolvimento, mas está sendo encarado como uma vitória.
É justo que queiramos um país mais desenvolvido, uma vez que, de um modo geral, podemos dizer que os que já o são têm taxas de bem-estar social melhores, porém não nos iludamos que teremos assim um país mais justo.
Justiças social e econômica não se alcançam automaticamente à medida que trafegamos na estrada do desenvolvimento. Tenho cá pra mim que é justamente o contrário, a justiça social traz mais demanda por serviços e ao conseqüente desenvolvimento.
Pergunte ao seu vizinho o que é um país desenvolvido. Provavelmente a resposta será variação a respeito da riqueza. Apontar-se-ão muitos países como exemplo de desenvolvimento e o critério mais apontado será provavelmente o de renda per capita.
Só que este não é um indicador de desenvolvimento, apesar de haver uma imensa correlação. Tomando emprestado da biologia os significados: desenvolvimento é a mudança estrutural que muda a função que certo elemento exerce enquanto que crescimento é simplesmente o aumento das dimensões. Definições estas que perante o senso comum são sinônimos perfeitos.
Países com alta renda per capita tiveram no passado um grande crescimento econômico, não necessariamente desenvolvimento. Este seria uma mudança da predominância dos setores da economia perante o total do PIB de cada país. Do primário (extrativismo e agricultura) para o terciário (comércio e serviços).
Desta forma, o Brasil não é na realidade um país subdesenvolvido e sim um país pobre. Barbados e Emirados Árabes Unidos estariam entre os mais desenvolvidos do mundo, apesar de nunca serem colocados nesta lista, enquanto os nórdicos Finlândia e Noruega seriam menos desenvolvidos por retirarem uma grande fatia do seu PIB através do extrativismo, e eles são constantemente apontados como exemplos a serem seguidos.
A verdade é que o Brasil é um país extremamente desigual, em todos os quesitos. Existem bolsões desenvolvidos e áreas onde se pratica o extrativismo mais arcaico. Do ponto de vista de renda, há a Daslu e as favelas. Nossa economia é muito baseada em serviços e comércio, se pegarmos a foto panorâmica, porém está a neste momento passando por um processo de diminuição da importância destes setores no PIB.
O crescimento dos setores agropecuário e industrial poderia ser encarado como um processo de reversão de desenvolvimento, mas está sendo encarado como uma vitória.
É justo que queiramos um país mais desenvolvido, uma vez que, de um modo geral, podemos dizer que os que já o são têm taxas de bem-estar social melhores, porém não nos iludamos que teremos assim um país mais justo.
Justiças social e econômica não se alcançam automaticamente à medida que trafegamos na estrada do desenvolvimento. Tenho cá pra mim que é justamente o contrário, a justiça social traz mais demanda por serviços e ao conseqüente desenvolvimento.
quarta-feira, 22 de junho de 2005
Pois é
No maior país da América do Sul, nós temos um presidente da ética, que tudo faz para mantê-la e que não rouba ou deixa roubar.
No segundo maior país da América do Norte, nós temos um presidente que é o campeão da segurança mundial, combatente do terrorismo e grande artífice de uma nova ordem de paz e prosperidade, sem esta “irrelevante” Organização das Nações Unidas.
Não sei dizer qual é o maioral, primeiro porque são cruzadas diferentes e o do segundo tem uma escala maior para atuar, mas tenho um palpite: Bush é o maioral da incompetência.
Enquanto não há prova nenhuma de que o a ética do Planalto Central tenha decaído, apenas indícios, é mais do que documentado que a atividade terrorista mundo afora tornou-se muito mais fervilhante após a posse do nosso amigo do norte.
Claro, daremos o desconto para o marco zero do Presidente da guerra. Ele ainda não era preocupado com a segurança do “mundo” antes dos atentados de 11 setembro de 2001, sua cruzada era para cortar impostos. Mas desde aquela data, tudo para o qual se comprometeu deu errado.
Se propôs a prender aquele que consideraram o maior responsável pela série de atentados, Osama bin Laden, e para tanto não se furtou a mandar invadir o Afeganistão e mudar-lhe o regime político – o que até que não foi uma má idéia para um grande contingente de afegãos-, só que até onde se sabe bin Laden permanece livre, leve e solto.
Depois de feito o estrago no Afeganistão, e sem a cabeça de bin Laden, mudou-se o objetivo da empreitada; para a mudança do regime “terrorista” talebã para um outro mais “democrático”. E gostou-se tanto da idéia que Bush resolveu mudar um outro regime incomodo, o iraquiano.
Qual foi o resultado? Ontem a CIA soltou um comunicado dizendo que o território iraquiano tornou-se um centro de treinamento de terroristas. A instituição também vem relatando que, com o avanço da sofisticação dos insurgentes, corre-se o risco de que o possível fim da guerra seja um cenário ainda pior; com terroristas bem treinados nas artes do combate e de fabricação de bombas espalhados pelo mundo.
Em resumo, é outro presidente que pega um limão e planta um limoeiro.
Quem será o cruzado mais incompetente do momento? Tenho meu palpite, qual é o seu? Será o rei das bravatas do sul ou o príncipe das gafes do norte?
No segundo maior país da América do Norte, nós temos um presidente que é o campeão da segurança mundial, combatente do terrorismo e grande artífice de uma nova ordem de paz e prosperidade, sem esta “irrelevante” Organização das Nações Unidas.
Não sei dizer qual é o maioral, primeiro porque são cruzadas diferentes e o do segundo tem uma escala maior para atuar, mas tenho um palpite: Bush é o maioral da incompetência.
Enquanto não há prova nenhuma de que o a ética do Planalto Central tenha decaído, apenas indícios, é mais do que documentado que a atividade terrorista mundo afora tornou-se muito mais fervilhante após a posse do nosso amigo do norte.
Claro, daremos o desconto para o marco zero do Presidente da guerra. Ele ainda não era preocupado com a segurança do “mundo” antes dos atentados de 11 setembro de 2001, sua cruzada era para cortar impostos. Mas desde aquela data, tudo para o qual se comprometeu deu errado.
Se propôs a prender aquele que consideraram o maior responsável pela série de atentados, Osama bin Laden, e para tanto não se furtou a mandar invadir o Afeganistão e mudar-lhe o regime político – o que até que não foi uma má idéia para um grande contingente de afegãos-, só que até onde se sabe bin Laden permanece livre, leve e solto.
Depois de feito o estrago no Afeganistão, e sem a cabeça de bin Laden, mudou-se o objetivo da empreitada; para a mudança do regime “terrorista” talebã para um outro mais “democrático”. E gostou-se tanto da idéia que Bush resolveu mudar um outro regime incomodo, o iraquiano.
Qual foi o resultado? Ontem a CIA soltou um comunicado dizendo que o território iraquiano tornou-se um centro de treinamento de terroristas. A instituição também vem relatando que, com o avanço da sofisticação dos insurgentes, corre-se o risco de que o possível fim da guerra seja um cenário ainda pior; com terroristas bem treinados nas artes do combate e de fabricação de bombas espalhados pelo mundo.
Em resumo, é outro presidente que pega um limão e planta um limoeiro.
Quem será o cruzado mais incompetente do momento? Tenho meu palpite, qual é o seu? Será o rei das bravatas do sul ou o príncipe das gafes do norte?
terça-feira, 21 de junho de 2005
Desmotivação?
O que você faria se um profissional que está em sua folha de pagamento lhe dissesse que não presta um bom serviço simplesmente por que está desmotivado?
E se este profissional fosse de um setor do qual depende o funcionamento de toda a sua empresa?
Mas do que isso, ele fosse parte do quadro das chamadas funções-fim, a razão de ser da sua empresa?
A maioria das pessoas diria que estes funcionários seriam demitidos imediatamente. Certo?
É, mas eles existem aos montes na sua folha de pagamento, são funcionários públicos. Comecemos do princípio. Qualquer um pode ficar desmotivado, vez ou outra, mas categorias?
Eles podem alegar que trabalham muito, que ganham pouco, que não são reconhecidos; alguns até que com muita razão, mas será que estes são motivos suficientes para prestar um mau serviço?
Os fatos são que apesar de tudo isto, os funcionários públicos ainda estão em situação média muito melhor do que a média dos funcionários da iniciativa privada.
Tomando o exemplo paulista, enquanto a renda média dos empregados da iniciativa privada é de cerca de mil reais, entre o funcionalismo público ela é de cerca de três vezes isso, e ainda há a estabilidade, que torna a incompetência um motivo muito brando para demissão.
Não é por outra razão que as greves entre estes servidores é tão impopular. É mais do que irônico, quase tragicômico, que os mesmo funcionários que estão parados a tanto tempo e deixando de prestar serviços aos segurados do INSS queiram reajustes que em valores brutos são maiores do que as pensões da grande maioria dos segurados. Como fazer com a grande massa aceite isto como justo?
A verdade é que a renda média de que nós, brasileiros, dispomos é ridícula, para ser brando. Mas não há como fazer com este valor deixe de ser ridículo apenas para os servidores públicos. Como em tudo, no serviço público há uma profusão de gargalos de eficiência. Fará muito mais para os seus futuros reajustes, o funcionário que comece a restringir estes gargalos. Alegar apenas que precisa de reajuste, pois não os recebeu como queria, apesar de perfeitamente coerente, não fará com que as sobras orçamentárias necessárias para os reajustes apareçam. Deixar de prestar os serviços essenciais para a população, que é na última instância quem assina o cheque, também não.
Só quando esta desculpa esfarrapada de desmotivação deixar de existir eles terão chances reais de verem seus pleitos atendidos. Quando o profissionalismo passar a ser enxergado como uma virtude do funcionalismo público e a população se sentir bem servida, e bom uso do dinheiro for uma marca de cada repartição, a simples menção de interrupção destes serviços fará com que os contribuintes apóiem as demandas do servidor.
Enquanto este for visto como um privilegiado que não trabalha como deveria, quando trabalha, poderá haver greves intermináveis. De nada adiantará. Só tornará a causa mais impopular.
E se este profissional fosse de um setor do qual depende o funcionamento de toda a sua empresa?
Mas do que isso, ele fosse parte do quadro das chamadas funções-fim, a razão de ser da sua empresa?
A maioria das pessoas diria que estes funcionários seriam demitidos imediatamente. Certo?
É, mas eles existem aos montes na sua folha de pagamento, são funcionários públicos. Comecemos do princípio. Qualquer um pode ficar desmotivado, vez ou outra, mas categorias?
Eles podem alegar que trabalham muito, que ganham pouco, que não são reconhecidos; alguns até que com muita razão, mas será que estes são motivos suficientes para prestar um mau serviço?
Os fatos são que apesar de tudo isto, os funcionários públicos ainda estão em situação média muito melhor do que a média dos funcionários da iniciativa privada.
Tomando o exemplo paulista, enquanto a renda média dos empregados da iniciativa privada é de cerca de mil reais, entre o funcionalismo público ela é de cerca de três vezes isso, e ainda há a estabilidade, que torna a incompetência um motivo muito brando para demissão.
Não é por outra razão que as greves entre estes servidores é tão impopular. É mais do que irônico, quase tragicômico, que os mesmo funcionários que estão parados a tanto tempo e deixando de prestar serviços aos segurados do INSS queiram reajustes que em valores brutos são maiores do que as pensões da grande maioria dos segurados. Como fazer com a grande massa aceite isto como justo?
A verdade é que a renda média de que nós, brasileiros, dispomos é ridícula, para ser brando. Mas não há como fazer com este valor deixe de ser ridículo apenas para os servidores públicos. Como em tudo, no serviço público há uma profusão de gargalos de eficiência. Fará muito mais para os seus futuros reajustes, o funcionário que comece a restringir estes gargalos. Alegar apenas que precisa de reajuste, pois não os recebeu como queria, apesar de perfeitamente coerente, não fará com que as sobras orçamentárias necessárias para os reajustes apareçam. Deixar de prestar os serviços essenciais para a população, que é na última instância quem assina o cheque, também não.
Só quando esta desculpa esfarrapada de desmotivação deixar de existir eles terão chances reais de verem seus pleitos atendidos. Quando o profissionalismo passar a ser enxergado como uma virtude do funcionalismo público e a população se sentir bem servida, e bom uso do dinheiro for uma marca de cada repartição, a simples menção de interrupção destes serviços fará com que os contribuintes apóiem as demandas do servidor.
Enquanto este for visto como um privilegiado que não trabalha como deveria, quando trabalha, poderá haver greves intermináveis. De nada adiantará. Só tornará a causa mais impopular.
segunda-feira, 20 de junho de 2005
Doença holandesa
Está sendo brandida uma nova ameaça por aqueles que querem um câmbio rígido e controlado: a doença holandesa.
Esta consiste da supervalorização da moeda local, devido a uma predominância avassaladora das exportações sobre as importações, em decorrência de super-oferta de recursos naturais; levaria a desindustrialização pelo encarecimento relativo dos produtos nacionais em relação aos possíveis produtos industrializados de outros países. Tem este nome porque foi verificada primeiramente naquele país, com o “boom” exportador provocado pela descoberta e exploração das reservas de gás natural do Mar do Norte.
Acredito que está ameaça é mais um daqueles pontos no qual se vê um paradoxo onde não existe nenhum.
Primeiramente, porque o Brasil, apesar de exportar uma grande gama de produtos primários, não está vivendo um “boom” na exploração destes recursos. Ele está exportando-os mais por escassez de mercado interno e pela fraqueza da moeda interna. Neste cenário, não estaria havendo uma supervalorização, mas apenas uma adequação da nossa moeda ao cenário externo.
Outro ponto que deve ser levado em conta é que nosso país é muito pouco aberto comercialmente. Apesar do crescimento acelerado do nosso comércio exterior, ele tem um peso relativo muito pequeno em nossa economia, se nos compararmos a economias de porte e grau de desenvolvimento semelhantes. Crescimento acelerado tende a trazer desequilíbrios momentâneos; não será a rigidez cambial que reequilibrará a balança cambial, mesmo porque nós precisamos de mais importações também, por mais que os industriais brasileiros digam o contrário.
E mais importante de tudo, a taxa de câmbio é apenas um dos fatores de competitividade de uma nação, e seguramente não é a mais importante. De nada adianta termos um câmbio ultra-competitivo se não acabarmos com os demais fatores limitantes que diminuem nossa competitividade. E o detalhe é que estes outros fatores são, ao contrário do cambial, oriundos de decisões internas e não da conjuntura internacional. São eles, entre outros, a qualidades de nossa educação, de nossa infra-estrutura, de nosso regime legal.
Enquanto se taxar a produção nacional com valores próximos de 50% e os produtos importados com algo em torno de 20%, será impossível fazer com que a industria nacional seja mais competitiva do que a estrangeira (e o erro obviamente não é na taxação do produto importado).
Se a única solução concebível é a demagógica desvalorização cambial, algo muito errado há com nossa economia com vistas as perspectivas para o futuro, mesmo porque desvalorização cambial rima com arrocho salarial, disfarçado, e faz dobradinha com concentração de renda.
Esta consiste da supervalorização da moeda local, devido a uma predominância avassaladora das exportações sobre as importações, em decorrência de super-oferta de recursos naturais; levaria a desindustrialização pelo encarecimento relativo dos produtos nacionais em relação aos possíveis produtos industrializados de outros países. Tem este nome porque foi verificada primeiramente naquele país, com o “boom” exportador provocado pela descoberta e exploração das reservas de gás natural do Mar do Norte.
Acredito que está ameaça é mais um daqueles pontos no qual se vê um paradoxo onde não existe nenhum.
Primeiramente, porque o Brasil, apesar de exportar uma grande gama de produtos primários, não está vivendo um “boom” na exploração destes recursos. Ele está exportando-os mais por escassez de mercado interno e pela fraqueza da moeda interna. Neste cenário, não estaria havendo uma supervalorização, mas apenas uma adequação da nossa moeda ao cenário externo.
Outro ponto que deve ser levado em conta é que nosso país é muito pouco aberto comercialmente. Apesar do crescimento acelerado do nosso comércio exterior, ele tem um peso relativo muito pequeno em nossa economia, se nos compararmos a economias de porte e grau de desenvolvimento semelhantes. Crescimento acelerado tende a trazer desequilíbrios momentâneos; não será a rigidez cambial que reequilibrará a balança cambial, mesmo porque nós precisamos de mais importações também, por mais que os industriais brasileiros digam o contrário.
E mais importante de tudo, a taxa de câmbio é apenas um dos fatores de competitividade de uma nação, e seguramente não é a mais importante. De nada adianta termos um câmbio ultra-competitivo se não acabarmos com os demais fatores limitantes que diminuem nossa competitividade. E o detalhe é que estes outros fatores são, ao contrário do cambial, oriundos de decisões internas e não da conjuntura internacional. São eles, entre outros, a qualidades de nossa educação, de nossa infra-estrutura, de nosso regime legal.
Enquanto se taxar a produção nacional com valores próximos de 50% e os produtos importados com algo em torno de 20%, será impossível fazer com que a industria nacional seja mais competitiva do que a estrangeira (e o erro obviamente não é na taxação do produto importado).
Se a única solução concebível é a demagógica desvalorização cambial, algo muito errado há com nossa economia com vistas as perspectivas para o futuro, mesmo porque desvalorização cambial rima com arrocho salarial, disfarçado, e faz dobradinha com concentração de renda.
domingo, 19 de junho de 2005
Escorrendo pelos dedos
Em continuação ao texto anterior, tentarei explicar as razões pelas quais, na minha opinião, como areia, a o controle do processo de globalização está escorrendo por entre os dedos dos países ricos.
Este controle corre riscos, primeiramente, por razões demográficas. A população dos países ricos é de aproximadamente um sétimo da população global, com tendência decrescente de importância, e a medida que vão se acrescentando mais elos nas correntes de cada agente de globalização )empresas, organismos internacionais, etc) mais os interesses de outrem devem ser avaliados.
Com peso demográfico crescente, e também todos os ônus e bônus que isto traz, os países pobres aumentam sua importância tanto como consumidores como produtores, deslocando outros como mercado e ganhando espaço nos aclamados corações e mentes de quem decide realmente, os dirigentes corporativos.
Outro fator é o de custos. Os padrões exigidos das empresas nos países de primeiro mundo: ambientais, salariais e quaisquer outros ais que possamos procurar; tornam a produção muito mais barata em outras localidades. Apesar destes custos tenderem a se equiparar com o passar do tempo, tanto por pressões internas quanto internas, a simples existência destas diferenças provoca um aumento de importância dos países detentores de custos menores. Tanto econômica quanto política.
Um outro fator, e talvez o mais importante e incompreendido deles, é que a globalização acaba com velhas estruturas clientelistas entre países, e não os reforça – como costumam dizer os partidos de esquerda -, em alguns casos invertendo as relações de dependência que ocorrem a séculos.
Países de renda aumentada pela globalização (os imensos exemplos são Índia e China) tornam-se concorrentes dos países de primeiro mundo pelas reservas naturais Terra afora. Isto fortalece os exportadores líquidos de produtos primários (países da Opep, Brasil, entre outros) e enfraquece os importadores (adivinhe quem).
Apesar de ainda terem meios de contra-atacar, principalmente diminuindo a demanda pelos mesmos, os países de primeiro mundo vêem sua influência se esvair. Pelo menos por algum tempo não poderão ser os clientes cheios de razão.
Estes fatores acabarão por gerar mudanças radicais na geopolítica mundial, cabe a cada governante se adiantar a elas e tentar prosperar nelas.
Quanto aos nossos, creio que estão no caminho correto. Estão ao menos lendo, aparentemente, o quadro conjuntural da mesma maneira que eu. Se estamos certos, o futuro irá mostrar, mas a diversificação de mercados, diminuindo o peso dos países ricos, em nada nos atrapalhou até agora.
Este controle corre riscos, primeiramente, por razões demográficas. A população dos países ricos é de aproximadamente um sétimo da população global, com tendência decrescente de importância, e a medida que vão se acrescentando mais elos nas correntes de cada agente de globalização )empresas, organismos internacionais, etc) mais os interesses de outrem devem ser avaliados.
Com peso demográfico crescente, e também todos os ônus e bônus que isto traz, os países pobres aumentam sua importância tanto como consumidores como produtores, deslocando outros como mercado e ganhando espaço nos aclamados corações e mentes de quem decide realmente, os dirigentes corporativos.
Outro fator é o de custos. Os padrões exigidos das empresas nos países de primeiro mundo: ambientais, salariais e quaisquer outros ais que possamos procurar; tornam a produção muito mais barata em outras localidades. Apesar destes custos tenderem a se equiparar com o passar do tempo, tanto por pressões internas quanto internas, a simples existência destas diferenças provoca um aumento de importância dos países detentores de custos menores. Tanto econômica quanto política.
Um outro fator, e talvez o mais importante e incompreendido deles, é que a globalização acaba com velhas estruturas clientelistas entre países, e não os reforça – como costumam dizer os partidos de esquerda -, em alguns casos invertendo as relações de dependência que ocorrem a séculos.
Países de renda aumentada pela globalização (os imensos exemplos são Índia e China) tornam-se concorrentes dos países de primeiro mundo pelas reservas naturais Terra afora. Isto fortalece os exportadores líquidos de produtos primários (países da Opep, Brasil, entre outros) e enfraquece os importadores (adivinhe quem).
Apesar de ainda terem meios de contra-atacar, principalmente diminuindo a demanda pelos mesmos, os países de primeiro mundo vêem sua influência se esvair. Pelo menos por algum tempo não poderão ser os clientes cheios de razão.
Estes fatores acabarão por gerar mudanças radicais na geopolítica mundial, cabe a cada governante se adiantar a elas e tentar prosperar nelas.
Quanto aos nossos, creio que estão no caminho correto. Estão ao menos lendo, aparentemente, o quadro conjuntural da mesma maneira que eu. Se estamos certos, o futuro irá mostrar, mas a diversificação de mercados, diminuindo o peso dos países ricos, em nada nos atrapalhou até agora.
segunda-feira, 13 de junho de 2005
Me expliquem, por favor
Tento, tento, mas não consigo entender qual é a urgência de propósitos que torna tão necessário que, governo após governo, o congresso tenha que ser comprado, de um jeito ou de outro, para que ocorra a tal governabilidade.
Como o próprio nome diz, o Congresso faz parte do poder legislativo, ou seja, tem que legislar. Legislar trata-se de fazer algo que não é transitório, trata-se de fazer algo que durará por longos períodos, trata-se de pensar mandatos ou gerações além.
Uma lei é, no campo das ciências, algo que já está provado após várias e exaustivas experimentações de validade. É algo praticamente imutável, e está lá para mostrar-se faça chuva amazônica ou sol saárico.
Bem, parece que aqui o Congresso não é feito para criar leis, é feito para dar sustentação ao Poder Executivo. Como não há nada de graça (o verbo dar foi erroneamente colocado, se pensarmos bem), esta governabilidade é conquistada a base de troca. Um favorzinho aqui, um carguinho ali, dizem até que um dinheirinho acolá.
Mas será que isto é realmente necessário?
Na minha opinião não seria se, e existem sempre os ses, cada um fizesse a sua parte. Se o executivo executasse, o judiciário julgasse, e o legislativo legislasse - em causa alheia – tudo estaria resolvido. Porém o óbvio é sempre muito difícil de ser encontrado quando se trata da administração pública brasileira.
A princípio seria possível que os prefeitos, governadores e presidentes cumprissem seus mandatos sem ao menos entrar nos congressos e câmaras de seus respectivos domínios, mas isto nunca acontece.
Cada novo eleito que chega ao poder executivo quer revolucionar. Esbarra em empecilhos legais e, claro, procura mudar as leis; não os projetos que são, afinal, perfeitos. Não que seja errado o poder executivo mandar projetos de leis para o poder legislativo, isto é um direito constitucional de todo o cidadão, por que não seria de um ente federado. Só que o que está errada é a mentalidade.
Os que exercem o poder executivo deveriam se preocupar primeiro em fazer o que primeiro lhes foi conferido como tarefa, criar e gerir as políticas públicas para o bem-estar da população, com as regras que lhes são apresentadas. A mudança de regra deveria ser uma excepcionalidade, um verdadeiro caso digno de nota.
Neste caso caberiam às câmaras, assembléias e afins montar as regras do jogo. O famoso arcabouço legal. Adequar as leis às mudanças pelas quais a sociedade passa. E também aprovar (reparem no verbo) ou não o orçamento que o executivo apresenta.
Como tudo isso é ficção aqui no Brasil, cada governo que entra no poder quer ser o marco fundador e os legisladores querem apenas se ocupar das questões do momento (e nas horas vagas interferir nos rumos do executivo), é crise atrás de crise. Medidas-provisórias atrás de medidas-provisórias.CPI atrás de CPI.
Algum dia políticos corajosos quebrarão este círculo e farão o dever para o qual foi eleito, só nos resta saber quando.
Como o próprio nome diz, o Congresso faz parte do poder legislativo, ou seja, tem que legislar. Legislar trata-se de fazer algo que não é transitório, trata-se de fazer algo que durará por longos períodos, trata-se de pensar mandatos ou gerações além.
Uma lei é, no campo das ciências, algo que já está provado após várias e exaustivas experimentações de validade. É algo praticamente imutável, e está lá para mostrar-se faça chuva amazônica ou sol saárico.
Bem, parece que aqui o Congresso não é feito para criar leis, é feito para dar sustentação ao Poder Executivo. Como não há nada de graça (o verbo dar foi erroneamente colocado, se pensarmos bem), esta governabilidade é conquistada a base de troca. Um favorzinho aqui, um carguinho ali, dizem até que um dinheirinho acolá.
Mas será que isto é realmente necessário?
Na minha opinião não seria se, e existem sempre os ses, cada um fizesse a sua parte. Se o executivo executasse, o judiciário julgasse, e o legislativo legislasse - em causa alheia – tudo estaria resolvido. Porém o óbvio é sempre muito difícil de ser encontrado quando se trata da administração pública brasileira.
A princípio seria possível que os prefeitos, governadores e presidentes cumprissem seus mandatos sem ao menos entrar nos congressos e câmaras de seus respectivos domínios, mas isto nunca acontece.
Cada novo eleito que chega ao poder executivo quer revolucionar. Esbarra em empecilhos legais e, claro, procura mudar as leis; não os projetos que são, afinal, perfeitos. Não que seja errado o poder executivo mandar projetos de leis para o poder legislativo, isto é um direito constitucional de todo o cidadão, por que não seria de um ente federado. Só que o que está errada é a mentalidade.
Os que exercem o poder executivo deveriam se preocupar primeiro em fazer o que primeiro lhes foi conferido como tarefa, criar e gerir as políticas públicas para o bem-estar da população, com as regras que lhes são apresentadas. A mudança de regra deveria ser uma excepcionalidade, um verdadeiro caso digno de nota.
Neste caso caberiam às câmaras, assembléias e afins montar as regras do jogo. O famoso arcabouço legal. Adequar as leis às mudanças pelas quais a sociedade passa. E também aprovar (reparem no verbo) ou não o orçamento que o executivo apresenta.
Como tudo isso é ficção aqui no Brasil, cada governo que entra no poder quer ser o marco fundador e os legisladores querem apenas se ocupar das questões do momento (e nas horas vagas interferir nos rumos do executivo), é crise atrás de crise. Medidas-provisórias atrás de medidas-provisórias.CPI atrás de CPI.
Algum dia políticos corajosos quebrarão este círculo e farão o dever para o qual foi eleito, só nos resta saber quando.
quinta-feira, 9 de junho de 2005
Também sou
Neste país de 180 milhões de técnicos também quero meter meu bedelho na opção tática de nosso time por um, dois, três ou quatro atacantes.
Temo que a derrota de ontem faça Parreira retroceder e voltar a seu velho esqueminha de sempre, recuado e voltado aos contra-ataques. E o pior, com a anuência da mídia e da torcida, já que ficou “provado” que nós ficamos muito vulneráveis com o que era até ontem chamado de “quarteto mágico”; mesmo que ele não estivesse, a rigor, em campo.
Vamos primeiro aos fatos consumados. O time argentino foi melhor do que o brasileiro, é verdade, mas não foi um massacre. Todos os gols foram resultantes de falhas defensivas, porém nenhum foi diretamente ligado ao funcionamento, ou não, dos meio-campistas.
Foram duas falhas grotescas da defesa e um chute de fora, com desvio, quando estavam todos os jogadores argentinos marcados.
Aliás, o jogo não foi muito diferente do que o que ocorreu em Belo Horizonte, com vitória do Brasil pelo mesmo placar. O Brasil sofreu uma grande pressão, e antes de abrir o placar passou por várias ameaças de gol.
A grande falha, na minha opinião, é de desajuste de alguns jogadores do meio-de-campo à função pedida por Parreira. Zé Roberto, por exemplo, é um jogador que sempre atuou ofensivamente e nunca primou pelo poder de marcação, mesmo nos tempos de lateral-esquerda na Portuguesa. Para fazer a função que o técnico espera dele, tem que praticamente renunciar ao ataque, sua principal qualidade. E esta é a principal questão a ser resolvida pela comissão técnica.
Ou ela se fia em preferências por pessoas, e tenta encaixar o esquema ao que melhor convêm a elas, ou escolhe um esquema e tenta achar as pessoas mais apropriadas. Penso que a comissão está em dúvida sobre qual é o melhor caminho no momento.
Por sorte dela, estamos falando de seleção brasileira e, devido a profusão de jogadores, qualquer um dos caminhos pode funcionar.
De minha parte, ainda acredito que a melhor solução é a manutenção do “quadrado mágico”. Essa formação ainda pode fazer história.
Temo que a derrota de ontem faça Parreira retroceder e voltar a seu velho esqueminha de sempre, recuado e voltado aos contra-ataques. E o pior, com a anuência da mídia e da torcida, já que ficou “provado” que nós ficamos muito vulneráveis com o que era até ontem chamado de “quarteto mágico”; mesmo que ele não estivesse, a rigor, em campo.
Vamos primeiro aos fatos consumados. O time argentino foi melhor do que o brasileiro, é verdade, mas não foi um massacre. Todos os gols foram resultantes de falhas defensivas, porém nenhum foi diretamente ligado ao funcionamento, ou não, dos meio-campistas.
Foram duas falhas grotescas da defesa e um chute de fora, com desvio, quando estavam todos os jogadores argentinos marcados.
Aliás, o jogo não foi muito diferente do que o que ocorreu em Belo Horizonte, com vitória do Brasil pelo mesmo placar. O Brasil sofreu uma grande pressão, e antes de abrir o placar passou por várias ameaças de gol.
A grande falha, na minha opinião, é de desajuste de alguns jogadores do meio-de-campo à função pedida por Parreira. Zé Roberto, por exemplo, é um jogador que sempre atuou ofensivamente e nunca primou pelo poder de marcação, mesmo nos tempos de lateral-esquerda na Portuguesa. Para fazer a função que o técnico espera dele, tem que praticamente renunciar ao ataque, sua principal qualidade. E esta é a principal questão a ser resolvida pela comissão técnica.
Ou ela se fia em preferências por pessoas, e tenta encaixar o esquema ao que melhor convêm a elas, ou escolhe um esquema e tenta achar as pessoas mais apropriadas. Penso que a comissão está em dúvida sobre qual é o melhor caminho no momento.
Por sorte dela, estamos falando de seleção brasileira e, devido a profusão de jogadores, qualquer um dos caminhos pode funcionar.
De minha parte, ainda acredito que a melhor solução é a manutenção do “quadrado mágico”. Essa formação ainda pode fazer história.
Nota- De que adianta
Alguém poderia me explicar qual seria a utilidade da quebra dos sigilos fiscal e bancário do tesoureiro do PT para desvendar se ouve ou não o tal mensalão.
Qualquer um que tivesse movimentação de 3 milhões mensais na sua conta pessoal estaria na lista de pessoas mais ricas da Forbes, não atuando incognitamente na política. Ou então deveria ser preso por estupidez, vulga burrice, por fazer algo escondido tão às claras.
Essa onda de sempre brandir com quebra de sigilos deve parar. Sempre que alguém pede para ser investigado, desde que seja apenas em determinado quesito, deixa dúvidas se tem ou não algo escondido em outros.
Qualquer um que tivesse movimentação de 3 milhões mensais na sua conta pessoal estaria na lista de pessoas mais ricas da Forbes, não atuando incognitamente na política. Ou então deveria ser preso por estupidez, vulga burrice, por fazer algo escondido tão às claras.
Essa onda de sempre brandir com quebra de sigilos deve parar. Sempre que alguém pede para ser investigado, desde que seja apenas em determinado quesito, deixa dúvidas se tem ou não algo escondido em outros.
quarta-feira, 8 de junho de 2005
Hora da colheita
Há algum tempo atrás, não me lembro bem por que razão, comecei a escrever um artigo que dizia que, ao contrário do que diz o conselho popular, o governo estava plantando limoeiros com os limões que apareciam e deixando-nos sedentos por sucos.
Bem, o artigo nem foi terminado e já chegou a época da colheita.
Dizem os analistas que a economia inverteu o sinal, mas isso ficou de lado nas coberturas midiáticas. Agora só se fala de Roberto Jefferson, Correios e IRB (vocês conheciam este instituto?). O chamado, pela Veja, “Homem-bomba” resolveu se detonar. Só não sabemos ainda se foi uma implosão controlada ou uma explosão que abalará tudo ao seu redor.
E a raiz de tudo isso não é nada menos que a incompetência do governo em transformar os problemas em oportunidades. Combate-se a doença simplesmente aumentando a dose de remédio (veneno?).
Quando do estouro da primeira crise do atual governo, Waldomirica, limitou-se a afastar o pivô e, imagino eu, aumentar os mimos para que congressistas deixassem estas coisas para lá. Estava plantada a primeira árvore.
E assim foi seguindo a conduta crise após crise. Prometia-se mundos e fundos. Algumas vezes se cumpria, outras não. Porém o mais importante; uma mudança sobre o modo de fazer política na nossa nação, nem pensar.
Agora temos o pior cenário possível se montando na nossa frente. As massas indignadas, um governo com culpa no cartório (ao menos de omissão) e um congresso totalmente desorientado. Por menos do que isso aprendemos, naquele passado que parece tão remoto, o significado da palavra impeachment.
Agora caberá aos mestres-cucas do planalto pesquisar todas as receitas possíveis com limões, pois apenas limonadas não darão conta da oferta. Da minha parte sugiro sobremesas: tortas, pavês, sorvetes...
Bem, o artigo nem foi terminado e já chegou a época da colheita.
Dizem os analistas que a economia inverteu o sinal, mas isso ficou de lado nas coberturas midiáticas. Agora só se fala de Roberto Jefferson, Correios e IRB (vocês conheciam este instituto?). O chamado, pela Veja, “Homem-bomba” resolveu se detonar. Só não sabemos ainda se foi uma implosão controlada ou uma explosão que abalará tudo ao seu redor.
E a raiz de tudo isso não é nada menos que a incompetência do governo em transformar os problemas em oportunidades. Combate-se a doença simplesmente aumentando a dose de remédio (veneno?).
Quando do estouro da primeira crise do atual governo, Waldomirica, limitou-se a afastar o pivô e, imagino eu, aumentar os mimos para que congressistas deixassem estas coisas para lá. Estava plantada a primeira árvore.
E assim foi seguindo a conduta crise após crise. Prometia-se mundos e fundos. Algumas vezes se cumpria, outras não. Porém o mais importante; uma mudança sobre o modo de fazer política na nossa nação, nem pensar.
Agora temos o pior cenário possível se montando na nossa frente. As massas indignadas, um governo com culpa no cartório (ao menos de omissão) e um congresso totalmente desorientado. Por menos do que isso aprendemos, naquele passado que parece tão remoto, o significado da palavra impeachment.
Agora caberá aos mestres-cucas do planalto pesquisar todas as receitas possíveis com limões, pois apenas limonadas não darão conta da oferta. Da minha parte sugiro sobremesas: tortas, pavês, sorvetes...
segunda-feira, 6 de junho de 2005
E o cheque foi descontado
Sabe aquele cheque em branco que o Lula daria para o deputado, foi descontado. Pelo menos metaforicamente, como é do agrado do presidente.
A CPI que o governo estava fazendo de tudo para sufocar, está mais viva do que nunca agora. E acho que ao será fácil matá-la, seja em comissão de constituição e justiça, seja em plenário.
E parece que o homem não está com medo de jogar nada no ventilador, começando pelos nomes que, segundo a Veja, José Dirceu temia ver incriminados em uma cpi “minimamente bem feita”.
Ou o Roberto Jefferson não é tão culpado assim ou ele está jogando muito alto para ter mais aliados no processo de abafa; do tipo, se tá ligado, não tenho nada a perder mano. Será que vão pagar para ver?
Creio que não, tanto é que antes da entrevista se falava que o “murrinha” Palocci estava liberando verbas. Era o famoso pagar para não ver. E, caso queiram continuar pagando agora, o preço vai subir, e muito.
E dá-lhe troca de favores, e dá-lhe verbas e dá-lhe cargos
Parodiando a personagem Professor Raimundo: E a ética, ohhhh!!!!
A CPI que o governo estava fazendo de tudo para sufocar, está mais viva do que nunca agora. E acho que ao será fácil matá-la, seja em comissão de constituição e justiça, seja em plenário.
E parece que o homem não está com medo de jogar nada no ventilador, começando pelos nomes que, segundo a Veja, José Dirceu temia ver incriminados em uma cpi “minimamente bem feita”.
Ou o Roberto Jefferson não é tão culpado assim ou ele está jogando muito alto para ter mais aliados no processo de abafa; do tipo, se tá ligado, não tenho nada a perder mano. Será que vão pagar para ver?
Creio que não, tanto é que antes da entrevista se falava que o “murrinha” Palocci estava liberando verbas. Era o famoso pagar para não ver. E, caso queiram continuar pagando agora, o preço vai subir, e muito.
E dá-lhe troca de favores, e dá-lhe verbas e dá-lhe cargos
Parodiando a personagem Professor Raimundo: E a ética, ohhhh!!!!
quinta-feira, 2 de junho de 2005
A pátria e outras péssimas invenções
Ontem, revendo Doutor Jivago (Doctor Zhivago, 1965), fiquei matutando sobre a essa invenção moderna que tanto maus-feitos trouxe para o mundo: a pátria. Para não pensarem que estou louco, ao associar um filme que fala de amores a este tema, o pano de fundo para os romances de Jivago é a Rússia do período revolucionário do começo do século passado.
Até bem pouco tempo, a espécie humana tinha apenas as relações culturais a definir quem era quem. Assim, se eu nascesse em uma família cigana, seria cigano, não importava onde ocorresse o parto. E teria o mundo como lar, livre para me mover enquanto meus meios me permitissem.
Mas em algum ponto da idade moderna surgiram os estados-nação e com eles o patriotismo, as guerras territoriais, o colonialismo, etc, etc, etc.
Não que estas coisas tenham nascido todas juntas e que antes não ocorressem guerras, dominações e sentimentos de posse e pertencimento a certas localidades, porém os estados-nação potencializaram muito todas estas coisas. Antigas fronteiras territoriais incertas e porosas passaram a ser motivo para disputas sangrentas. Locais de nascimento passaram a dizer muito sobre o caráter das pessoas, ao menos nas visões de não compatriotas. Terras sem monarcas, ou sem os mesmos “fortes”, passaram a ser vistas como terras-de-ninguém.
Ou seja, os estados-nação, apesar de serem vistos hoje como uma coisa natural como o ar - ou a maconha, segundo alguns cantores – foram uma das muitas invenções que trouxeram o desastre ao homem como espécie.
Sem ela, seguramente não haveríamos alcançado nunca este estágio de desenvolvimento no que menos é necessário: a industria armamentista. E provavelmente não teríamos estas injustiças regionais que nos assolam neste início de milênio.
O certo é que a naturalidade deles está apenas na cabeça de alguns. Na nossa, com certeza, uma vez que a nação brasileira e a pátria brasileira foram criadas juntas, evitando a dualidade das idéias, e para nós nacionalismo e patriotismo são sinônimos perfeitos e devem ambos ser incentivados.
Mas pergunte a um tuareg do Saara, ou a um czágo morador da Moldávia, ou ainda a um txucarramãe da Amazônia qual é sua pátria. Se ele conseguir entender a questão, e utilizar o nosso conceito de pátria, provavelmente a resposta não será a esperada.
Nestes tempos de globalização que, descontando-se a tecnologia, já foi muito maior no passado, o desmonte das pátrias deveria ser o projeto mais buscado por todas as pessoas. Os votos não contra a constituição européia da França e da Holanda mostram que esta é uma idéia que ainda não foi encampada pelas maiorias.
Se algo pequeno como a constituição da Europa não consegue ser implementada, imaginem uma globalização de fato.
Até bem pouco tempo, a espécie humana tinha apenas as relações culturais a definir quem era quem. Assim, se eu nascesse em uma família cigana, seria cigano, não importava onde ocorresse o parto. E teria o mundo como lar, livre para me mover enquanto meus meios me permitissem.
Mas em algum ponto da idade moderna surgiram os estados-nação e com eles o patriotismo, as guerras territoriais, o colonialismo, etc, etc, etc.
Não que estas coisas tenham nascido todas juntas e que antes não ocorressem guerras, dominações e sentimentos de posse e pertencimento a certas localidades, porém os estados-nação potencializaram muito todas estas coisas. Antigas fronteiras territoriais incertas e porosas passaram a ser motivo para disputas sangrentas. Locais de nascimento passaram a dizer muito sobre o caráter das pessoas, ao menos nas visões de não compatriotas. Terras sem monarcas, ou sem os mesmos “fortes”, passaram a ser vistas como terras-de-ninguém.
Ou seja, os estados-nação, apesar de serem vistos hoje como uma coisa natural como o ar - ou a maconha, segundo alguns cantores – foram uma das muitas invenções que trouxeram o desastre ao homem como espécie.
Sem ela, seguramente não haveríamos alcançado nunca este estágio de desenvolvimento no que menos é necessário: a industria armamentista. E provavelmente não teríamos estas injustiças regionais que nos assolam neste início de milênio.
O certo é que a naturalidade deles está apenas na cabeça de alguns. Na nossa, com certeza, uma vez que a nação brasileira e a pátria brasileira foram criadas juntas, evitando a dualidade das idéias, e para nós nacionalismo e patriotismo são sinônimos perfeitos e devem ambos ser incentivados.
Mas pergunte a um tuareg do Saara, ou a um czágo morador da Moldávia, ou ainda a um txucarramãe da Amazônia qual é sua pátria. Se ele conseguir entender a questão, e utilizar o nosso conceito de pátria, provavelmente a resposta não será a esperada.
Nestes tempos de globalização que, descontando-se a tecnologia, já foi muito maior no passado, o desmonte das pátrias deveria ser o projeto mais buscado por todas as pessoas. Os votos não contra a constituição européia da França e da Holanda mostram que esta é uma idéia que ainda não foi encampada pelas maiorias.
Se algo pequeno como a constituição da Europa não consegue ser implementada, imaginem uma globalização de fato.
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